Inveja, estabilidade, renovação e 'joker' Pote: tudo o que disse Amorim

Inveja, estabilidade, renovação e 'joker' Pote: tudo o que disse Amorim

Treinador do Sporting fez a antevisão do jogo com o Famalicão, realçando que antevê dificuldades nesta deslocação para a 9.ª jornada da Liga

- Diomande está recuperado, St. Juste já fez alguns minutos. Já tem centrais suficientes para jogarem 90 minutos neste jogo? Sob o seu comando, o Sporting já empatou duas vezes em Famalicão. Continua a ser uma equipa difícil?

- Acho que não é só o clube, há uma junção do clube, do estádio. Vive-se muito o Famalicão naquele estádio. E depois é o treinador, é muito difícil bater as equipas do mister Evangelista. Demorámos muito tempo para vencer o Famalicão. No ano passado foi um passo importantíssimo na conquista do título. Só têm uma derrota no campeonato, são difíceis de bater e têm jogadores talentosos e acho que eles gostam destes jogos grande, porque muitos desles estão numa fase de formação onde o talento está lá e nestes jogos sentem-se muito confortáveis. Defendem bem, fazem excelentes transições. Jogam de forma diferente este ano, às vezes com um falso avançado, diferente do que acontecia com o Cádiz. Neste momento, o Aranda faz muito esse papel. Esperamos um jogo complicado. Temos alguns jogadores de volta. Centrais? Depende se estão a jogar bem ou não, poderão ser substituídos. Mas temos mais opções e isso ajuda-nos a gerir, vêm muitas competições e esta é a principal.

- Com os regressos de Pedro Gonçalves e Diomande sente-se um treinador mais descansado?

- Descansado nunca estou, isto tem acontecido de um momento para o outro. A maior parte delas [lesões] não são musculares, outras são. Nunca estamos descansados. O que nos ajuda é não sobrecarregar jogadores. É impossível sermos competitivos jogando sábado, depois temos de vir de uma viagem, jogar para a Taça da Liga. É impossível sermos competitivos sem o plantel todo. O Pote [Pedro Gonçalves] ainda vai demorar a regressar ao ritmo que estava, mas é uma excelente notícia. Precisamos muito do Edwards também, faz-nos muita falta, praticamente ainda não contamos com ele este ano e faz-nos muita falta. Nestes jogos de blocos mais baixos sentimos muito a falta dele. E depois os centrais, às vezes jogam campo inteiro homem a homem e é um desgaste muito grande. Mas que estou muito mais relaxado, é normal.

- No último jogo vimos uma imagem pouco habitual de si. Festejou um dos golos de forma muito efusiva. O que sentiu naquele momento?

- Acho que já tive mais momentos desses [risos], se calhar agora fui apanhado na câmara. Tinha noção que era um jogo importantíssimo porque temos agora dois gigantes e isso pode criar alguma desconfiança. Toda a gente olhava para o Sporting como favorito para aquele jogo e é esse o passo que temos de dar, apresentar resultados quando somos favoritos. Às vezes podemos não ganhar, mas somos mais dominadores. Foi uma junção disso tudo. Senti que o 2-0 matou um bocadinho o adversário, porque qualquer bola parada pode mudar o jogo. Senti que era um momento importante.

- Sente que a equipa tem condições para fazer história? O Sporting não é bicampeão há 70 anos e na Liga dos Campeões só chegou aos quartos de final uma vez, há já 40 anos.

- Não sei dizer. Temos essa ambição, mas não sei dizer. E depois, também, já disse que estamos preparados e num nível diferente, mas não quero aumentar a pressão. A ambição é essa, acho que temos capacidade para isso. Precisamos de sorte, competência, sorte nas lesões também. Essa é a nossa ambição. Se o vamos fazer? Vamos esperar pelo fim e não dizer agora nada sobre isso para aumentar a pressão. Queremos ganhar o campeonato, é óbvio. O esforço de toda a gente para manter o plantel foi a pensar em sermos bicampeões, há 70 anos que não acontece. E isso leva-nos novamente à Champions, podemos compensar a parte financeira. Queremos muito fazer história. Se vamos fazer? É deixar correr os jogos.

- O Pedro Gonçalves já pode ser titular? É um jogador que costuma marcar em Famalicão.

- Ele marca em quase todos os sítios [risos]. Pode começar no banco, ser titular, não pode é fazer o jogo todo. Se for titular, terá de sair em algum momento. Independentemente de precisarmos do Pedro Gonçalves lá, isso é garantido. Ele não fará o jogo todo. Ainda vou decidir se ele joga... Na verdade, já decidi [risos]. Vamos ver se ele joga de início ou entra depois no jogo. É garantido que não fará o jogo todo. Vamos ver se joga de início ou entra depois.

- No dia em que Rúben Amorim sair do Sporting coloca-se no lugar de aconselhar o presidente para encontrar o seu substituto?

- O foco está no Famalicão, mas não irei dar conselhos porque acho que tenho jeito para o meu trabalho porque é só nisso que me meto [risos]. Não penso que sou inteligente porque sei gerir tudo. Foco-me no que consigo fazer. Não sei quando vai chegar esse dia, ninguém sabe. O meu trabalho é o meu trabalho, o trabalho dos outros é o trabalho dos outros.

- Matheus Reis e Diomande estão em condições para assumirem a titularidade? Gonçalo Inácio pode ser candidato a descansar? Edwards e Quaresma são as únicas baixas?

- Sim, são as únicas baixas. Inácio não tem descansado e, na paragem das seleções, não treinou. Sofre dos dois males. Não descansa e quando parou não treinou. É um equilíbrio difícil. Tem-se sacrificado pela equipa, poderá ser um dos jogadores a sair ou não. Não vou estar a dizer. Matheus Reis está na mesma situação do Pote, não fará o jogo todo. Diomande, como é mais robusto fisicamente, poderá ir a jogo. Vamos ver. Não treinou muito, não tivemos quase treino. Mas temos de olhar individualmente e ele é um jogador bastante robusto e está recuperado.

- Em relação ao jovem Bruno Ramos, já deu o seu aval à estrutura para acionar a opção de compra? Está convocado?

- A convocatória vão saber amanhã. Em relação ao aval, ainda não estamos nessa fase. Tivemos muitos percalços na equipa principal e, depois, a vida tem algumas coisas. Ele não estava a ser muito utilizado na equipa B e resolvemos chamá-lo. Gostámos dele, as caraterísticas encaixam bem na nossa forma de jogar e é o central da equipa B com mais trabalho de equipa principal. E agora, enquanto não assegurarmos a situação dos centrais, estará connosco. Depois vamos fazer a gestão normal e no fim logo veremos. Não sei o que é que vai acontecer para o ano. Também não tenho que estar a dizer para ele não deixar de trabalhar e não relaxar. Mas estamos muito satisfeitos com ele, sim.

- Acredita que este mês vai ser um dos mais decisivos da época com jogos de quatro provas? A rotatividade que tem feito será uma mais-valia?

- A rotatividade tem de ser, já o fazíamos no passado. Quanto mais a qualidade do plantel sobe, mais temos de o fazer. Tem de haver corpos e mentes frescas. Eles são competitivos entre eles e isso aumenta a qualidade, ninguém fica desmotivado. Claro que há jogadores que têm jogado menos e outros que têm jogado quase sempre, mas a capacidade que demonstram permite-me rodar e manter toda a gente fresca, indo para os jogos a pensar vencer. Em relação ao calendário, acho que até à paragem das seleções temos jogos de três pontos, mas às vezes há fases que transmitem uma mensagem para toda a gente. Vamos ter o Famalicão, tivemos jogo da Champions fora, depois temos Taça da Liga para passar à final four, depois Estrela da Amadora, City para a Champions e SC Braga fora. Temos jogos em que, se tivermos rendimento, transmite uma mensagem para toda a gente. Diria que é um mês importantíssimo.

- Como geriu o início de época do Debast?

- Não fiz nada de extraordinário. Tentei ler o momento do jogador e da equipa. Depois entrou com a lesão do Quaresma. Acreditamos muito nele. Não houve a mínima dúvida, só lá fora, que sempre soubemos o jogador que tínhamos ali. E ele sente isso. Quando tem oportunidade, as coisas aparecem. Acho que está num excelente momento, jogou pela seleção, estava muito cansado neste jogo. Agora já todos gostam muito dele porque fintou uma pessoa e fez um passe... Para mim é igualzinho. O erro está ao virar da esquina. Nem por um momento demonstrei alguma dúvida ao Debast que não confiava nele. As coisas assim aparecem mais facilmente.

- O Famalicão tem uma das melhores defesas do campeonato. Deu indicações adicionais aos homens da frente? Gostava de ter tido mais tempo de preparação para este jogo?

- Gostamos sempre de mais tempo de preparação, mas já temos muitas horas de trabalho. Passámos muito tempo nessa parte específica. Não dão muito espaço, têm uma rotina entre ala e central muito interessante. Tivemos muita atenção a isso, no posicionamento dos médios também. Foi esse o foco de hoje, é mais fácil para nós fazermos esse trabalho. Já conhecem muito bem as posições e o que queremos. Vamos defrontar uma equipa difícil, um treinador difícil, num campo muito difícil. Mas estamos no momento em que temos de ganhar os jogos difíceis.

- Revelou que tinha um convite de renovação. Já se desbruçou sobre o assunto? Quando poderá dar uma resposta?

- Não. Estou focado no jogo com o Famalicão, não vou dizer nada, nem ter qualquer comentário. O foco está no jogo. Não vale a pena perguntarem.

- Em antevisão ao jogo com o Santa Clara, o treinador do Gil Vicente, Bruno Pinheiro, usou o Sporting como exemplo de uma equipa estável, que ia «passear-se na Liga». Sente-se invejado?

- No sentido da estabilidade que tenho, isso ninguém tem. Em Portugal, ninguém tem. E no mundo também é difícil encontrar, mas a verdade é que tenho uma estabilidade que nenhum treinador tem. No ano que ganhámos o primeiro campeonato, chegámos numa fase muito difícil e ganhámos, aí deu uma aura diferente a equipa técnica de ganhar, depois foi-nos permitido errar em muitas situações. Nesse aspecto sinto-me invejado porque é verdade. Não há nenhum treinador com esta estabilidade e com a mesma qualidade de trabalho, manter os jogadores, ter autonomia para fazer. Estou longe de decidir tudo aqui, mas sinto que sou ouvido em todas as decisões que interferem na equipa principal. Agora não vamos passear na liga. E vocês já viram que houve oscilações aqui, quando há certos jogadores de características que depois nos faltam em certos jogos. Mas acho que não há oscilação no domínio do jogo, no controlo do jogo. Há uma oscilação na qualidade, no talento, na inspiração. Isso há sempre a oscilação. Vai ser um campeonato muito difícil. Temos aqui uma sequência de jogos muito difícil. Portanto, não vamos passear no campeonato. O campeonato vai ser duro. Mas estamos aqui para vencê-lo.