Era só o que faltava a Frederico Varandas
Dizer que Frederico Varandas demorou a consolidar o Sporting e demorou a consolidar-se na presidência do Sporting foi ideia que vingou, mas de forma injusta. Sim, Varandas tomou muitas decisões más num início de mandato preocupante. Olhando à distância de seis anos, no entanto, podemos fazer as contas de outra forma: em seis anos, dois títulos de campeão nacional, títulos em todas as modalidades, o clube e a SAD de saúde financeira e estabilidade. Para quem pegou numa casa a arder pela mão incendiária do anterior presidente, um inferno que levou até a jogadores agredidos pelos próprios adeptos e a consequentes rescisões, bem pode dizer-se que a recuperação do Sporting foi muito... rápida — havia quem dissesse em 2018 que seria preciso uma década para renascer das cinzas mas em seis anos o Sporting não apenas floresceu como está num patamar em que nunca esteve pelo menos nas últimas quatro décadas.
Falamos de Rúben Amorim como grande obreiro desta nova era, mas temos naturalmente de falar de Varandas e da sua equipa como arquitetos do projeto. Faltava no entanto, ou falta ainda, uma conquista ao presidente do Sporting. E não é dentro de campo, é fora dele: falta-lhe o laço afetivo com os adeptos, que os jogadores têm, que o treinador tem ainda mais — mesmo e apesar da ligação afetiva que nunca escondeu pelo Benfica. Falta esse laço a esta administração, que assumiu a guerra com as claques mas que se afastou também, pelos menos nas suas principais figuras, das bases que sãos os núcleos do clube.
Por isso a ida de Varandas a um núcleo na tarde antes do jogo com o Famalicão pode marcar uma viragem que se saúda. Varandas mudou em muita coisa, na forma de comunicar evoluiu como se viu na entrevista à RTP, e parece agora também aproximar-se da base — a ida a Ferreiros, Amares, no sábado, mesmo que se trate de uma inauguração e não apenas de uma regular passagem para um normal convívio, acaba por ser algo de novo. Como novo foi a presença recente Salgado Zenha na festa do núcleo de Braga.
Era isto o que faltava a Varandas. Porque nesta altura já conquistou o seu espaço como… presidente mais antigo dos três grandes e já tem palavra que se ouve. Esta aproximação da atual administração parece também abrir porta a uma recandidatura às eleições de 2026. Dele, Varandas, ou de alguém próximo como Salgado Zenha, mas apenas se por alguma questão pessoal/familiar o atual presidente entender sair de cena. Não me parece.