Presidente do Sporting vai às bases, aos núcleos, como Salgado Zenha também foi recentemente. Esta administração fez o clube renascer das cinzas em tempo recorde e em 2026 há eleições… Este é o ‘Nunca Mais à Sábado’, espaço de opinião de Nuno Raposo
Dizer que Frederico Varandas demorou a consolidar o Sporting e demorou a consolidar-se na presidência do Sporting foi ideia que vingou, mas de forma injusta. Sim, Varandas tomou muitas decisões más num início de mandato preocupante. Olhando à distância de seis anos, no entanto, podemos fazer as contas de outra forma: em seis anos, dois títulos de campeão nacional, títulos em todas as modalidades, o clube e a SAD de saúde financeira e estabilidade. Para quem pegou numa casa a arder pela mão incendiária do anterior presidente, um inferno que levou até a jogadores agredidos pelos próprios adeptos e a consequentes rescisões, bem pode dizer-se que a recuperação do Sporting foi muito... rápida — havia quem dissesse em 2018 que seria preciso uma década para renascer das cinzas mas em seis anos o Sporting não apenas floresceu como está num patamar em que nunca esteve pelo menos nas últimas quatro décadas.
Em entrevista à RTP, o presidente dos leões abordou todos os temas da atualidade leonina e do futebol português. Os elogios ao treinador, a saída do diretor-desportivo para o Manchester City, o caso dos e-mails, nada ficou por responder
Falamos de Rúben Amorim como grande obreiro desta nova era, mas temos naturalmente de falar de Varandas e da sua equipa como arquitetos do projeto. Faltava no entanto, ou falta ainda, uma conquista ao presidente do Sporting. E não é dentro de campo, é fora dele: falta-lhe o laço afetivo com os adeptos, que os jogadores têm, que o treinador tem ainda mais — mesmo e apesar da ligação afetiva que nunca escondeu pelo Benfica. Falta esse laço a esta administração, que assumiu a guerra com as claques mas que se afastou também, pelos menos nas suas principais figuras, das bases que sãos os núcleos do clube.
Por isso a ida de Varandas a um núcleo na tarde antes do jogo com o Famalicão pode marcar uma viragem que se saúda. Varandas mudou em muita coisa, na forma de comunicar evoluiu como se viu na entrevista à RTP, e parece agora também aproximar-se da base — a ida a Ferreiros, Amares, no sábado, mesmo que se trate de uma inauguração e não apenas de uma regular passagem para um normal convívio, acaba por ser algo de novo. Como novo foi a presença recente Salgado Zenha na festa do núcleo de Braga.
Presidente, além de outras figuras ligadas ao universo leonino, vão estar com adeptos leoninos antes do arranque do duelo com o Famalicão na abertura de mais um núcleo verde e branco em Amares
Era isto o que faltava a Varandas. Porque nesta altura já conquistou o seu espaço como… presidente mais antigo dos três grandes e já tem palavra que se ouve. Esta aproximação da atual administração parece também abrir porta a uma recandidatura às eleições de 2026. Dele, Varandas, ou de alguém próximo como Salgado Zenha, mas apenas se por alguma questão pessoal/familiar o atual presidente entender sair de cena. Não me parece.