ENTREVISTA A BOLA «Frederico Varandas também é o meu presidente»
André Cruz, antigo central do Sporting, recorda momentos marcantes no clube, como as eleições de 2018, quando esteve ao lado de João Benedito e perdeu por pouco; pretende regressar em breve a Alvalade
— Começo por convidá-lo a explicar-nos o que tem feito e se está de alguma forma ligado ao futebol.
— Neste momento, sou o secretário de Desenvolvimento Económico de Santa Bárbara D'Oeste, que é a minha cidade. Estou a 40 quilómetros de Campinas, a 140 quilómetros de São Paulo, é uma cidade de 200 mil habitantes. Fica o convite, se houver alguma empresa portuguesa que queira vir para o Brasil, tem aqui uma cidade onde pode investir. Sou o secretário do desenvolvimento económico, depois há o secretário do Desporto, das Obras Públicas, da Saúde, etc… Não sei bem como funciona em Portugal, mas estamos abaixo do prefeito, depois temos as secretarias, que pertencem ao Governo, junto com essas secretarias temos a câmara municipal, hoje em dia é a minha atividade principal.
— E futebol?...
— Mas continuo também ligado ao futebol, sou parceiro de uma empresa próxima de Santa Bárbara, tenho percentagens de passes de vários atletas juntamente com essa empresa que administra carreira de jogadores de futebol. Continuo dentro do futebol, sou procurado por muita gente, já tive convites para ser diretor executivo ou diretor técnico de algumas equipas, mas, neste momento, não pode ser. Até por causa do meu filho, tem 10 anos e acabo dando treino para ele, sigo bastante o meu filho. E prefiro ficar mais tempo em casa acompanhando o meu filho do que estar no futebol, porque se estiver dentro do futebol acabo por ficar demasiado ligado. Gostoso é jogar futebol.
— Entre os jogadores que representa, há alguém que tenha trazido para Portugal ou que esteja a pensar trazer para o futebol português?
— Não. Eu gostaria muito de ir a Portugal e à Bélgica e passar lá 20 dias. 10 dias em Portugal, ou talvez um pouco mais em Portugal. Vou ver se consigo, mas penso que vai ser difícil, por causa de alguns compromissos que eu tenho aqui na cidade com o prefeito, até porque nesse ano teremos eleições para prefeito, esse ano está complicado. A minha vontade é poder conversar com os clubes, visitar obviamente o Sporting, mas também outros clubes para poder eventualmente propor alguns atletas.
— Imagino que o seu coração continue a ser verde e branco.
— Com certeza, com certeza, creio que o Sporting foi, de entre as equipas que tive na carreira, aquela em que mais ganhei. Deu-me muitas alegrias, apesar do pouco tempo em que estive no clube. Acabei por tomar a decisão de não renovar o meu contrato, porque a minha vontade de voltar a Itália era muito grande, até porque tinha algumas propostas. Infelizmente, isso acabou por não acontecer e as coisas ficaram muito difíceis. Ficou difícil tentar uma renovação com o Sporting, os campeonatos já tinham começado, o Sporting já tinha a sua equipa formada e então ficou muito complicado, mas, enfim, o coração ainda é verde e branco.
— Esteve, em 2018, envolvido numa corrida eleitoral do Sporting, ao lado de Peter Schmeichel e acompanhando a candidatura de João Benedito. Perderam por pouco, esteve perto de voltar ao Sporting integrando uma Direção.
— Foi o único convite que eu aceitei para voltar ao futebol e ser diretor. O desafio era muito grande, mas para mim seria um prazer e uma grande honra poder voltar a trabalhar num clube como o Sporting, uma equipa muito grande. Poder realizar um trabalho ‘bacana’ dentro do clube e, porque não, ser campeão novamente, dessa vez com um novo cargo, como diretor. Infelizmente isso não aconteceu, mas continuo sendo ainda adepto. O Sporting tem um presidente, Frederico Varandas, que é também o meu presidente, e tenho ainda um amigo que é diretor, o Hugo Viana. Enfim, coração continua a ser verde e branco.
— Tem saudades do Sporting e do tempo que passou em Portugal?
— Quero mandar um abraço para todos. Dizer a todos os sportinguistas que estou com muitas saudades —, aliás, aqui é para todos os portugueses, pois estou com muitas saudades de Portugal. Há muitos anos que eu não vou a Portugal e espero poder fazer visita a Portugal ainda este ano, se possível com a minha família, com a minha mulher, que já conhece, mas também com a minha filha de 12 anos e o meu filho de 10 anos, estão muito curiosos para saber como é a vida em Portugal e espero poder fazer essa visita.