50.º aniversário de Sérgio Conceição O perfecionista do treino e mestre da tática

Treinador, que hoje completa meio século, é o mais titulado do FC Porto e está à espera de um projeto aliciante para prosseguir carreira. Saída do Dragão não foi pacífica e levou-o a repensar o futuro. Poderá estar em perspetiva um ano sabático

Sérgio Conceição está hoje de parabéns. Completa 50 anos, meio século de vida, na sua maioria com ligação ao futebol, ao desporto e aos títulos. «Não vim para aprender, vim para ensinar». Foi com esta frase que se celebrizou a apresentação oficial de Sérgio Conceição, então no dia 8 de junho de 2017, quando aceitou o repto de Pinto da Costa para assumir uma equipa que já não vencia títulos há muito tempo e, apesar dos graves problemas financeiros por que o clube já atravessava, fez-se ao terreno e resgatou alguns jogadores que se encontravam emprestados como Aboubakar, Marega e Ricardo Pereira, conseguindo nessa época quebrar a hegemonia do Benfica e evitar que o rival da Luz conseguisse feito único que só os azuis e brancos têm no futebol português: o inédito pentacampeonato.

Daí para cá foi história, com 11 títulos conquistados, de um treinador que teve enorme mérito no trajeto que fez ao serviço do clube do coração. Quem conhece Sérgio Conceição no terreno fala de um treinador perfecionista, chato, atento ao mais ínfimo pormenor, que não dá descanso aos jogadores, levando-os aos limites das suas capacidades. Essa exigência máximo que coloca sempre no que faz deu enormes resultados no FC Porto, com campeonatos, Taças, Supertaças e uma Taça da Liga, além de excelentes performances alcançadas no contexto europeu, superando mesmo colossos europeus na Champions.

De feitio difícil, como o próprio reconhece, Sérgio Conceição tem um sem número de valências no plano de treino, mas também na forma como estudava os adversários e coloca em prática táticas capazes de neutralizar adversários de maior nomeada. Foi assim que muitas vezes neutralizou opositores mais qualificados nas provas europeias, conseguindo espantar o Mundo, sobretudo contra equipas italianas, casos da Roma, Juventus e até o Milan.

Meio século de resiliência

A vida nunca foi fácil para Sérgio Conceição, que muito cedo se viu privado do amor dos pais, que partiram muito cedo, deixando-o amargurado para toda a vida. Foi na adversidade que se tornou uma força da natureza, primeiro como jogador e mais tarde como treinador, impondo-se com uma personalidade muito vincada e forte, capaz de mover montanhas na defesa dos interesses do coletivo.

A imagem que muitas vezes deixou no banco do FC Porto foi de uma enorme irreverência, com a famosa azia e um mau perder, mas as qualidades do grande treinador são intrínsecas e isso nunca retira a Sérgio Conceição. Aliás, mesmo odiado no passado por benfiquistas, muitos queriam que fosse ele o sucessor de Roger Schmidt no comando técnico das águias, sinal de reconhecimento do trabalho desenvolvido no rival azul e branco.

A completar meio século, Sérgio Conceição continua a amar o futebol, mas o seu maior encanto é a família, a esposa Liliana, os filhos Sérgio, Rodrigo, Moisés, Francisco e o pequeno José. É nessa que canaliza toda a sua energia e busca conforto quando as coisas não correm da melhor forma na sua vida profissional.

Deixou o Dragão com um legado impressionante, continua diariamente a fazer as suas corridas diárias na ordem dos 20 quilómetros, tem visto muitos jogos pela televisão, está numa fase de meditação sobre o futuro e tem recusado convites para voltar ao futebol. Aguarda por um projeto ambicioso, que se coadune com a sua visão de conquistador, um clube de Champions. Em perspetiva estará mesmo um ano sabático para reflexão. Tem a sua equipa técnica montada e a qualquer momento pronto para voltar a sentir o cheio da relva e do balneário.

Uma coisa é certa: a equipa que o escolher tem algo garantido. Competência, exigência e seguramente títulos à vista. Por muito que se ouse contestar algo do passado, estamos perante um dos melhores técnicos portugueses de sempre. Os parabéns de A BOLA, Sérgio Conceição.