Dortmund-Real Madrid: Irreverência contra experiência no maior de todos os palcos
Cachecóis à venda junto a Wembley, palco da final da Liga dos Campeões. Foto: IMAGO / ZUMA Press Wire

LIGA DOS CAMPEÕES Dortmund-Real Madrid: Irreverência contra experiência no maior de todos os palcos

Conjuntos enfrentam-se pela 15.ª vez em competições europeias; Alemães querem vencer a prova pela segunda vez, 'merengues' já o conseguiram em 14 ocasiões; Última final da competição neste formato

Wembley prepara-se para receber, esta noite, a final da mais bela e prestigiada competição europeia de clubes – a última neste formato. Dortmund e Real Madrid quererão ambos afirmar-se como a equipa que pôs as mãos nas abas do troféu pela última vez como o conhecemos.

De um lado, um solo de guitarra a preto e amarelo; do outro, uma sonata em tons brancos; no final da noite, apenas uma composição e um estilo prevalecerá.

Wembley Stadium, o palco desta noite. Foto: IMAGO / NurPhoto

Real Madrid

A por la decimoquinta! Real Madrid vai pisar o relvado de Wembley como visitante, mas nem por isso baterá à porta para pedir licença antes de entrar. Implacável, o clube com mais história na história da Liga dos Campeões quer despedir-se da competição nos moldes em que a conhecemos com mais uma vitória e um troféu para o museu.

Real Madrid e Liga dos Campeões rimam, e ainda que a poesia seja por vezes mentirosa, o romance entre as duas instituições leva anos em construção. São catorze títulos para os merengues, recorde na competição que não parece em perigo de vir a ser batido num futuro próximo. O gigante espanhol é o clube que mais vezes flirtou com a final da prova milionária este século: são sete presenças (incluindo a desta noite) e seis vitórias no jogo decisivo do título internacional de clubes mais cobiçado da Europa.

Plantel do Real Madrid treina em Wembley na véspera da final. Foto: IMAGO / NurPhoto

Em caso de vitória, será a terceira vez que o Real Madrid levará a melhor frente a uma equipa alemã esta temporada, tendo eliminado o Leipzig nos oitavos (2-1) e o Bayern (4-3) nas meias. Não menos importante, entregará a desejada 15.ª Liga dos Campeões aos adeptos como revestirá a prova com um curioso simbolismo: os blancos foram o primeiro clube a vencer a competição em 1955/56 e poderão ser o último a conquistar a prova no formato atual, antes de este (voltar a) mudar.

'Auf Wiedersehen', Kroos

Toni Kroos, que surpreendeu o mundo do futebol ao anunciar que terminará a carreira após o Euro 2024, joga hoje a sua última partida por clubes e pelo gigante espanhol, e que bonita será a sua despedida caso o Real ganhe e arrebate mais um título de campeão europeu. Em caso de vitória esta noite, Kroos somará o sexto troféu da Liga dos Campeões ao seu currículo (um pelo Bayern e quatro pelo Real), igualando Gento, ex-avançado dos merengues nas décadas de 1950 e 1960 — além de Kroos, também Modric, Carvajal e Nacho podem chegar aos seis títulos, todos ao serviço do Real.

Se conquistar o Euro com a Alemanha, sagrando-se campeão europeu por clubes e seleções no mesmo ano, o mágico de 34 anos despede-se do futebol com uma proeza alcançada pela última vez por Pepe e Cristiano Ronaldo na época 2015/2016 (o Euro 2020 realizou-se em 2021 devido à pandemia; Jorginho venceu a Liga dos Campeões com o Chelsea e o Euro com a Itália nesse ano, mas, em bom rigor, o Bayern foi o vencedor da Liga dos Campeões em 2020, o ano que equivalia ao Euro).

Por seu turno, Don Carlo pode aumentar o seu recorde: o treinador italiano é recordista em presenças (cinco) e vitórias (quatro, uma pelo Milan e três pelos merengues) em finais da competição, tendo hoje a possibilidade de estender o seu registo e cimentar ainda mais o seu nome na história da prova de clubes mais importante da Europa. Uma década após levantar a sua primeira Liga dos Campeões ao serviço do Real Madrid, o treinador italiano garante: «Ainda me sinto jovem. Aprendi muito nos últimos dez anos. Esta geração é capaz de fazer grandes coisas... e ainda tem jogadores que estavam lá há dez anos. É incrível, se pensarmos nisso.»

Onze provável: Courtois; Dani Carvajal, Éder Militão, Antonio Rudiger, Ferland Mendy; Valverde, Toni Kroos, Camavinga; Jude Bellinham; Vinícius Júnior, Rodrygo.

O que disse o treinador, Carlo Ancelotti: «Tivemos tempo para nos prepararmos para o jogo e vejo que o balneário está concentrado, mentalizado e confiante para enfrentar o jogo mais importante da época. Temos muito respeito pelo nosso adversário e esperamos que tudo corra bem.»

Ancelotti prepara-se para disputar a sua sexta final da Liga dos Campeões. Foto: IMAGO/Insidefoto

Dortmund

Com menos tradição na prova, mas igual ambição, o Dortmund vai tentar surpreender o mundo do futebol e provar que não chegou à final por mero acaso. Os pretos e amarelos contam apenas com um troféu da competição no palmarés (1997, com Paulo Sousa na equipa) e jogaram uma final da Liga dos Campeões pela última vez em 2012/2013, tendo saído derrotados pelo Bayern. Marco Reus e Hummels são os sobreviventes da equipa que marcou presença nesse encontro e vão tentar liderar o conjunto alemão à vitória que fugiu em… Wembley.

O clube alemão superou o Atlético Madrid e o PSG para tirar bilhete para o jogo final da prova milionária e, apesar do quinto lugar na Bundesliga, procurará dar continuidade ao bom momento que vive na Europa frente ao Real Madrid.

Marco Reus despede-se do Dortmund este sábado. Foto: IMAGO / Revierfoto

'Dankeschon', Reus

Não se vai despedir dos relvados em definitivo, mas diz adeus ao clube que o viu crescer no futebol. Marco Reus anunciou que vai abandonar o Dortmund no final da temporada, após 12 anos no clube, sendo a final da Liga dos Campeões o seu último jogo pela equipa alemã.

O médio criativo, que venceu o Mundial pela Alemanha ao lado de Kroos, tem a oportunidade de se despedir do clube com o título que lhe escapou por entre os dedos na sua primeira temporada ao serviço da formação preta e amarela. Um final feliz para o criativo cuja carreira foi assolada com lesões, uma despedida que (quase) qualquer adepto de futebol apreciaria.

Na antevisão, Julian Brandt, médio da equipa, mostrou-se entusiasmado em enfrentar o Real Madrid: «Trata-se também de aproveitar o momento e o jogo, de absorver tudo. Estamos a jogar num dos estádios mais bonitos do mundo contra um dos melhores adversários do mundo. Não há nada melhor do que isso.»

Na antevisão, Brandt, avançado da equipa, mostrou-se entusiasmado em enfrentar o Real Madrid: «Trata-se também de aproveitar o momento e o jogo, de absorver tudo. Estamos a jogar num dos estádios mais bonitos do mundo contra um dos melhores adversários do mundo. Não há nada melhor do que isso.»

Onze provável: Kobel; Ryerson, Hummels, Schlotterbeck, Ian Maatsen; Emre Can, Sabitzer; Jadon Sancho, Julian Brandt, Adeyemi; Fullkrug.

O que disse o treinador, Terzic: «O Real Madrid é a equipa com mais sucesso na Champions e só perderam dois jogos esta temporada. É possível jogar 10 vezes contra o Real e perder sempre. Nós só temos um jogo para ganhar e, para isso, precisamos de estar muito concentrados.»