A elite também bate no fundo

OPINIÃO08.11.202411:59

Há uma nova geração de treinadores a mostrar-se à Europa, desde logo com Rúben Amorim à cabeça, mas também com Nuri Sahin, Nenad Bjelic ou Eric Roy…

Ainda não consegui vislumbrar com exatidão os reais motivos para tamanhos desastres, mas o certo é que o novo formato de Champions está a provocar muitas vítimas entre os tubarões que, por esta altura, terminada a 4.ª jornada da versão antiga, já estariam com a qualificação para os oitavos garantida, por conta dos 10 ou 12 pontos somados.

Agora, não. Dos 36 emblemas em competição nesta original fase de liga, só o Liverpool tem 12 pontos e, com 10, surgem três underdogs (Sporting, Mónaco e Brest) e o Inter. A estes, ainda sem derrotas, junta-se somente uma equipa, a Atalanta. De resto, já todos perderam pelo menos uma vez e, nesta última semana, alguns deles com estrondo.

Sim, se há lição que esta nova Liga dos Campeões nos está a dar é que a elite também cai, também bate no fundo. Três desses casos foram gritantes: Pep Guardiola, cujo Manchester City saiu goleado de Alvalade (4-1); Carlo Ancelotti que, depois de já ter sido derrotado pelo Lille (0-1), viu o seu Real Madrid perder em casa com o Milan (1-3), de Paulo Fonseca e Rafael Leão; e Xabi Alonso, supercampeão da Alemanha com o Leverkusen e que, terça-feira, saiu de Liverpool derrotado por 0-4.

No lado oposto à queda destes colossos encontramos a ascensão de nomes novos, cada vez mais de boca em boca na Europa do futebol, desde logo com Rúben Amorim à cabeça, mas também com Nuri Sahin, técnico de 36 anos do Dortmund, 7.º na Champions; Nenad Bjelica, que assumiu o Dínamo Zagreb após o 2-9 com o Bayern e não voltou a perder (2V e 1E); e sobretudo Éric Roy, do Brest, e Adi Hutter, do Mónaco, ambos com os mesmos 10 pontos do Sporting.

Mais: se esta fase tivesse terminado nesta 4.ª ronda, o PSG, de Luis Enrique (outro representante da elite de treinadores europeus) estaria fora de competição e gigantes como Manchester City, Real Madrid, Bayern, Milan, Juventus, Atlético Madrid, Arsenal ou Leverkusen (e também o Benfica) teriam de disputar o play-off, se calhar uns contra os outros, por um lugar nos oitavos de final, sabendo-se que alguns ficariam já pelo caminho.

Não que, no modelo anterior, situações desta não ocorressem aqui e ali, mas o que está a acontecer nesta espécie de Superliga europeia é absolutamente inesperado, sendo também verdade que não é só na Europa que algumas destas equipas estão em crise: o Real Madrid vem de duas derrotas pesadas (0-4 com Barcelona e a já mencionada com o Milan); o Leverkusen anda longe da dinâmica da última época e, por exemplo, é 4.º na Bundesliga, já a sete pontos do Bayern, tendo vencido apenas quatro dos nove jogos já disputados; e o Manchester City atravessa série de três desaires consecutivos (!), com Tottenham (1-2), Bournemouth (1-2) e Sporting (1-4).

«É frustrante. Em sete anos e meio, não me lembro de esta equipa do Manchester City ter perdido três jogos seguidos», atirou Bernardo Silva após a desilusão de Alvalade. Não se enganou por muito o internacional português. Contas feitas, não acontecia há seis épocas – a última série de três desaires consecutivos sucedera em 2017/2018, já com Pep Guardiola no comando, em dois duelos dos quartos de final da Champions com o Liverpool de Jurgen Klopp (0-3 e 1-2) e, pelo meio, com o Manchester United, de José Mourinho (2-3).

Agora, foram Ange Postecoglu (Tottenham), Andoni Iraola (Bournemouth) e Rúben Amorim, no seu último jogo em Alvalade pelo Sporting.