Famalicão: «Golo ao FC Porto foi o mais importante da minha carreira»
Mais de 30 anos depois de ter marcado ao FC Porto, José Vieira continua na história do Famalicão. (Foto: D. R.)

Famalicão: «Golo ao FC Porto foi o mais importante da minha carreira»

NACIONAL10.04.202420:38

A BOLA falou com o herói da única vitória dos minhotos no reduto dos dragões em jogos a contar para o principal escalão do futebol português; José Vieira recorda o momento mais de 30 anos depois; a premonição de José Romão e a cabeçada certeira; deseja que o recorde seja batido e aposta em Cádiz para a 'sucessão'

O dia 7 de março de 1993 continua gravado a letras de ouro na história do Famalicão. Afinal, foi nessa data que o emblema minhoto conquistou a única vitória no reduto do FC Porto em jogos a contar para o principal escalão do futebol português.

Corria a jornada 23 quando os famalicenses se deslocaram ao antigo Estádio das Antas para defrontarem um dragão orientado pelo brasileiro Carlos Alberto Silva, numa equipa onde pontificavam craques como Vítor Baía, João Pinto, Fernando Couto, Jorge Costa, Aloísio, Paulinho Santos, Timofte, Emil Kostadinov, Domingos, entre outros. Os azuis e brancos tinham um plantel de luxo e nessa época (1992/1993) sagraram-se campeões nacionais, repetindo o feito da temporada anterior.

Mas nem a constelação de estrelas dos dragões assustou o Famalicão. O emblema de Vila Nova soube aguentar o ascendente contrário e, numa bola parada, chegou ao golo da vitória. José Vieira, a cerca de meia hora do final da partida, apontou o tento que garantiu o triunfo aos minhotos.

Vieira representou o Famalicão durante quatro temporadas. (Foto: D. R.)

Um triunfo que, à data, já era histórico, uma vez que o Famalicão nunca tinha ganho ao FC Porto na condição de visitante em duelos do escalão máximo, e que, ainda hoje, continua a ser... histórico: não mais a façanha se repetiu. O FC Porto já recebeu o Famalicão por 10 vezes na elite nacional e regista sete vitórias dois empates e apenas uma derrota. Precisamente a de 92/93.

A BOLA quis recordar este jogo mítico e esteve à conversa com o herói daquela partida inesquecível para todos os adeptos famalicenses. José Vieira foi o autor do único golo e, mais de três décadas depois, recorda-se do momento como se fosse... hoje: «Como seria possível esquecer? Foi um canto do Lila, o Barnjak cabeceou ao primeiro poste e eu, junto à marca de penálti, também de cabeça, fiz o golo. Nem o Vítor Baía, que era o Vítor Baía, conseguiu defender.»

A memória está de tal forma fresca que o antigo defesa-central do Famalicão até se recorda da contestação dos adversários. «É verdade, os jogadores do FC Porto reclamaram com o árbitro, ficaram a pedir falta, mas a verdade é que cabeceei sozinho e não houve qualquer irregularidade», nota, sorridente.

Antigo defesa-central chegou a capitanear os famalicenses. (Foto: D. R.)

Mas se José Vieira fez o gosto... à cabeça, houve alguém que já tinha tido essa premonição: «Quando estava para entrar - para o lugar do Celestino, que saiu lesionado -, o mister José Romão disse-me que ia marcar o golo da vitória. Recordou-me que umas jornadas antes tinha mandado uma bola à barra no Estádio da Luz, no jogo com o Benfica, e que naquela partida iria faturar ao FC Porto. Dito e feito [risos].»

E o que significou, afinal, aquele momento para o antigo jogador da formação minhota? «Algo que eu nunca mais vou esquecer. Marcar o golo da vitória em pleno Estádio das Antas foi uma sensação incrível. Além disso, e não menos importante, contribuí para o triunfo do Famalicão. O coletivo está sempre acima de qualquer individualidade», reforça Vieira.

Pese embora o seu nome esteja, até aos dias de hoje, no livro de glórias do emblema de Vila Nova, o antigo defesa-central está desejoso que outra página seja escrita: «Os recordes são para ser batidos. Claro que é um motivo de orgulho ter sido o autor desse feito, mas já lá vão muitos anos e espero que outro jogador do Famalicão possa quebrar essa marca.»

Perante este desejo assumido, A BOLA lançou o desafio a Vieira: que jogador do atual plantel gostaria de ver a vestir a capa de herói? A resposta foi pronta: «Jhonder Cádiz. Tem estado em grande forma, é o goleador da equipa, e tem todas as condições para poder faturar e oferecer a vitória.» A segunda hipótese que sugeriu foi Riccieli, talvez por tratar-se também de um defesa-central, posição ocupada por Vieira durante a sua carreira, mas logo dissemos que o brasileiro irá cumprir um jogo de suspensão e, como tal, não poderá dar o seu contributo aos minhotos no duelo com o FC Porto.

Confesso adepto do Aves, clube do seu coração, Vieira não esconde que tem, também, uma paixão muito grande pelo Famalicão. Afinal, o antigo jogador representou o emblema de Vila Nova durante quatro temporadas (de 91 a 95), sendo que, alguns anos mais tarde, foi também treinador do conjunto famalicense, orientando a equipa na época 2013/2014, então no antigo Campeonato Nacional de Seniores. Seja no Estádio do Dragão ou noutro sítio qualquer, o certo é que o Famalicão terá, no próximo sábado, mais um fervoroso adepto a torcer pelo conjunto liderado por Armando Evangelista.