Façam lá o luto, João, que sábado já há jogo!

Treinador do Sporting diz que quase não há tempo para chorar esta goleada, porque vem aí o Santa Clara para o campeonato. Verdade. Tal como é verdade que resultado foi um colapso. Talvez inesperado, mas colapso!

Pum, catrapum: 0-3 ao intervalo, 1-5 final. Através de exibição excecional, como o próprio Mikel Arteta, treinador do Arsenal, considerou, os gunners cilindraram o Sporting, ultrapassaram-no na fase de liga da Champions, mas, mesmo assim, os leões mantêm-se em lugar de passagem direta aos oitavos de final. O que fica na retina, porém, não é a perda de três pontos. É, sim, a goleada sofrida três semanas depois da goleada do City.

João Pereira diz que agora é preciso fazer o luto, mas que há pouco tempo para o fazer de forma correta, porque o jogo com o Santa Clara (4.º classificado da Liga, à frente do SC Braga) é já no sábado. Será nestes quatro dias até ao encontro com a equipa açoriana que João Pereira, naturalmente ainda a absorver tudo sobre a equipa principal, vai ter de reconquistar os sportinguistas: bom discurso e, sobretudo, vitória clara sobre o próximo adversário.

O luto tem várias fases, mas, em resumo, é importante analisar o que correu mal e projetar o que pode correr melhor a partir de agora. Sendo que, como se sabe, Ruben Amorim, então ainda um treinador imberbe, também foi goleado em Alvalade para as provas europeias. E não por um poderoso inglês, como ontem, antes por um quase desconhecido LASK Linz, treinado por um não menos desconhecido Valérien Ismaël: 4-1!

Algumas das vitórias históricas do Sporting na Europa até tinham sido frente a equipas inglesas: 5-0 ao Manchester United em março de 1964, durante a caminhada para a vitória na Taça das Taças; primeira equipa portuguesa a vencer em Inglaterra, em outubro de 1981, batendo o Southampton por 4-2 na Taça UEFA; em março de 2012, através do famoso calcanhar do brasileiro Xandão, triunfo sobre o Manchester City por 1-0, na Liga Europa; por fim, o recente e estrondoso 4-1 ao Manchester City.

Além disso, há ano e meio, a 9 e 16 de março de 2023, dois empates com o Arsenal, então líder da Premier League, com 2-2 em casa e 1-1 fora, afastando os gunners dos da Liga Europa através do desempate por grande penalidades (5-3).

Mas três semanas depois do estrondoso 4-1 ao City (que continua a penar, agora passando de 3-0 para 3-3 frente ao Feyenoord e em casa), ninguém esperaria um colapso desta dimensão. O Sporting já eliminara o Arsenal, mas nunca lhe ganhara: seis jogos, duas derrotas, quatro empates e 3-7 em golos. Não era muito animador, apesar de tudo. E confirmou-se: 0-3 ao intervalo e 1-5 final não deixa margem para dúvidas: foi um colapso, sim. Talvez inesperado, mas colapso.

O Sporting já tivera, claro, derrotas marcantes com ingleses: 1-4 em casa do Man. United em fevereiro de 1964, na Taça das Taças; 0-3 com o Arsenal, em Londres, em novembro de 1969, para a Taça UEFA; 0-5, em Lisboa, em fevereiro de 2022, com o Man. City.