Villas-Boas e os limites da diplomacia

OPINIÃO07:00

Quando a única linguagem que certos 'adeptos' utilizam é a da violência pura e dura, não há que dar troco. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

Pode ser problema meu, mas confesso que não descortino lógica na decisão de Villas-Boas de ir falar com um grupo de arruaceiros depois de o autocarro do FC Porto ser atingindo por um petardo, no regresso ao Dragão após penosa derrota contra o Moreirense. Gabo-lhe a coragem, mas há uma fronteira que separa a revolta da violência.

Na forma, a revolta de um portista que se sente frustrado com três derrotas seguidas é compreensível. No conteúdo, duvido que aqueles personagens tenham legitimidade para serem porta-vozes da maioria dos adeptos, sabendo-se os privilégios que perderam com a mudança de administração.

Não se confundam as coisas: estive em Moreira de Cónegos e testemunhei o extraordinário apoio dos Super Dragões à equipa. Até ao 2-1. Os lenços brancos agitados nas bancadas magoam o ego do treinador e os insultos chocam a sensibilidade dos jogadores, dos mais novos e não só. O tribunal popular, quando se pronuncia, nunca o faz de forma simpática. Por muito duro que seja, não se esperam beijos lançados ao ar em tempos de crise.

Todos os futebolistas de um clube grande devem estar preparados para lidar com a pressão e a crítica, mas atos criminosos que coloquem em risco a integridade física de jogadores e staff são absolutamente inaceitáveis. Não pode haver espaço para diplomacia em situações como estas. Se é para falar, que se fale para todo o universo portista, com respeito e consciência de que, do outro lado, estão pessoas com famílias, que merecem o mínimo de dignidade, mesmo nos momentos mais difíceis.