Eustáquio: «Nem tive tempo de chorar a minha mãe»
Eustáquio com Messi e Di María em fundo (Imago)

Eustáquio: «Nem tive tempo de chorar a minha mãe»

NACIONAL26.06.202413:40

Documentário comovente do canal canadiano TSN no Porto, antes do falecimento do pai do jogador, aborda os desafios, muitos deles duros, que o portista teve de superar

O canal de televisão canadiano TSN publicou no YouTube.com uma reportagem sobre Stephen Eustáquio filmada em Portugal, este ano, pouco depois de o médio portista ter sido pai da pequena Benedita, que nasceu a 8 de abril passado. A reportagem foi para o ar antes da morte do pai, Armando Eustáquio, aos 56 anos de idade, em maio, e foca-se muito no papel da mãe, que morreu vítima de doença prolongada a 15 de abril de 2023, quando o portista estava em campo num FC Porto-Santa Clara.

«Os meus pais estiveram 10 anos no Canadá e foi onde nasci, mas quiseram voltar [a Portugal] e é onde estou desde então», recordou. Foi em 2003 que a família voltou à pátria e a matriarca foi sempre um apoio próximo de Eustáquio. «A minha mãe estava sempre a ver os treinos, era ela que nos levava, a mim e ao meu irmão [Mauro Eustáquio, que também participa no documentário], aos treinos. Em termos de decisões, a minha mãe era quem estava sempre comigo», situa.

Depois veio uma passagem difícil pelo Cruz Azul, do México, onde sofreu uma rotura no ligamento cruzado do joelho esquerdo no segundo jogo pela equipa na altura orientada por Pedro Caixinha. «Senti que a perna partiu em dois sítios, a minha mãe chorava porque viu o lance», conta. Após a recuperação total foi convidado para se juntar à seleção do Canadá, ele que já tinha sido internacional sub-21 por Portugal: «Senti que os sete anos em que vivi no Canadá foram bons e a única forma de retribuir seria através do futebol. E é um sentimento muito especial.»

A mãe planeava ver o filho jogar pelo Canadá no Mundial do Catar. Esse desejo nunca se concretizou. «Soube que ela estava doente em agosto de 2022. Tentámos fazer tudo, ela queria muito ir ao Mundial do Catar. Não viu nenhum jogo meu pelo Canadá porque ia fazê-lo no Catar, mas nunca aconteceu. Nem tive tempo de chorar a minha mãe. Houve uma certa altura em que eu falava com ela e ela não me respondia», conta, em lágrimas.

Em abril deste veio ao mundo a Benedita, filha de Eustáquio: «Era algo que eu e a minha namorada queríamos. É o ciclo da vida, muita gente vê a minha mãe na minha filha. Eu vejo. A minha mãe era uma pessoa especial, quem a via, via-me a mim, eu era o espelho dela. Era a melhor mãe do mundo.»

Atualmente ao serviço do Canadá, Eustáquio foi dos melhores em campo no histórico triunfo da sua seleção sobre o Peru, por 1-0, na Copa América, jogo que terminou na madrugada desta quarta-feira.