Duarte Gomes analisa arbitragem do Lusitânia-Benfica
Especialista A BOLA considera ter existido «excelente trabalho» mesmo sem recurso à videoarbitragem
Ricardo Baixinho, da AF Lisboa, viajou até a Angra do Heroísmo, nos Açores, para dirigir o Lusitânia-Benfica, a contar para a terceira ronda da Taça de Portugal, época 2022/23. Convém recordar que nesta eliminatória ainda não há apoio da tecnologia, devido ao facto de existirem muitos jogos. O argumento é compreensível, mas a este nível (com equipas do futebol profissional em ação) seria importante que a ferramenta estivesse disponível como auxílio à decisão.
Mesmo que sem esse recurso, a equipa de arbitragem esteve em excelente plano, numa partida disputada num relvado muito escorregadio, que foi-se degradando ao longo dos minutos. Soube discernir sempre entradas legais das ilegais, decidindo corretamente vários lances com impacto direto no resultado final. Muito bem.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
1' Cruzamento de David Semedo desviado pelo pé esquerdo de Morato. A bola seguiu depois na direção de Samuel Soares, que a agarrou. Fez bem. O central encarnado cortou a bola, ou seja, não efetuou atrasado deliberado na direção do seu guarda-redes.
28' Falta de Arthur Cabral (mão no peito de Lega), com o médio adversário a cair agarrado... à cara. Infração sim, mas sem motivo para advertência.
33' Arthur escorregou na altura em que tentava dominar a bola, sendo que não cometeu infração nesse momento. A bola tocou no peito e não no braço direito do avançado, como pediram alguns defesas do Lusitânia.
36' Golo do Benfica, marcado por Rafa: esteve muito bem o árbitro assistente ao validar in loco um lance que, pela sua velocidade e dificuldade de análise, podia tê-lo induzido em erro. Diogo Careca estava a colocar em jogo o atacante encarnado quando Chiquinho fez o passe.
38' Luís Machado passou por Morato e caiu sem que o central encarnado fizesse qualquer falta. O árbitro chamou a atenção do jogador para não voltar a repetir aquele tipo de ação. O jogador açoriano ficou perto, muito perto de ser punido por simulação.
40 Arthur sofreu falta por trás (entrada dura de Lega) e não gostou. O árbitro sinalizou a infração e acabou por admoestar verbalmente ambos os jogadores.
43' Excelente decisão de Ricardo Baixinho, em infração bem sancionada em termos técnicos e disciplinares: Aursnes, ao saltar à bola, atingiu com o braço esquerdo o rosto de Gonçalo Cabral, de forma claramente negligente. Pontapé de penálti bem assinalado e cartão amarelo bem exibido ao médio norueguês.
52' Na sequência de cruzamento de Jurasek, Arthur surgiu isolado frente a Diogo Sá, falhando o golo por pouco. Foi pedido fora de jogo, mas mais uma vez sem razão. Esteve bem o árbitro assistente ao permitir a validade do lance.
60' Rafa arrancou da esquerda, criando jogada de perigo para a sua equipa. O avançado partiu de posição regular.
72' Golo bem anulado a Gonçalo Guedes. O avançado do Benfica estava em posição legal, mas Jurasek - que cruzou da esquerda - estava ligeiramente adiantado quando João Neves lhe endossou a bola. Nova excelente decisão da equipa de arbitragem, em lance importante no jogo.
80' Peter Musa pareceu partir de posição legal (no limite, estaria em linha), em jogada anulada por indicação incorreta do árbitro assistente. O lance foi muito rápido e difícil de avaliar em campo
81' Paulo Bessa foi advertido após atingir Chiquinho com o braço, quando ambos tentavam disputar a bola. Aceita-se a interpretação de que a abordagem do jogador brasileiro foi antidesportiva.
85' Nova excelente decisão em momento relevante: Gonçalo Guedes empurrou Itto Cruz (com as duas mãos nas costas), tirando o adversário da jogada. A infração aconteceu instantes antes do atacante encarnado marcar. A forma como o defesa foi afastado do lance, a colocação do árbitro e a própria reação de concordância de Guedes reforçaram o acerto da opção técnica do árbitro lisboeta.
Nota 8: excelente trabalho sem vídeo arbitragem