Otamendi (de frente) e Di María (de costas), ambos campeões do mundo pela Argentina, celebram um golo do Benfica
Rui Águas destaca o «regresso de Di María» (em Barcelos) e a «incrível frescura do invencível Otamendi»
Foto: IMAGO

OPINIÃO DE RUI ÁGUAS Contas certas para a reta final

OPINIÃO02.04.202507:40

Visão de golo é o título da opinião semanal de Rui Águas, antigo avançado internacional português

E pronto. Contas finalmente acertadas e tudo a postos para uma reta final matematicamente a quatro mas provavelmente a dois

Conseguida uma vitória clara em Barcelos com um início convincente, com as dúvidas quanto ao resultado cedo diluídas pelo primeiro golo obtido por Aursnes. Um bem precioso para a equipa é o que tem sido o jogador norueguês, trabalhando com qualidade, elegância e o altruísmo com que normalmente oferece o palco aos seus parceiros. Este jogo deixa no ar o que a maior chegada à área de Aursnes pode eventualmente trazer.

Quando se joga com um ponta de lança, a entrada dos médios na área ganha mais sentido e importância. Na primeira oportunidade do jogo é ele o protagonista e o decisivo golo inicial é também da sua autoria.

À habitual discrição e simplicidade eficaz, junta a intervenção direta no resultado, sempre mais valorizada. Tem funcionado bem a sua parceria com Amdouni entre a direita e o meio do ataque. Araújo é o terceiro homem do mesmo lado, cumprindo a sua tarefa mas sem os argumentos ofensivos de um verdadeiro lateral. Foi, entretanto do lado oposto, que se construiu o golo inaugural, pela qualidade de passe de Carreras e pelo talento de Bruma. É a diferença de características dos seus laterais que determina a maior predominância ofensiva do Benfica pela esquerda.

Quanto ao ataque, feliz do treinador que tem ao seu dispor tanta opção e qualidade. Seis utilizados desta vez e ainda Cabral e Schjelderup de fora. Uma fartura complicada de escolher...

Destaques positivos igualmente para o regresso de Di María e para a incrível frescura do invencível Otamendi. Também Belloti a merecer marcar e o à vontade de Dahl, onde quer que jogue repete-se. Por outro lado, com a muita rodagem já adquirida, já se espera outra maturidade de António Silva. Quanto a Florentino e de acordo com as suas características, recuperar e entregar fácil deve ser a prioridade. Quanto aos seus desarmes em queda dão normalmente cartão, como foi o caso e sem necessidade, que o colocam em risco para o próximo clássico.

Agora, o que esperar de Lage para o jogo com o Farense? O onze que defrontará o Porto ou as alternativas que tão bem têm respondido?

Treinador do Benfica explica opções para o jogo com o Gil Vicente
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Importância lateral ou central

Em relação a Tomás Araújo, é no momento talvez o mais importante jogador da equipa do Benfica dado o contexto do plantel, sendo ao mesmo tempo a principal incógnita. Detém o favoritismo para a lateral direita, embora sem as valências ofensivas de um lateral normal.

Acumula simultaneamente a condição de opção principal para o centro da defesa, o seu lugar favorito, e para o qual possui mais específicas qualidades. Para que estes dois cenários estratégicos se considerem, há uma limitação física para gerir, que não tem sido simples. O último exemplo aconteceu em Barcelos, está na ordem do dia e na preocupação do staff responsável.

A preocupação com a gestão física do atleta é visível, mas a substituição forçada não foi um bom sinal. De reserva, o Benfica tem Leandro, um jovem de qualidade mas que penso ainda impreparado, e Bajrami, outro novato ainda pouco testado.

Treinador do Benfica fez a antevisão do jogo com o Farense
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Mãos atadas

Reafirmo o meu completo desacordo com o atual critério arbitral que coleciona penáltis, por toques ridículos com o braço.

Assinalar um penálti deveria corresponder, como antes, a uma falta grave que justificasse um castigo máximo.

Não está em causa nem clubes, nem quem beneficia ou sofre grande penalidade, que alimenta a discussão favorita e cansativa dos adeptos. Na Amoreira, foram só mais dois exemplos de casualidade, um para cada lado, que dão origem ao mais duro dos castigos, para os infratores (?) e respetivas equipas. Queremos jogadores ou matraquilhos de braços colados?

Mais simples não há

O Milan é um clube histórico sobre o qual também recai a atenção dos nossos adeptos. A equipa técnica é portuguesa e do plantel fazem parte Rafael Leão e João Félix, dupla de internacionais da nossa seleção, que curiosamente disputam um lugar no onze. As coisas não estão fáceis por lá e recentemente Altafini, um antigo e famoso avançado do clube, veio dar o seu contributo.

Questionado sobre o que falta a este Milan, deu resposta curiosa: «O futebol é simples: é preciso um guarda-redes que defenda, um avançado que marque golos, um defesa forte e um médio que saiba criar jogo, depois, para o resto, basta que os outros jogadores corram.» Fácil. Dava um bom mister.