SC BRAGA-MOREIRENSE, 3-1 Com arte e alguma sorte, sempre sem perder o norte (crónica)
Classe e magia da dupla Zalazar/Gabri Martínez mantêm 'guerreiros' no caminho da vitória. Cónegos deram um ar da sua graça, ainda chegaram ao 1-1, mas viram o poste (duas vezes) negar-lhes um final mais feliz
No instante em que mais acreditou, o Moreirense tanto arriscou que... se tramou. Porque foi, precisamente, aproveitando os espaços que desse risco nasceram que o SC Braga chegou ao terceiro (e fatal para os cónegos) golo, num belíssimo lance de contra-ataque criado pela nova dupla de atores principais dos bracarenses, Zalazar e Gabri Martínez (que pérola esta de 21 anos descoberta pelos minhotos!), que tanto contribuiu para assegurar nova vitória, a quarta em quatro jogos de Carvalhal, o treinador que, neste regresso à Pedreira, está a reconstruir um conjunto que, a cada jogo, parece mais forte, com mais personalidade, decerto mais perto da equipa guerreira que os adeptos tantos desejam ver. E, já agora, uma nota estatística: esta foi a 100.ª vitória de Carvalhal na Liga.
Falta-lhe ainda, ao SC Braga, alguma intensidade em determinados momentos do jogo; e, sempre que baixa a velocidade, a equipa vê-se inevitavelmente em apuros.
Porém, frente a um Moreirense de César Peixoto muito organizado, forte defensivamente, rápido no contra-ataque e que chegava a este duelo no topo da classificação por conta de duas vitórias nas primeiras duas jornadas, os arsenalistas do Minho nunca perderam o norte, nem mesmo nos momentos de maior aflição.
É verdade que, nesses instantes de maior dificuldade, tiveram os guerreiros a sempre bem-vinda sorte como aliada, mas, sublinhe-se, que, junto com a fortuna, houve trabalho e muita, muita arte. E também magia.
Desde logo quando, após 40 minutos de domínio, com lances de perigo aqui e ali (destacando-se o cabeceamento ao poste de Gabri Martínez, aos 5', o remate em arco, ao lado de Ricardo Horta, aos 12', o disparo de Zalazar, aos 29', ou o belíssimo e potente tiro em arco de Ricardo Horta para enorme defesa de Kewin, aos 37'), Gabri Martínez parou, olhou, viu a posição do guarda-redes e num remate cheio de intenção, em arco e ao ângulo, fez o 1-0, um golaço do jovem espanhol, chamado à equipa para colmatar a ausência do lesionado Bruma. A arte conseguia, por fim, derrubar o competente muro dos cónegos.
César Peixoto percebia que era hora de mudar algo. E não perdeu tempo, lançando logo ao intervalo duas peças novas na equipa, Pedro Santos e Gabrielzinho. Ao mesmo tempo, corrigiu pormenores que não estavam a resultar e... cedo viu resultados!
O Moreirense surgiu com mais garra e dinâmica e logo deixou um aviso: na primeira subida de Frimpong (48'), eis um cruzamento que, desviado pelo bracarense Arrey-Mbi, levou a bola ao poste!
E, logo depois, aos 53', a ameaça dava lugar à ação e ao golo do empate, marcado por Asue (3 golos em 3 jogos) a dois tempos, respondendo, primeiro, ao cruzamento de Ismael com um cabeceamento para defesa de Matheus, e não perdoando na recarga, com o pé direito.
Os guerreiros pareciam perdidos na batalha, mas, comandados por Zalazar e... pela sorte (o disparo sofreu resssalto e enganou o guarda-redes), reagiram rapidamente e, aos 56', chegaram ao 2-1.
O Moreirense reagia logo, não baixava os braços, arriscava. E acertava, de novo, no poste, agora num cabeceamento de Marcelo (60'). Seria, porém, no meio desse risco que se abriria o espaço para o SC Braga desenhar com régua, esquardo e nota artística o contra-ataque que resultaria no 3-1: Gabri Martínez, já depois de também acertar nos ferros (67'), fez um passe delicioso para Zalazar (quem mais?!) disparar sem contemplações para o fundo das redes. Decorria o minuto 76', estava assegurada a vitória.