Benfica: o último ato de Domingos Soares de Oliveira
Domingos Soares de Oliveira deixa a SAD do Benfica

Benfica: o último ato de Domingos Soares de Oliveira

NACIONAL27.09.202320:44

Ainda apresenta esta quinta-feira as contas da SAD encarnada; diz adeus à Luz ao fim de quase 20 anos; aceitará o convite do Al Ittihad, da Arábia Saudita

Que Domingos Soares de Oliveira está de saída da administração da SAD do Benfica já não é novidade. O co-CEO da sociedade desportiva encarnada ainda apresenta, porém, ao fim da tarde desta quinta-feira, as contas na assembleia geral de acionistas, mas se tudo correr como previsto, o mais provável é que este seja o seu último ato na gestão que assumiu, na Luz, há quase 20 anos. Está fechado o acordo que o leva a abandonar o cargo e o próximo passo deverá levá-lo à Arábia Saudita, onde assumirá funções de CEO do Al Ittihad, em Jeddah.

Domingos Soares de Oliveira, de 63 anos, casado e pai de quatro filhos, deverá, assim, esta sexta-feira (dia seguinte à apresentação das contas) deixar definitivamente o lugar de co-CEO da SAD do Benfica, para a qual entrou como administrador financeiro em março de 2004, pela mão do anterior presidente, Luís Filipe Vieira. Cumpre-se, deste modo, o que logo em março deste ano ficou estabelecido entre Domingos e o presidente Rui Costa, com quem divida, na SAD, a responsabilidade executiva e operacional da gestão desde a eleição de Rui Costa como líder do Benfica.

Acordo fechado

Fechado, como não podia deixar de ser, o acordo de rescisão com Domingos Soares de Oliveira (que dita a indemnização a receber pela saída bem antes do final do mandato, que se concluiria em outubro de 2025), seguem-se as questões formais, nomeadamente de comunicação à CMVM, antes de se concretizar a saída. Foram 19 anos e meio como responsável pela gestão e área financeira da SAD. Deverá seguir-se, agora, o lugar de CEO do Al-Ittihad, que Domingos Soares de Oliveira assumirá, tudo indica, na primeira quinzena de outubro.

Do acordo negociado prevê-se, ainda, que faça parte o tempo (três anos?) que Domingos não pode assumir cargos em clubes portugueses (ou até mesmo europeus), em particular Sporting e FC Porto, a não ser que o Benfica seja fortemente indemnizado.

Por outro lado, pelo que A BOLA apurou, Domingos Soares de Oliveira já não contaria apresentar as contas da SAD na assembleia geral desta quinta-feira, mas terá correspondido ao pedido do próprio Luís Mendes (vice-presidente eleito e também administrador), o homem que vai assumir as pastas de finanças e gestão, sem, contudo, substituir Domingos como co-CEO.

CEO será apenas Rui Costa

Como A BOLA escreveu, aliás, já este mês, com o concordância total de Luís Mendes, o lugar de CEO da SAD benfiquista passará a ser exclusivamente ocupado pelo presidente Rui Costa. Já Luís Mendes manter-se-á como administrador (com lugar na Comissão Executiva), mesmo com a responsabilidade acrescida de liderar as pastas executiva e operacional das áreas até agora sob o comando de Domingos Soares de Oliveira.

A transição dá-se, na verdade, de um modo bastante mais pacífico do que poderia supor-se quando, em março deste ano, o presidente Rui Costa e Domingos Soares de Oliveira entenderam pôr fim a uma relação profissional (a amizade, garante-se, permanecerá) iniciada, de forma mais próxima e regular, em 2008, quando o ‘maestro’ se despediu dos relvados.

A própria relação do vice-presidente e administrador Luís Mendes com Domingos Soares de Oliveira, que chegou a parecer, no início deste ano, suficientemente azeda para impossibilitar uma reconciliação, está hoje, segundo todos os dados recolhidos pelo nosso jornal, bastante mais bem resolvida, daí o pedido feito a Domingos para apresentar formalmente as contas da SAD na reunião magna de acionistas desta quinta-feira à tarde.

Divergências

Ninguém pode, porém, negar, as insanáveis divergências que foram surgindo, nos últimos largos meses, entre os dirigentes eleitos (não apenas na Direção, mas também nos restantes órgãos sociais, Assembleia Geral e Conselho Fiscal) e Domingos Soares de Oliveira, que conduzem, aliás, a este desfecho, muito antecipado relativamente ao tempo de mandato de Domingos como co-CEO da SAD encarnada, que terminaria apenas em outubro de 2025.

É tido assim, como muito provável, que Domingos Soares de Oliveira tenha negociado um significativo acordo financeiro para deixar o Benfica ao fim de 19 anos e meio. Basta levar em consideração (contas por alto) que só em salários e prémios, até outubro de 2015, Domingos Soares de Oliveira teria direito a receber praticamente um milhão de euros.

É preciso, sublinha-se, que tudo corra como parece estar previsto para Domingos Soares de Oliveira cumprir, pois, ao final da tarde desta quinta-feira, o último ato oficial como principal rosto nos últimos 19 anos e meio da gestão da SAD do Benfica.

Transição mais pacífica

Vai, assim, dar-se definitivamente a transição há muito anunciada, declaradamente pacífica, reafirma-se, por expressa vontade do presidente Rui Costa, por respeito à instituição e por respeito às pessoas envolvidas num processo que demorou, é verdade, alguns meses, teve alguma turbulência, mas, pelos vistos, concluir-se-á agora sem o conflito que muitos chegaram a temer.

Luís Mendes, a partir de agora o novo responsável pela gestão e finanças, nunca quis ser CEO da SAD. Foi, aliás, desde muito cedo conhecida a posição do dirigente sobre o organigrama da SAD: logo nos primeiros tempos como vice-presidente do clube (eleito como número 2 de Rui Costa nas eleições de outubro de 2021) Luís Mendes assumiu discordar da figura de dois CEO na liderança da administração benfiquista.

Por outro lado, a eventual mudança na visão, no modelo ou na operação futura da SAD benfiquista não significará, por outro lado, pelas informações apuradas, a alteração do essencial na estratégia empresarial e desportiva do Benfica, que continuará a ser definida, aliás, como hoje, pelo núcleo duro (comissão executiva) na qual, além de Rui Costa e Luís Mendes, tem ainda assento Lourenço Pereira Coelho, o administrador responsável pelo futebol profissional.

A vontade da nova liderança é, igualmente, a de não proceder a qualquer revolução na estrutura profissional, o que significa que todos continuarão a ter a oportunidade de apresentar bons resultados.

Abre-se, pois, um novo ciclo na SAD do Benfica, marcada, indelevelmente, por quase 20 anos de gestão de Domingos Soares de Oliveira, considerado, hoje, um dos grandes líderes da indústria do futebol português. Ganhará, agora, o seu contributo, o emergente futebol da Arábia Saudita.  

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