Ronaldo, Pepe e problemas defensivos: tudo o que disse Roberto Martínez

Selecionador de Portugal afirma que os dois portugueses vão ter minutos no último teste frente à Irlanda e que estão a 100% para o Europeu, explicando ainda o que têm de melhorar para manterem a baliza a zeros

Roberto Martínez fez a antevisão ao último teste de preparação de Portugal para a fase final do Euro 2024, que se joga esta terça-feira, em Aveiro, frente à Irlanda e revelou que Pepe e Cristiano Ronaldo vão a jogo.

- Porque é que Portugal tem três jogos de preparação ao contrário dos outros, que têm dois?

-  Para nós era importante, estar no grupo F, para poder ter o período para jogar três jogos, nós temos um grupo de jogadores que, como eu disse, precisamos de dar um período de desligar e agora temos três jogadores que podem entrar no relvado amanhã. O foco é prepara os jogadores individualmente e depois trabalhar a equipa coletivamente. Para fazer isso com 26 jogadores, com jogadores que terminam a época em períodos diferentes, era importante ter três jogos. Depois era importante ter adversários diferentes, amanhã a Irlanda é uma equipa muito diferente da equipa da Croácia, muito diferente da equipa da Finlândia, mas para nós é importante porque durante o europeu vamos ter adversários com valências diferentes.

- Pegando nas palavras de Rúben Dias, que disse que foi bom para a seleção descer à terra… Havia um excesso de confiança de forma acidentada, devido a essas muitos vitórias que têm tido ou se não?

- Hoje somos uma seleção mais preparada do que contra a Croácia, o importante é que nós nos apurámos para chegar ao torneio. Precisamos de mostrar o que podemos fazer durante o torneio e depois podemos avaliar e olhar para a frente o que podemos fazer no torneio, mas para isso precisamos de apurar durante a fase de grupos e o jogo contra a Croácia foi fantástico para exigir muito de nós, de uma forma tática e técnica, estamos a falar de uma seleção que joga como um clube. Não há muitas seleções que têm ligações que joguem com jogadores com muita, muita experiência, que têm uma maior ligação do que com os clubes. Brozovic, Kovacic e Modric não é um caso normal num contexto internacional. É um adversário que podemos melhorar, afinar, adotar, mas o jogo foi desde o ponto de vista de preparação… perfeito.

- Qual é o papel do Cristiano e se está preparado para atacar e defender durante 90 minutos dos três jogos da fase de grupos?

- É importante para nós, podemos atacar e defender com onze jogadores e o Cristiano tem uma experiência brutal, não há outro jogador com a experiência de jogar cinco europeus, agora o sexto europeu. É um jogador que sabe muito bem usar o espaço na área e é um finalizador, um jogador especial. O foco, a reação à perda e posições defensivas do Cristiano foram perfeitas durante os jogos que jogámos, os últimos onze jogos. Portanto para mim não há dúvidas, não há preocupação. O importante é que para amanhã temos o Rúben, o Pepe, o Cristiano, que é um jogo perfeito para dar minutos, ainda não se início ou para terminar, mas com certeza vão ter minutos e faz parte do período da preparação. O que acontece com torneios europeus, mundiais e que precisamos de avaliar todos os dias, todos os jogos têm incidências diferentes, o Cris teve 51 jogos na última época e não teve problemas para jogar todos os jogos, jogou muitas competições, mas as datas a nível de clube não são as mesmas a nível de seleção. Acho que não há problema, mas avaliamos isso em tempo real e durante o torneio.

- Não o preocupa que nas preparações com a Bélgica nunca foi 100% vitorioso, o mesmo que está acontecer agora com Portugal?

- Acho que os balneários são diferentes, todas as equipas são diferentes, eu gosto de avaliar o nosso caminho, estamos a trabalhar muito, muito bem. Queremos ganhar todos os jogos, mas acho que numa fase de preparação ter a experiência em jogar três jogos, dois jogos… ter três jogos sem lesões, também me lembro dos 2016 Portugal teve 3 jogos de preparação, é um bom sinal… mas todas as equipas são diferentes, gostei muito da atitude e do empenho de todos os jogadores da nossa seleção e quando há isso há valores muito fortes para crescermos juntos. Precisamos de olhar para amanhã um jogo diferente, um ambiente espetacular, mais uma vez, a seleção teve dois ambientes espetaculares, muito importante para nós a parte psicológica. O estádio de Aveiro está esgotado, está cheio. É uma oportunidade para preparar melhor a equipa, mas estou muito contente do que o balneário está a fazer nestes dois dias de preparação. Uma autocrítica, uma responsabilidade para melhorar, para chegar no futebol internacional é isso, um processo, os valores do nosso balneário são muito especiais.

- Em relação aos 8 golos sofridos, está resolvido o problema para fechar a baliza no Europeu?

- Estão identificados, olhar para trás é muito fácil no futebol, o que é importante ter uma intensidade defensiva, ter calma para ter bons gestos técnicos defensivos, mas agora é importante olhar para trás e ver que os dois golos contra a Finlândia precisamos de melhorar, dois remates e sofrer dois golos, é melhorar, mas faz parte do processo. Todos os golos são diferentes, não há uma relação, uma linha defensiva, uma disposição tática específica. É o foco de querer marcar golos e precisamos de ter um foco defensivo amanhã, e podemos mostrar amanhã e mostrar que queremos melhorar isso.

- Já tem o onze para o Europeu na cabeça?

- Não, não, acho que é importante trabalhar de uma forma individual, é o primeiro passo. Dar ao jogador a melhor posição para ajudar a equipa e depois avaliar momentos de forma, obrigações, processos que estamos a trabalhar. Acho que a escolha do onze inicial contra a Chéquia vai ser no dia 17 e gosto de trabalhar com o que vejo nos treinos, o balneário, a competitividade, a paixão de querer estar no onze inicial. Os jogadores demonstraram o porquê de estar na seleção e os próximos dias o onze inicial vai sair.

- Ronaldo e Pepe ainda não jogaram, mas tiveram problemas físicos e já têm uma idade avançada. Estarão a 100% no dia 18 e no resto da competição?

- Os jogadores estão prontos para amanhã e é o próximo passo. O Pepe tem muita experiência, o Cristiano também, são jogadores que tiveram períodos muito bons na seleção e o próximo passo é o próximo jogo contra a Irlanda, não tenho dúvidas que são jogadores muitos importantes quando estão no relvado e também quando não estão no relvado, pelo significado que eles têm e esperemos que possam ter um bom trabalho amanhã e seguir o passo à frente.

- Nos momentos ofensivos vimos os laterais a jogarem muito subidos no terreno, linha de três atrás, essas aproximações podem ser prejudiciais no momento defensivo?

- Muito boa pergunta, muito tática, nós temos um equilíbrio ofensivo muito importante, precisamos de ter cinco jogadores no último terço, que dá para os jogadores defenderem a transição rápida. Tivemos jogos contra a Islândia, de transições muito rápidas e de passe muito longo e fizemos um trabalho defensivo na transição muito, muito bom. Há jogos que são os laterais, como disse, há jogos que podem ser os oitos, os jogadores de dentro, depende do adversário precisamos de ter a estrutura melhor para defender as valências do adversário. Amanhã temos a equipa da Irlanda, que numa linha sem bola, 5-4-1, muito bem trabalhada, com equipas como a Hungria, a Bélgica e a Suíça, fizeram um trabalho espetacular, mas não é específico daquilo que é preciso defender a transição. É uma situação que nos podemos adaptar bem e defender bem como fizemos no passado.

- Portugal perdeu dois dos quatro jogos de preparação para o Europeu, ambos contra seleções que vão estar na fase final. A Eslovénia e a Croácia. Os dois jogos que ganhou foram contra a Suécia e a Finlândia, que não se apuraram. Apesar da fase de qualificação perfeita, o que é que isto nos diz do nível de preparação da seleção nacional para a competição?

- Individualmente ter jogadores frescos, ter jogadores que têm uma paixão e um orgulho para vestir a camisola, um foco no trabalho durante o treino para fazer com que a equipa possa crescer, uma ideia clara como marcar golos. Contra a croácia marcámos o melhor golo do meu período, o golo do Bruno Fernandes contra a Suécia e o golo contra a Croácia, são os melhores golos que marcamos e acho que a nossa seleção é melhor com o passo do tempo. O resultado mostra quem ganha o jogo, mas há muitas formas de analisar o jogo e os conceitos dos jogadores se os estão a executar. Falamos muito de adversários, é um erro, precisamos de falar de Portugal, como Portugal joga, não há jogos fáceis, há equipas preparadas e nós mostrámos que tivemos jogos muito bem preparados e também mostrámos agora que precisamos de melhorar, e é isso. É um erro falar de adversários, é melhor falar do nível que nós podemos dar. Os nossos jogadores são humanos, podem dar bons desempenhos, podem dar desempenhos maus, faz parte do jogo, mas eu estou a ver uma seleção que está a crescer e que está agora a preparar o Europeu e a partir de amanhã esperamos ver que a preparação foi perfeita e temos uma seleção que os nossos adeptos portugueses podem estar orgulhosos.

- Maior dúvida e maior certeza?

- Não há dúvidas, porque não tenho de tomar decisões. As dúvidas aparecem quando se tem de tomar decisões. A atitude dos nossos jogadores, ouvir falar o Bruno, tudo são certezas de que os nossos jogadores estão preparados e isso é uma certeza.