A Portuguesa ecoou nos céus de Copenhaga
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Dois anos de Roberto Martínez por Portugal: o balanço (e a comparação que se exige)

SELEÇÃO22.03.202508:22

Selecionador completa este domingo o segundo aniversário sobre a estreia; totaliza 27 jogos; lembra-se dos primeiros 27 de Fernando Santos?

O jogo da passada quinta-feira com a Dinamarca, em Copenhaga, foi o 27.º de Roberto Martínez no comando técnico da armada lusa. O segundo duelo com os dinamarqueses em Alvalade, este domingo, marcará o segundo aniversário da estreia do antigo selecionador da Bélgica ao leme da turma das quinas – igualmente em Alvalade, numa goleada por 4-0 ao Liechtenstein, a 23 de março de 2023, a contar para a qualificação para o Euro-2024, com golos de João Cancelo (8’), Bernardo Silva (47’) e Cristiano Ronaldo (50’ e 62’).

O saldo de resultados de Martínez é globalmente positivo, com 19 vitórias, quatro empates e quatro derrotas: 70 por cento de vitórias; 15 por cento de derrotas. No total, foram 67 golos marcados (média de 2,5/jogo) e 19 sofridos (0,7 por jogo).

VIDA FÁCIL RUMO AO EURO-2024

Nesse trajeto, começou por apurar Portugal para o Euro-2024 com uma caminhada imaculada, logrando 10 vitórias consecutivas, mas fê-lo frente a adversários muito longe de serem da primeira linha do futebol do Velho Continente, defrontando, além do Liechtenstein, Luxemburgo, Bósnia, Islândia e Eslováquia. Nada de extraordinário, portanto. Garantida a presença na Alemanha, seguiu-se a preparação para essa fase final. Que começou com uma goleada (5-2) em Guimarães à Suécia de Viktor Gyokeres, quase um ano depois da estreia, a 21 de março de 2024, estendendo o percurso inicial às 11 vitórias consecutivas. Cinco dias depois, ao 12.º jogo, num particular com a Eslovénia, em Ljubljana, conheceu pela primeira vez o sabor da derrota: 0-2.

Chegado a junho, enfrentou a última etapa da preparação para o Europeu com mais três particulares: venceu a Finlândia por 4-2 (Alvalade), perdeu com a Croácia por 1-2 (Estádio Nacional), e, antes da viagem para a Alemanha, bateu a República da Irlanda por 3-0 (Aveiro).

DE NOVO A FRANÇA E… ‘ADIEU’

No Europeu, Portugal enfrentou grupo acessível e ao segundo jogo carimbou a presença nos oitavos, após as vitórias sobre Chéquia (2-1) e Turquia (3-0). Acabou, depois, por perder o último jogo da fase de grupos, frente à Geórgia, por 0-2, no que foi o primeiro desaire de Martínez em jogos oficiais.

Seguiu-se a Eslovénia nos oitavos de final: 0-0 no tempo regulamentar, vitória por 3-0 no desempate por pontapés de penálti e encontro marcado com a França nos quartos de final. A turma gaulesa foi, no total dos 27 jogos de Roberto Martínez, o adversário de maior gabarito que a Seleção enfrentou. O reencontro redundou em novo 0-0, mas Portugal caiu nos penáltis (3-5) e teve de regressar a Lisboa - esse foi o quarto reencontro com a turma gaulesa depois da vitória na final do Euro-2016 e Portugal voltou a não conseguiu vencer.

Depois do Euro, a Seleção só voltou a reunir-se em setembro, iniciando, então, a fase de grupos desta Liga das Nações, de novo frente a adversários acessíveis: Croácia, Escócia e Polónia. Acabaria por vencer 4 desses jogos e teve dois empates: 0-0 com Escócia (Glasgow) e 1-1 com a Croácia (Split). Seguiu-se a derrota (0-1) de quinta-feira com a Dinamarca, em Copenhaga, a quarta da era-Roberto Martínez, a segunda em jogos oficiais.

MAIS DERROTAS, MAS ‘O’ TÍTULO

Mas ainda se lembra do que fez Fernando Santos nos primeiros 27 jogos pela Seleção Nacional? Pois bem, a grande (ou abissal…) diferença entre o português e o espanhol no capítulo dos resultados é que o engenheiro, nesse trajeto, conquistou o maior título da história da turma das quinas: o Europeu de 2016, em França. Nesse percurso até teve menos vitórias, mais derrotas e menos golos marcados em relação aos primeiros 27 jogos de Martínez, mas o que conta, acima de tudo, são os troféus. E, aí, ainda não há quem se possa comparar ao obreiro dos dois pontos mais altos da história de Portugal, juntando a Liga das Nações de 2019.

Fernando Santos, no comparativo com Martínez, averbou seis derrotas, venceu 17 partidas e empatou quatro - teve 63 por cento de vitórias e 22 por cento de derrotas. Mas essa Seleção marcava bastantes menos golos, foram só 41 (média de 1,5/jogo), e sofreu menos um golo, ou seja, 18 (0,66/jogo). Todavia, as seis derrotas de Fernando Santos foram todas em jogos particulares.

Estreou-se a perder num particular com a França (1-2), em Paris, a 11 de outubro de 2014. Voltaria a perder no ano seguinte, a 31 de março, num particular com Cabo Verde (0-2), durante a caminhada para o Euro-2016.  A terceira derrota foi a 4 de setembro de 2015, de novo com a França, em Alvalade, por 0-1. A 14 de novembro desse ano, e já depois de completado com sucesso o apuramento para o Europeu da glória lusa, o França-2016, seguiu-se particular com a Rússia, em Krasnodar, que a Seleção perdeu por 0-1. A quinta derrota já foi durante a preparação para o Euro-2016, a 25 de março de 2016: 0-1 com a Bulgária, em Leiria. A sexta e última dos primeiros 27 jogos foi já em junho, mais precisamente no dia 2, na antecâmara do Europeu gaulês: 0-1 com a Inglaterra, em Wembley, com Portugal a jogar com 10 unidades quase uma hora depois da expulsão de Bruno Alves aos 35’.

O ETERNO ÉDER

Depois? Bem, depois Portugal… escreveu história! Os 27 primeiros jogos de Fernando Santos incluíram todo o Europeu de França, o 26.º foi precisamente o da vitória na final com os anfitriões, com o inesquecível golo de Éder, e todos os 4 empates desses primeiros 27 jogos do engenheiro aconteceram durante o Europeu, provando que empatando também se vai longe…

O 27.º jogo de Fernando Santos foi um particular, goleada por 5-0 a Gibraltar, para preparar o início da qualificação para o Mundial-2018.

Há, ainda, outra grande diferença entre Santos e Martínez: no trajeto aqui comparado, o engenheiro defrontou a França por três vezes, e ainda Argentina, Inglaterra, Itália e Bélgica. O atual selecionador ainda só por uma vez teve um adversário desse nível pela frente, a França, que afastou Portugal do Euro-2024. E pelo que se tem visto nos últimos tempos o melhor é mesmo não encontrar seleções desse gabarito...