Primeira parte foi um horror, a segunda confirmou a noite de pesadelo; Vitinha quis agitar a batuta mas as notas só saíram desafinadas; Ronaldo jogar os 90' é passar atestado de incompetência ao futuro da turma das quinas
COPENHAGA — Sim, foi uma noite horrível para Portugal na capital dinamarquesa; sim, a Seleção não foi nada daquilo que Roberto Martínez disse que seria na antevisão; sim, parte das substituições que fez roçaram o ridículo e confirmaram que a turma das quinas jogou para não perder — o que, como todos sabemos, costuma dar mau resultado...; e sim, nada ficou irremediavelmente perdido e é perfeitamente possível dar a volta em Alvalade — e por obra e graça não do Espírito Santo, mas de São... Diogo Costa.
Guarda-redes defendeu uma grande penalidade, mas este foi apenas o ponto mais alto de uma grande exibição. Houve mais diversas intervenções de altíssimo nível. De resto, entre os restantes portugueses, muito pouco...
O guarda-redes luso confirmou (outra vez...) que é dos melhores do Mundo e fez exibição monumental no Parken, redimindo-se do erro logo aos 3', numa reposição de bola que quase deu golo, que o próprio conseguiu evitar. E que superou com grandeza quando susteve o penálti de Eriksen aos 25', a castigar braço na bola de Renato Veiga a remate do próprio (aconselhado, pareceu, por Cristiano Ronaldo, que com ele conversou segundos antes), também quando se estirou para negar golo a Biereth num remate à meia-volta aos 36', ou ainda quando desviou para canto remate de Isaksen aos 55' — aos 43', ainda viu Dalot tirar a bola em cima da linha de golo a remate de Eriksen.
Ao intervalo, o nulo era lisonjeiro para Portugal, que podia ter ido para o balneário a perder por 0-3 ou 1-3, se tivermos em conta que na primeira parte, ofensivamente, Portugal só ameaçou por Pedro Neto,aos 8', num grande remate que obrigou Schmeichel a voar, após fletir da direita para o meio, e aos 32', por Renato Veiga, também num remate com a canhota no coração da área, na sequência de um canto.
Central da Seleção salienta os valores que faltaram a Portugal na derrota frente à Dinamarca
Era preciso fazer muito mais para tentar vencer o jogo na segunda parte, mas depois, o que se viu, foi uma farsa da parte de Roberto Martínez, nomeadamente nas substituições que fez. A de trocar Dalot, com amarelo, por Nélson Semedo, aceita-se, mas, depois, meter um médio-defensivo (Rúben Neves rendeu um apagado Leão) e trocar de centrais (Renato Veiga por Gonçalo Inácio) sinalizou à Dinamarca que não iria tentar ganhar, mas sim segurar o 0-0.
Para cúmulo, acabou por ser castigado com a troca no eixo, porque Inácio entrou, meteu logo água com Hojlund (77'), que no minuto seguinte fez o golo da vitória, servido por Skov Olsen — ambos entraram pouco antes, com Brian Riemer a colher os frutos da ambição que teve e que faltou a Roberto Martínez —, numa jogada de total apatia defensiva de Portugal, que ficou a ver jogar...
Médio foi titular por Portugal e mantém a confiança num resultado positivo da 2.ª mão dos quartos de final da Liga das Nações, com a Dinamarca
Mais: deixar Cristiano Ronaldo em campo os 90 minutos, aos 40 anos — os portugueses seguramente ainda não se esqueceram do último Europeu... —, foi de bradar aos céus! Martínez elogiou a coragem do homólogo na véspera, o atrevimento da pressão alta e da utilização de jovens talentos, mas já era hora de ele próprio ter coragem de explicar a Ronaldo que não pode jogar os 90 minutos em todos os jogos da Seleção. Não pode. Ponto final. Uma coisa é ter lugar na Seleção, porque o tem, não haja dúvidas, mas Portugal não pode permanecer refém deste contexto, é preciso preparar o futuro... já!
Médio da seleção nacional muito crítico com a exibição de Portugal
Depois, também faltou a Portugal a química de João Neves/Vitinha no PSG, com o miolo luso a ser incapaz de travar Eriksen e companhia. Vitinha, diga-se, bem tentou agitar a batuta, mas as notas saíram demasiado desafinadas. Agora, resta a redenção em Alvalade...
Alguém tem que falar a esse treinador que Portugal e um país de gente corajosa, e com jogadores dos mais talentosos, hoje até parecia que era o engenheiro no banco. Pedro Proença. Fala com esse treinador pra entender que queremos coragem no treinador e não covardia. Se perder que perca com honra hoje o treinador foi uma nódoa pior que os jogadores