Favoritismo no Euro e a derrota com a Croácia: tudo o que disse Bruno Fernandes
Médio fez o lançamento do jogo com a Irlanda
Bruno Fernandes fez a antevisão ao jogo, desta terça-feira, às 19.45 horas, com a Irlanda. Este será o último encontro de preparação da equipa das quinas antes da estreia no Euro. A partida irá decorrer no Estádio Municipal de Aveiro.
Quais são os aspetos a melhorar depois da derrota com a Croácia?
«Foi a segunda derrota, mas acho que em nada muda para o que esperámos que vai ser o Europeu. Obviamente, não queríamos perder contra a Croácia. Nunca queremos perder, porque quando representamos Portugal não olhamos a nomes nem a caras, porque sabemos que estamos ao nível dos melhores e queremos bater os melhores. Ao mesmo tempo, falamos de uma seleção muto bem preparada, com jogadores experientes, que tem estado nas últimas fases finais, finalista no Mundial-2018 e semi finalista no Mundial do Catar (2022). Eles causam muitas dificuldades com a bola, porque têm muita mobilidade, qualidade e sabíamos que iam causar isso. Trabalhámos para esses aspetos. Acabámos por sofrer um golo de penálti e outro num lançamento longo, no qual faltou-nos ler um bocado o perigo. Nós já sabíamos na qualificação, mesmo com as 10 vitórias em dez jogos, que havia aspetos a melhorar. Não quero que ninguém pense que viemos para este Europeu a pensar que já estava tudo feito. Há sempre coisas a melhorar. Gosto deste negativismo à volta da Seleção, que já não somos tão bons, porque é sinal que as pessoas esperam muito de nós. Os jogadores que estão aqui a representar o país, temos qualidade para fazer mais, sabemos e ambicionamos isso. Temos já uma oportunidade amanhã para o fazer, para demonstrar que somos uma grande seleção e que estamos preparados para o que aí vem», destacou o médio do Man. United.
Sente que Portugal devia escolher adversários com a qualidade da Crácia para a preparação para o Euro?
«A Islândia não foi um bom teste? Eles bateram (1-0) a Inglaterra. Digamos que o grupo de qualificação de Portugal tornou as coisas mais fáceis, digamos assim. Compreendo o que dizem de fora. A Inglaterra é dada por muitos como a principal candidata ao Euro e teve agora uma derrota e eu que vivo em Inglaterra vi o negativismo à volta da Seleção, que é e provavelmente, aos olhos de muita gente, como a equipa a bater, a mais forte neste europeu. O nosso grupo de qualificação não era fácil, nós tornámos as coisas fáceis. A nível de individualidades, a Croácia era uma das seleções mais fortes, que já defrontámos desde a chegada do mister Roberto Martínez. No entanto, muitos de nós não achamos que somos os melhores ou os principais candidatos ao europeu, porque fizemos uma qualificação excelente. Havia aspetos a melhorar, também sofremos golos durante a qualificação, mas também sabemos que temos uma seleção muito forte a reagir às adversidades e temos de fazer isso já amanhã. Vou explicar o porquê de fazermos estes amigáveis. A Finlândia por ter um bloco mais baixo, por ser mais difícil para entrar entre as linhas deles. A Croácia fez nos entender que é uma seleção que joga muito bem com a bola e pelas dificuldades que as seleções podem nos criar, sobretudo, através da rotação do meio-campo, com os extremos a vir para dentro, com muita superioridade no meio, com jogadores com muita qualidade no 1x1 para sair de situações difíceis, Agora, vamos defrontar uma seleção [Irlanda], que fisicamente é muito forte, organizada defensivamente e tem como principal valência as bolas paradas. Já falei em todos os aspetos, que todas as seleções podem ter à sua maneira. Não há melhor preparação do que preparar-se para todas essas possibilidades. Se formos a ver, não há tantas seleções que joguem bem com a bola como a Croácia, porque eles correm muitos riscos e nós podíamos ter aproveitado as transições. A nossa transição ofensiva podia ter sido melhor e devíamos ter causado mais estragos. Toquei em todos os pontos em que acho que todas as seleções podem jogar e aquilo que nós vamos defrontar também na fase de grupos e que nos faz estar preparados.»
Como tem visto o crescimento de alguns jovens como o Nuno Mendes e o Gonçalo Inácio, que já integram as opções da Seleção Nacional?
«Já disse que, depois do final da minha carreira, se algum clube me quiser como olheiro... acho que já vi qualquer coisinha em alguns. Obviamente, são jovens com muita qualidade e eu podia dizer qualquer coisa sobre eles, mas foram eles a demonstrá-lo. Por isso, o mérito está todo neles. Temos uma mistura de juventude com irreverência, que nos pode ajudar bastante. Depois, temos jogadores com experiência e outros com ainda mais experiência. Temos um misto de qualidade, que nos podem ajudar em diferentes momentos da competição e espero que possamos todos estar ao máximo nível para elevar o nome de Portugal ao máximo.»
Que mensagem deixaria às pessoas depois do jogo com a Croácia? E que peso tem o jogo com a Irlanda antes do Euro?
«O povo português é muito apaixonada pelo que faz. E por mim falo, porque revejo-me em muito do que é o povo português. Ao mesmo tempo, temos uma garra e uma paixão enorme para nas adversidades voltarmos a ser o que queremos ser e a dar uma resposta ainda mais forte. Não acho o que aconteceu contra a Croácia tenha sido algo de extraordinário. Era um jogo de preparação, que queríamos ganhar e repito que queremos vencer todos os jogos. Não olhamos a caras, a nomes e agora temos mais um jogo pela frente para ganhar. Sabemos que ganhar dá outra motivação, energia, alegria e outro sorriso. Queremos um sorriso bem grande durante esta competição e queremos começá-la com a maior das alegrias. Por isso, temos de preparar-nos da melhor maneira para o primeiro jogo e amanhã é um excelente teste para o fazer.»
Nas últimas cinco vitórias marcou em 4 delas. Sente algum tipo de responsabilidade em se assumir como um dos principais marcadores da Seleção Nacional?
«Todos nós queremos marcar golos. Sei que uma das minhas qualidades passa por aí, sou um médio com capacidade para chegar ao último terço, de marcar golos e fazer assistências. É umas das minhas qualidades, mas tenho de completar isso com os meus companheiros e estar dentro da dinâmica da equipa. Gostaria imenso de marcar em todos os jogos, seria muito feliz. Sempre que marco, ganhamos e espero marcar em todos os jogos do Euro. No entanto, o mais importante para mim são as dinâmicas da equipa, que funcionem da maneira correta.»
Os últimos oito golos sofridos afetam a vossa confiança para o Euro?
«Preocupa se não conseguirmos marcar mais do que sofrer. Obviamente, não queremos sofrer. Acho que cada vez mais se fala na baliza a zero, mas não se trata dos nossos guarda-redes, dos defesas. Trata-se de um conjunto de jogadores que têm de ser mais coesos de trás para a frente e vice-versa. O nosso primeiro momento de pressão começa na frente, com os nossos avançados, extremos, médios até chegar aos defesas. Por isso, quando sofremos golo, são todos e quando marcamos é a mesma coisa. A preocupação é natural, mas não é algo que esteja mal. Temos de dar mérito aos adversários. Houve golos que sofremos por demérito nosso, de falta de atenção, de cheirar o perigo. Mas é algo que com o tempo vamos melhorar e temos de estar mais alertas.»
O mister José Mourinho afirmou que a segunda equipa portuguesa seria candidata ao Euro. Concorda com esta declaração? E quem são, para si, o lote de candidatos a vencer esta competição?
«Não diria uma segunda equipa, porque considero esta uma equipa só. Todos temos capacidade para estar no onze. Há muita qualidade em todas as posições. Nos clubes, muitas das vezes, quando se troca um jogador sente-se que a qualidade pode diminuir. Aqui, é difícil de acontecer, porque todos têm uma qualidade excepcional. Somos uma seleção muito forte a nível individual e as individualidades fazem cada vez mais um coletivo muito forte. Isto no papel somos todos favoritos, todos vão para ganhar. Quero olhar para Portugal com todas as capacidades e competências para chegar o mais longe possível e lutar por este título.»