Várias verdades e uma mentira

Várias verdades e uma mentira

OPINIÃO17.04.202306:30

Entre erros próprios e alheios, o conforto do Benfica na liderança diminuiu bastante. O que se segue é um teste ao clube, como um todo

NA situação que está a ser vivida pelo Benfica, há várias verdades que, aparentemente contraditórias, coexistem no espaço e no tempo.
— É verdade que, entre agosto e março, o percurso dos encarnados foi sólido e até, por vezes, empolgante;
— É verdade que a pré-eliminatória e o play-off para a Liga dos Campeões, assim como a fase de grupo, superando o PSG e afastando a Juventus, e os oitavos de final, foram ultrapassados com uma autoridade que há muito não se via aos encarnados;
— É verdade que, quando Rui Costa, há um mês, decidiu prolongar o contrato com Roger Schmidt até 2026, ouviu-se na nação benfiquista uma ovação de pé, porque o futuro estava assegurado. Agora, alguns dos mais entusiastas a aplaudir, vêm agora questionar essa decisão, com a coerência de um cata-vento;
Mas também é verdade que:
A) o rendimento da equipa tem vindo a decair, especialmente depois do regresso das seleções, e que há vários jogadores-chave no sistema de Schmidt que deixaram de ter os 90 minutos nas pernas;
B) as três derrotas consecutivas, com FC Porto, Inter e Chaves, que encurtaram a liderança na Liga para quatro pontos sobre os dragões, e deixaram a continuidade na Champions em condição periclitante, tiveram efeito psicológico negativo e minaram a confiança, não só dos jogadores, que passaram a ver cada serra do Marão como se fosse o Everest, mas também dos adeptos;
C) o treinador do Benfica precisa de criar condições, através de um diferente manuseamento das substituições, para que a sua equipa volte a ter condições de fazer o que fez até março, ou seja, não deixar jogar o adversário e atacar rapidamente a baliza contrária;
Querem mais uma verdade?
Num campeonato, prova de regularidade, as contas fazem-se no fim, independentemente dos altos e baixos de cada equipa ao longo da época e, neste momento, o Benfica continua a ser o principal candidato ao título nacional.
Falta a situação mentirosa:
Em Chaves, o Benfica não terá vencido apenas porque o árbitro fugiu de tomar uma decisão importante ao cair do pano, na dupla falta sofrida por Otamendi na área flaviense, e o VAR, por incompetência ou cobardia, não fez o que lhe competia. Déjà vu...


DUQUE — NICO OTAMENDI

Imediatamente depois de ter sofrido uma grande penalidade evidente, o campeão do Mundo pela Argentina, jogador experientíssimo, cometeu um erro de principiante, que custou um ponto ao Benfica. Então Otamendi pode cometer um erro e o árbitro não? É que o erro de Otamendi não penalizou o árbitro; já o contrário...


DUQUE — JOÃO PINHEIRO

Apontado como sucessor de Soares Dias, à légua o melhor árbitro português, Pinheiro viu o seu nome associado à decisão da Liga da época passada, ao errar na expulsão de Coates, no Dragão; e pode ficar ligado novamente ao título de 2022/23, ao falhar na dupla grande penalidade cometida sobre Otamendi em Chaves. Tanto azar...


DUQUE — ANTÓNIO NOBRE

Do árbitro de Leiria, 34, que ostenta as insígnias da FIFA, esperar-se-ia outro tipo de auxílio a João Pinheiro (que também tem culpas próprias) no lance mais importante da partida de Chaves, em que o VAR não tem desculpa para ter falhado. Falta de coragem, num momento decisivo? Incompetência pura? Pobre arbitragem portuguesa.