Roberto Martinez e Florentino, relatório confidencial

Pareceu que o selecionador quis passar responsabilidade para outro lado e acabar com um tema que pode vir a ser recorrente, como outros foram. No meio disso tudo, não sei se não terá começado um caso…

Roberto Martínez foi questionado sobre Florentino Luís na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com a Polónia.

O selecionador respondeu o que era expectável: que o médio do Benfica é seguido há algum tempo – o que parece óbvio, desde logo pela equipa em que joga, pois ela tinha/tem mais internacionais portugueses – e está numa das listas com que trabalha para compor a convocatória da seleção.

O técnico assumiu ainda que Florentino é futuro e presente da seleção por esse motivo, mas, depois, começou a atirar declarações que deixaram perguntas no ar. Martínez referiu que «representar a seleção e vestir a camisola é um sentimento», e que «é preciso o jogador querer fazê-lo».

Não é ainda nesta parte que vejo que algo de errado estava com a declaração. Ao fim e ao cabo, se olharmos para aquela afirmação de um determinado ângulo – o menos óbvio, admito, mas ainda assim possível -, podemos ver nela um fator motivacional. No sentido de Roberto Martínez dizer, pelas entrelinhas, que Florentino tem de esforçar-se e trabalhar para tal.

Por fim, como se soubesse algo que ninguém publicamente sabe ou como se estivesse na posse de um relatório confidencial sobre o jogador - deixando de parte a teoria do parágrafo anterior - Roberto Martínez declarou que Florentino sabe que ele acredita no seu talento, mas que ele, selecionador – e os adeptos por consequência – necessita de «respeitar o que os jogadores acham sobre o seu futuro nas seleções».

Pelo que é conhecido, Florentino nunca se negou a representar Portugal. Fê-lo, aliás, pelos escalões jovens, dos sub15 aos sub21 e conta com 84 jogos pelas equipas de Portugal. Mais, tal como A BOLA dera conta em tempo oportuno, o médio recusou sistematicamente abordagens de Angola, o que também revela, com atos, o seu compromisso – diria também desejo – com a chamada à seleção de Portugal. Mais, como escreve o nosso jornal neste sábado, continua apostado em representar apenas e só a seleção portuguesa.

Depois de Pote, Trincão ou Nuno Santos, ao não ser claro, pareceu que o selecionador quis passar responsabilidade para outro lado e acabar com um tema que pode vir a ser recorrente. No meio disso tudo, não sei se não terá começado um caso…

Cabe, então, a Roberto Martínez esclarecer o que esteve na base de tal afirmação para que assim se possa informar o público e perceber-se se tinha razão quando disse o que disse.

O selecionador tem todo o direito de fazer as escolhas que quer, mas não pode ser protagonista de insinuações. O cargo que ocupa assim o exige.