Eu, obsessivo-compulsivo me confesso

AVENIDA BERLIM Eu, obsessivo-compulsivo me confesso

OPINIÃO16.06.202408:00

Crónica diária de um jornalista português no Euro 2024

O transtorno é ligeiro, mas manifesta-se aqui e ali nas mais inesperadas situações. Nada de grave, sublinho desde já, e muito menos perigoso para mim ou para outros. Mas existe e, por isso, ao longo dos anos, fui aprendendo a conviver com ele e, até, a abraçá-lo.

E, por estes dias, lá voltou ele, o transtorno obsessivo compulsivo; tudo por culpa das acreditações para o Euro 2024, o documento que milhares de jornalistas trazem ao pesçoco e que permite aceder aos estádios e aos treinos das seleções. Sem ele, nada feito, ninguém entra.

Jornalistas durante conferência de imprensa no Euro 2024 (foto Imago)

O problema é a minha obsessão – talvez relacionada com a curiosidade inerente ao jornalismo – por acreditações. Não pelo objeto em si, mas pelo que nele consta. E é assim que dou por mim paralisado por longos segundos, a olhar especado para a identificação deste(a) ou daquele(a) companheiro(a) de profissão, numa irresistível indiscrição de perceber de que país vem, para que órgão de informação trabalha, como se chama…

Os olhares que recebo de volta nem sempre são os mais simpáticos, mas vai havendo quem sorria, quiçá com compaixão deste curioso compulsivo… E, enquanto escrevo, eis que um desconhecido se senta por perto na sala de imprensa. Quem será? De onde veio?