Estratégia vencedora
Pinto da Costa é e será para sempre a maior referência de quem sabe o que quer, como quer e com quem quer, nunca abandonando os amigos
Todos os anos, por hábito ou opção, analisa-se o que terminou para se fazer uma apreciação global.
O PRESIDENTE
Nascido no final de dezembro, Jorge Nuno Pinto da Costa trazia consigo um destino a cumprir. Ainda jovem tornou-se sócio do FC Porto e foi integrando diversas secções do clube, chegando a diretor do futebol em 1975. Leal ao azul e branco, a 17 de Abril de 1982, Pinto da Costa venceu as eleições do FC do Porto e passou a ser o 33.º presidente do clube. Tinha sido o responsável pelo regresso do treinador Pedroto e juntos criaram mística especial e vencedora - «Jogar à Porto», que passou a caracterizar o destino do clube. A passagem da ponte sobre o Douro deixou de ser um problema de ansiedade e passou a ser uma certeza de vencer. Em 1987, a herança de Pedroto encontrou em Artur Jorge o seu continuador natural. De facto, em Viena de Áustria, o FC Porto conseguiu a primeira vitória na Taça dos Campeões Europeus e passou a integrar a galeria dos grandes conquistadores. Sucederam-se treinadores e equipas de grande valor que conquistaram tudo o que havia para vencer. Os títulos falam por si: 2 Taças Intercontinentais, 2 Ligas dos Campeões, 2 Ligas Europa, 1 Supertaça UEFA, 29 títulos de campeão nacional, 17 Taças de Portugal, 21 Supertaças Cândido de Oliveira, entre muitos outros. Na década de 90, com Bobby Robson, iniciou-se o percurso para o único pentacampeão da história do nosso futebol, onde também tive a possibilidade de deixar o meu contributo. A partir desse momento, a figura do Dragão, que tinha sido proibida pelo Estado Novo, manteve-se unicamente no Coliseu do Porto e no emblema do clube, reforçando a oposição ao centralismo, numa luta desigual mas sempre com força, frontalidade e a verdade do sotaque do norte. O presidente antecipou tempos e construiu futuro com estabilidade. O clube criou uma SAD (Sociedade Anónima Desportiva) e preparou-se estruturalmente para fazer parte dos clubes internacionais de excelência. Em todas as modalidades, o clube totaliza milhares de triunfos e troféus. A presidência de Pinto da Costa tornou-se um exemplo universal e uma figura prestigiada, admirada e reconhecida pela obra ímpar alcançada. Pinto da Costa é e será para sempre a maior referência de quem sabe o que quer, como quer e com quem quer, nunca abandonando os amigos que, juntamente com o clube, são valores a quem presta homenagem e solidariedade. O FC Porto deu um salto impensável: só mesmo o presidente sabia para onde ir e como, renascendo com maior vigor. O Estádio das Antas, palco de muitas alegrias, cedeu lugar ao novo estádio, mais moderno, funcional e ajustado aos tempos vindouros. Assim surgiu o mais belo estádio de futebol do nosso país: o Dragão. Na inauguração do novo estádio, no decurso do fantástico programa oficial, no jogo com o Barcelona (que o FC Porto venceu por 2-0), estreou-se um jovem jogador, na segunda parte, chamado Lionel Messi. Esse novo estádio foi palco de jogos para o Euro-2004, cuja final perdemos, com Scolari, pela estratégia errada de ostracizar jogadores do FC Porto para agradar a alguém. Ontem como hoje, o FC Porto tem sido vítima de erros inaceitáveis de arbitragem que prejudicam o clube e os seus jogadores, com provocações e castigos, que deixam algumas suspeições. O presidente está sempre na primeira linha, numa luta desigual, mas com o caráter granítico do norte. Pinto da Costa é hoje um dos mais titulados e admirados presidentes do mundo do futebol e não só. O FC Porto cresce a cada dia que passa quer na publicação da revista do clube, na Loja Azul, em espaços para a secção de bilhar, quer no museu mais fantástico do universo do futebol e muito mais, com um scouting muito elogiado e que sempre deu resultados positivos. Há uma cultura azul e branca que se alarga internacionalmente, que apoia sempre o clube em todos os momentos e, acima de tudo, a presença do presidente que, além de líder, é a maior referência do clube e o construtor do nosso universo. A sua frontalidade e amor ao clube, nos momentos bons e menos bons, é sempre a voz firme do timoneiro sem medo, que dá a cara em todas as situações, com a coragem e a força do dragão. Todos nós, portistas, sabemos que o presidente nunca pára de pensar no clube, no futuro, nas dinâmicas e inovações que vão ser necessárias. No futebol mundial, Jorge Nuno Pinto da Costa é admirado por todos os que sabem distinguir coragem e competência, das invejas mesquinhas. Lennart Johansson, personagem de grande estatuto internacional, antigo presidente da UEFA, deixou escrito para a posteridade: «Jorge Nuno Pinto da Costa é verdadeiramente um homem de excepção. Na família do futebol, o seu carisma, a sua personalidade poderosa e a singular argúcia geraram controvérsia, mas, acima de tudo uma enorme admiração. O FC Porto sempre foi a sua prioridade. Ele pertence verdadeiramente ao restrito grupo dos grandes criadores de impérios, ao escasso número de grandes presidentes, juntamente com algumas grandes lendas do futebol das gerações passadas, como Santiago Bernabéu e Angelo Moratti.» A sua liderança permitiu inúmeros títulos e um orgulho enorme em quem nunca se verga perante a injustiça. Há sempre mais a conquistar!
O TREINADOR
Pelo FC Porto passaram muitos milhares de atletas nas diversas modalidades, assim como treinadores de muitos desportos. Atualmente, no futebol, Sérgio Conceição, que iniciou a carreira de treinador há dez anos, é o mister do FC Porto. Trata-se de um jovem que veio da Académica para integrar as camadas jovens do nosso clube. Emprestado ao Felgueiras (na altura o clube estava na divisão principal do nosso futebol) revelou a sua qualidade e raça e marcou golos. Curiosamente fui eu que o escolhi para regressar e assumir-se como titular do FC Porto. Poderoso, lutador que não conhece a palavra desistência, Sérgio dava tudo o que tinha dentro do campo, era disciplinado taticamente, integrando a equipa campeã nacional em 1996/1997. No ano posterior consegui torná-lo ainda mais decisivo, marcando oito golos e vencendo a Taça de Portugal; durante essas duas épocas, sem o saber, estávamos a construir o pentacampeonato que só os dragões possuem. Como jogador, Sérgio seguiu para a Lazio, numa valiosa transferência para o clube, onde alcançou títulos e foi fazendo carreira em vários países e na Seleção Nacional. Nos últimos 10 anos, é indiscutível como treinador do FC Porto, onde já conquistou duas Ligas, duas Supertaças Cândido de Oliveira e 1 Taça de Portugal. O seu ingresso nos azuis e brancos foi uma aposta do presidente, pois sabia que só com um treinador que entendesse o que é «jogar à Porto» se poderia vencer. O moral estava em baixo e o plantel desvalorizado na comunicação social. A promoção de vários jovens da formação para a principal equipa é mais uma das grandes vitórias de Sérgio, ao unir o que o presidente antecipou. O primeiro título só foi uma surpresa para quem não conhece nem o FC Porto nem o treinador. Os ataques para desestabilizar o clube são constantes. Presidente, treinador, colaboradores e equipa revelam sintonia perfeita (em todos os anos, como treinador do FC Porto, a equipa marcou sempre mais de 80 golos por época!). A forma de trabalhar do Sérgio, a metodologia, as dinâmicas, a análise do jogo, o lançamento de jovens talentos no momento oportuno fazem do FC Porto uma equipa que dá sempre o máximo. Com Pinto da Costa e Sérgio Conceição o FC Porto é muito forte e muito coerente, por isso também vítima de erros alheios que acontecem e nunca deveriam acontecer. Nenhum vira a cara à luta e nisso, como portistas, somos todos iguais. Balanço muito positivo!
REMATE FINAL
Recentemente, após doença prolongada, faleceu António José Oliveira Meireles, para o futebol Tibi. O jovem dos ‘bebés do Leixões’, muito cedo defendeu a baliza da equipa principal, de tal forma que foi contratado pelo FC Porto, onde foi personagem admirada pela sua qualidade e um bom amigo, sempre bem-disposto. Chegou à Seleção Nacional. Partiu, mas nunca será esquecido porque nos colegas de equipa, nos adversários e mesmo na comunicação social, além do seu talento como guarda-redes, só sabia fazer amigos. O seu sorriso constante é uma imagem que se manterá sem esquecimento. Até sempre Tibi.