Aqui não precisamos de… Ronaldo
São muitos os que passam, dia e noite, à porta do hotel da Seleção e tem Ronaldo como único objetivo

SEM MUROS Aqui não precisamos de… Ronaldo

OPINIÃO02.07.202411:30

É ele quem atrai as multidões, quem é responsabilizado por tudo, o rosto de toda uma nação. Confesso: perdi a conta aos adeptos, que passam horas, dias, em frente ao hotel Klosterpforte, que me abordaram por ter uma credencial ao pescoço

MARIENFELD – As luzes do mediatismo da Seleção na Alemanha estão todas focadas em Ronaldo. Não há volta a dar. Mais: leva-nos a pensar o vazio que deixará daqui a poucos (ou talvez não…) anos, não só em termos desportivos, mas de toda a envolvência social que CR7 carrega nas costas há duas décadas. É ele quem atrai as multidões, quem é responsabilizado por tudo, o rosto de toda uma nação. Confesso: perdi a conta aos adeptos, que passam horas, dias, em frente ao hotel Klosterpforte, que me abordaram por ter uma credencial ao pescoço.

Julgam, por isso, que tenho acesso exclusivo a tudo apenas por me verem, diariamente, a entrar no Media Center da seleção. Que estamos com os jogadores, brincamos com eles, trocamos selfies ou lhes damos conselhos. Suplicam uma fotografia, autógrafo, uma meia ou uma camisola em troca de qualquer coisa! Um circo mediático que se reduz, apenas e só, ao perímetro da unidade hoteleira onde se encontra a Seleção. Tudo o resto, saindo desta bolha, é… paz, tranquilidade e gratidão.

A arte de bem receber, em todas as localidades que rodeiam Marienfeld, chega até a deixar-nos algo desconfortáveis. A generosidade, somente pela presença de um órgão social estrangeiro na sua aldeia, é motivo suficiente para nos lavarem a roupa sem custos (obrigado srª Reckord), de nos oferecerem expressos como se de um copo de água se tratasse, de gelados na gelataria do Arnaldo, bifanas e rissóis nas associações portuguesas ou até uma refeição por sermos clientes habituais no italiano mais conhecido de Guttersloh. Sem termos de ouvir pedidos impossíveis de algo relacionado com Ronaldo. E a despedida é quase sempre a mesma: «Espero ter A BOLA e Portugal aqui até dia 15».