A dúvida do benefício

OPINIÃO24.05.202107:00

Estoril e Vizela provam que o ‘romantismo’ pode ser conjugado com os bons resultados

FERNANDO SANTOS escolheu os seus 26. Seria perder espírito crítico não questionar tanto a presença de William Carvalho entre mais quatro que também podem jogar como médios-defensivos (Danilo, Palhinha, Rúben Neves e Sérgio Oliveira) como a preocupante explicação de que o atual suplente do Betis é «6, 8 e 10», como se já não houvesse suficientes ‘seis e meio’ na lista. Do selecionador, tal como das suas equipas, não é de esperar grandes rasgos de imaginação, mesmo que perante três vagas extra ainda assim tenham ficado de fora jogadores como João Mário, Pizzi e até Trincão, que mesmo pesando sub-21 e o apagão em Barcelona, poderia ser o elemento fora da caixa para revolucionar uma partida. Ainda mais sem Pedro Neto. Para muitos, Santos merece o benefício da dúvida, mas há muito para mim que existem dúvidas sobre o benefício de algumas decisões.
Entretanto, Nuno Espírito Santo despede-se de Wolverhampton, deixando rasto de competência e de afeto. Fez história e sai pela porta grande. Não criou uma máquina de ataque, mas uma realista, com limitações, assente na velocidade e transição. Qualquer substituto terá herança pesada, não só pelo sucesso, mas também pelo ADN enraizado.
Por cá, as boas ideias de Bruno Pinheiro e Álvaro Pacheco valeram a promoção respetivamente a Estoril e Vizela. Poucas equipas jogaram melhor esta época, provando que o ‘romantismo’ pode ser conjugado com os bons resultados e eficácia. É verdade que a subida de patamar pode ser complicada, mas será certamente interessante rever estas ideias nos principais estádios portugueses. 
Em Espanha, Simeone arriscou deixar fugir um título que chegou a parecer assegurado, tão perdidos estavam Real Madrid e Barcelona. O argentino engrandeceu a própria lenda, e João Félix ficou mais longe de ter a equipa que merece.