Sporting volta à Champions e fica o aviso: «Já não vai ser um jogo de meninos»
Mirko Alilovic é um dos guarda-redes do Wisla Plock, adversário do Sporting na estreia na Champions (IMAGO)
Foto: IMAGO

Sporting volta à Champions e fica o aviso: «Já não vai ser um jogo de meninos»

ANDEBOL11.09.202409:30

Na baliza do Wisla Plock, adversário dos leões, está alguém que marcou a infância de Martim e Kiko Costa, quando jogava com o pai, Ricardo. Mas agora Mirko Alilovic já não quer brincar com os 'meninos'

«O meu pai jogou em Espanha e eu ia ver todos os jogos. Aquelas emoções marcaram-me, mesmo tendo apenas três anos. No fim dos jogos, o meu pai pegava em mim, levava-me para o campo e eu ia fazer remates contra o Mirko Alilovic. São as primeiras memórias que tenho num campo de andebol».

As palavras partilhadas por Kiko Costa numa conversa à margem do Mundial 2023, ganham nova vida quando percebemos que o Wisla Plock vai apadrinhar o regresso do Sporting à Liga dos Campeões, num jogo marcado para esta quarta-feira (19h45), no Pavilhão João Rocha.

Porque o guarda-redes internacional croata que é protagonista nas tais primeira memórias de Kiko Costa num campo de andebol, vai também estar presente no momento em que o jovem jogador de 19 anos se vai estrear na principal competição de andebol de clubes. Talvez já não seja é tão amigável, como quando ele era um menino de três anos a brincar ao andebol, como via o pai fazer desde que nasceu.

Mirko Alilovic (IMAGO)

Não há outra forma de o dizer: o jogo vai ser especial para toda a família Costa, também por este curioso reencontro. De Ricardo com um antigo companheiro de equipa, com   quem partilhou o balneário durante quatro épocas, e dos filhos com uma figura com quem costumavam brincar.

E também o vai ser para Mirko Alilovic. É o próprio que o admite, em conversa com A BOLA, depois um extenuante dia de viagem, que o obrigou a passar sete horas dentro de um avião, porque o tráfego aéreo esteve interrompido em Lisboa (ver caixa).

«Sim, vai ser especial voltar a estar com eles. Já não vejo há muitos anos, vai ser bom. Lembro-me que brincava com o Martim no campo, ele devia ter uns cinco ou seis anos. O Kiko era mais pequeno, mas deixa-me muito orgulhoso por fazer parte dessas primeiras memórias dele», respondeu, quando confrontado com as palavras do mais novo dos irmãos Costa.

«O Richie foi como um pai»

Ora, também Martim tem recordações de Mirko Alilovic. E aquilo que marcava o miúdo, desde sempre competitivo, era traduzido numa pergunta que repetia ao pai: «Ele não defende nada?» O guardião de 38 anos, que em campo não tem a imagem mais simpática de todas, reage com um sorriso rasgado.

«Sim, provavelmente eu deixava-o marcar quando ele rematava. É algo normal de fazer quando jogamos com crianças porque não é interessante defender o remate de uma criança. Eles ficam contentes por marcar e mais motivados para continuar. É bom para eles marcarem e poderem celebrar quando são pequenos», concede Alilovic, deixando, porém, um aviso sério aos miúdos que entretanto se tornaram em duas das principais ameaças do Sporting. «Agora não vai ser um jogo de meninos. Isto é a Champions! É um jogo de homens e eu vou fazer o máximo para eles não marcarem, ou marcarem o menos possível».

Martim e Kiko Costa já nasceram com os 'genes' do andebol, passados pelo pai Ricardo e pela mãe, Cândida Mota, também ela antiga internacional portuguesa

É também no tom com que fala - e na predisposição imediata que mostra para conversar quando lhe explicamos o assunto - que se percebe o carinho que Alilovic guarda da família Costa, que vai defrontar nesta quarta-feira.

E o agora treinador dos leões é o principal culpado. «Quando cheguei a León, tinha 21 anos, e havia jogadores muito experientes que me ajudaram muito. O Richie foi um deles, como o Danijel Saric, o Sigfús Sigurdsson, o Claus Jakobsen. Eles foram como pais para mim, foram professores que me ensinaram muita coisa e que me ajudaram a crescer», recorda.

«O FC Porto deve lamentar o dia em que os deixou sair»

Essa relação nascida há quase 20 anos manreve-se, apesar da distância. E mesmo que não se vejam há muitos anos, como admite Alilovic, ele e Ricardo Costa trocam mensagens com alguma regularidade.

De resto, o croata mostra-se um profundo conhecedor de tudo o que aconteceu nos últimos anos à família Costa, no seio do andebol.

«O FC Porto deve lamentar o dia em que deixou os dois miúdos sair. E mesmo o Ricardo, que está a fazer um grande trabalho, e saiu de forma estranha do clube. Mas eles continuaram sempre a trabalhar e estão a merecer os frutos que estão a colher», defende..

Mas é também por acompanhar de perto a carreira do Sporting, que o guardião do campeão polaco não espera facilidades. 

«No ano passado, só por azar não chegaram à final-four da Liga Europeia. Mas quem ganha ao Fucshe Berlim e ao Din. Bucareste em casa e fora tem de ser muito forte. Uma equipa que não seja séria no jogo, vai ter problemas e nós sabemos isso», aponta, antes de detalhar os pontos fortes que vê no jogo dos leões e que não se resume a Martim e Kiko.

«Eles são os jogadores mais perigosos, mas a equipa do Sporting não são apenas os dois. O Natán [Suárez] está a jogar muito bem, o Salvador também é muito bom e o número 23 [João Gomes] está a jogar igualmente bem. Têm muitos jogadores que não hesitam em rematar, que se conhecem muito bem e que são difíceis de travar. Contra eles, não se pode relaxar nunca», realça.

Ou seja, de um lado e do outro, estão todos avisados para o que pode acontecer no campo. Mas fora o desejo será partilhado por todos aqueles velhos amigos: «Espero conseguir falar com eles antes do jogo. E no fim, talvez ir beber um copo».

Mas primeiro os negócios!

Mirko Alilovic (IMAGO)