Tudo sobre os prémios das novas provas europeias
Manchester City conquistou Liga dos Campeões em 2022/2023 (IMAGO / Sebastian Frej)

Tudo sobre os prémios das novas provas europeias

INTERNACIONAL29.08.202400:43

UEFA vai distribuir mais 600 milhões de euros pelos clubes. Maiores prémios de presença e de resultados, mas valores por vitória e empate descem. Revolução nas verbas de televisão

A temporada 2023/2024 ainda não terminou - amanhã começam as meias-finais do Campeonato da Europa -, mas a de 2024/2025 já está aí. Também amanhã arranca a nova Liga dos Campeões, com seis jogos da primeira mão da primeira pré-eliminatória (mais oito na quarta-feira, incluindo deslocação dos luxemburgueses do Differdange, treinados por Pedro Resende, à Islândia, para defrontar o Klaskvík). Seguem-se Liga Europa (quinta-feira) e Liga Conferência (quarta e quinta).

A BOLA já explicou as mudanças nos quadros competitivos das competições da UEFA, que deixam de ter fases de grupos, como as conhecíamos, e passam a ter uma fase de liga, com classificação única e 36 equipas, cada uma delas fazendo oito (Champions e Liga Europa) ou seis (Liga Conferência) jogos, sempre com adversários diferentes, para apurar os oito primeiros para os oitavos de final e os clubes classificados entre o 9.º e o 24.º para um play-off de acesso a esses oitavos.

Faltou, porém, falar dos prémios. Que mudam também substancialmente. As provas da UEFA funcionam em ciclos de três anos, tanto no formato como na venda de direitos televisivos. E portanto, com a nova Champions, vem também uma nova forma de distribuição pelos participantes.

O dinheiro disponível para os clubes sobe substancialmente. No último ciclo, entre 2021 e 2024, o encaixe financeiro da UEFA com as três competições europeias foi de 3,5 mil milhões de euros. Agora, passa a ser de 4,4 mil milhões, um aumento de 25,7 por cento. Nem todo esse dinheiro vai para os clubes - logo de início, a UEFA deduz 387 milhões de euros para custos operacionais das competições. Depois, 132 milhões vão para prémios das pré-eliminatórias, 308 milhões para clubes que não participam nas competições europeias (um aumento significativo, 7 por cento do total, quando até aqui era de 4 por cento), 22 milhões são desviados para a Champions feminina e 3 milhões para a Youth League. Sobram 3,548 mil milhões de euros, mas desses 6,5 por cento são reservados para promover o futebol europeu e ficam com a UEFA, seguindo então 3,317 mil milhões para os clubes que participam nas competições europeias a partir da fase de liga (e, no caso da Champions, a partir do play-off de acesso a essa fase, cujos direitos televisivos já são comercializados de forma centralizada).

Desses 3,317 mil milhões (subida de 21,4 por cento; eram 2,732 no ciclo anterior), 2,467 mil milhões vão para os clubes que jogam a Champions e a Supertaça Europeia (74,38 por cento do total), 565 milhões para os que estão na Liga Europa e 285 milhões para os da Liga Conferência, uma distribuição igual à que acontecia até aqui. Quer isso dizer que os clubes vão receber, em média, mais 21,4 por cento? Não, porque passa a haver 108 clubes com acesso à fase de liga das provas, quando até aqui eram 96 na fase de grupos. Ou seja, o aumento de receitas, em média, por clube participante nas provas europeias será de 8 por cento.

EXTRA POR CLASSIFICAÇÃO

As novas provas europeias não vão ser, então, as galinhas de ovos de ouro que muitos esperavam. Embora, na Champions, um aumento de 8 por cento signifique mais de 5 milhões de euros por clube, o que não é de desprezar. Não podem, porém, os clubes contar com essa subida, porque há alterações radicais na forma como o dinheiro será distribuído, que vai beneficiar uns e prejudicar outros.

Na Champions, até aqui, 25 por cento do valor disponível para os clubes era distribuído em prémios de participação, ou de presença. 30 por cento era pago em função dos resultados obtidos e fases alcançadas. 30 por cento era atribuído em função do coeficiente e 15 por cento era distribuído no market pool, proporcional ao valor de mercado dos direitos televisivos por país.

Esses dois últimos fatores desaparecem e são juntos num, o pilar valor, que passa a representar 35 por cento do total. Isso permite aumentar os prémios de participação, de 25 para 27,5 por cento, e de resultados, de 30 para 37,5. Juntando a isso o aumento absoluto de valores, os prémios de participação passam de 500,5 milhões para 670 milhões e os de resultados de 600,6 para 914 - lembrando que há mais quatro equipas a receber e mais jogos para disputar, pelo que o aumento por clube não é tão significativo.

Por clube, na Liga dos Campeões, o prémio de participação passa de 15,64 milhões por clube para 18,62 milhões. Quanto aos prémios por resultados, para além de aumentos por fase atingida (ver quadros detalhados na página 17), a mudança mais significativa é que passa a haver prémios pela classificação final na fase de liga.

O clube que termine no 36.º lugar receberá 275 mil euros. O 35.º receberá 275 mil euros vezes 2, ou 550 mil. Cada lugar acima na classificação vai valendo 275 mil euros adicionais. O 20.º classificado encaixará 4,675 milhões de euros; o 10.º 7,425 milhões; e o primeiro classificado da nova fase de liga da Champions recebe mais 9,9 milhões de euros - havendo ainda bónus adicionais para quem termine entre o 1.º e o 8.º lugar (2 milhões) e entre o 9.º e o 16.º (1 milhão).

Mas atenção: os prémios por vitória e empate nessa fase baixam, consequência não só do aumento de jornadas (8 em vez de 6) como de jogos por jornada (18 em vez de 16). No ciclo anterior, cada clube recebia 2,8 milhões de euros por cada triunfo na fase de grupos e 930 mil euros por empate. Agora, na fase de liga, a vitória vale 2,1 milhões e o empate 700 mil.

Na Liga Europa e na Liga Conferência os princípios de distribuição são semelhantes, embora com valores bem inferiores, claro. Por exemplo, o 36.º classificado da fase de liga da Liga Europa recebe, por isso, 75 mil euros e o 1.º 2,7 milhões; na Liga Conferência esses valores baixam para 28 mil e 1,008 milhões.