Sistema tático é o espaço de opinião semanal do jornalista Paulo Pinto
1 Roberto Martínez está no olho do furação por não ter utilizado Geovany Quenda — e bem que o podia ter feito! — no encontro com a Croácia, que já não contava para o totobola e servia essencialmente para testar valências de jogadores novos que poderiam ser úteis para o futuro da Seleção Nacional. O selecionador nacional procura ter um discurso elegante, pomposo e que gere simpatia, mas espalhou-se ao comprido pela forma como na conferência de imprensa aflorou a não utilização do jogador do Sporting, justificando que o jovem não estaria naquele contexto para bater o recorde de Futre, mas sim cumprir 150 jogos por Portugal e que a estreia não é importante. Posteriormente já argumentou que, face às contingências do jogo, não existiam razões para tanta celeuma, mas não geriu a situação e a comunicação da melhor forma possível.
Mas por falar em recordes ao serviço da Seleção Nacional, que no seu entender Geovany Quenda não merece bater, lembro apenas que no Europeu não fez descansar Cristiano Ronaldo na fase de grupos para que o capitão pudesse ser o primeiro a marcar em mais fases finais da competição.
Fica a clara sensação de que o treinador espanhol não deve ter visto a exibição de excelência do ala sportinguista no jogo com o Manchester City, da mesma forma que não viu os desempenhos durante a época passada de Francisco Trincão e Pedro Gonçalves na caminhada que conduziu o Sporting ao título de campeão nacional. Mas, no fundo, a mim não me surpreende em nada esta análise sobre o técnico que a Federação Portuguesa de Futebol optou por manter em funções depois de uma paupérrima participação no Campeonato da Europa, disputado na Alemanha, com resultados aquém das expectativas e exibições miseráveis. Roberto Martínez trabalhou com a denominada geração de ouro do futebol belga, guindou-a ao primeiro lugar do ranking da FIFA, mas em termos práticos, o que conquistou? Zero! Bola!
A Federação Portuguesa de Futebol, na circunstância o seu presidente, Fernando Gomes, entendeu por bem manter no cargo um selecionador cheio de dúvidas, cujo discurso não é coerente, cujas opções que faz nas convocatórias são demasiado discutíveis, como a chamada de jogadores suplentes nos seus clubes, mas que ostentam um estatuto que só esporadicamente provam em campo. É neste emaranhado de insensatez que Roberto Martínez prossegue incólume o seu trabalho. As críticas são ferozes, mas já estávamos carecas de saber isso.
Jovem não escondeu o desalento após falhar a estreia na Seleção Nacional mas, sabe A BOLA, está totalmente empenhado e focado em meta imediata: estrear-se a marcar em Alvalade já na estreia de João Pereira diante do Amarante
2 A semana também ficou marcada pelo castigo de oito jogos aplicado a Nuno Santos pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, depois de ter ferido dois espectadores ao partir um vidro no camarote durante a Supertaça Cândido Oliveira. O timing da sanção não podia ser melhor, com o extremo do Sporting a poder cumprir a pena durante o período em que recupera de uma intervenção cirúrgica. Mas alguém leva a sério este órgão da FPF? O mesmo que deixa passar impune pirotecnia nuns estádios, mas noutros já pune com jogos à porta fechada...