Tudo o que disse Roberto Martínez antes do jogo contra a Croácia

NACIONAL04.09.202420:10

Selecionador com boas expectativas para o encontro que abre o percurso da Seleção na Liga das Nações. Elogiou as caras novas, em particular Quenda

Roberto Martínez garantiu, na conferência de imprensa antes do jogo entre Portugal e Croácia para o Grupo 1 da Liga das Nações, a realizar-se no Estádio da Luz esta quinta-feira, que a Seleção está ansiosa para pisar o relvado e jogar um futebol atrativo e ofensivo. O selecionador diz que quer dar alegrias aos adeptos e comentou o que achou dos jogadores, em particular de Geovany Quenda e Pedro Gonçalves.

— Que Portugal vamos encontrar nesta Liga das Nações e que expectativas é que podemos ter para o onze contra a Croácia? Conservador ou com novidades?

— Estamos ansiosos por voltar ao campo e vamos encontrar um Portugal cheio de energia e com muita vontade. A Croácia é uma equipa que gosta de ter bola, duas equipas que lutam para ter a bola e o futebol de ataque é sempre um bom jogo para os adeptos. É um Portugal com muita ambição e ansioso de voltar ao campo. Estádio cheio, os adeptos foram incríveis na Alemanha e queremos voltar a dar-lhes alegrias.

— Com surpresas ou sem surpresas?  

— O que é importante é o formato da Liga das Nações. Temos dois jogos e só 72 horas entre os jogos. Todos os jogadores são importantes. O onze inicial é importante, mas os jogadores que terminam o jogo também são importantes. O que interessa é que os jogadores estejam preparados. Os jogadores novos mostraram uma personalidade incrível. Conheço as suas valências, mas a personalidade, a atitude, foi uma experiência muito agradável.

— O que tem achado de Quenda?

— Os selecionadores dizem sempre que idade não é critério. Gosto do exemplo do Quenda porque é isso. Mostrou uma personalidade, uma qualidade, uma capacidade de adaptação incrível. Um jogador que gosta de desequilibrar. Qualidade técnica, mas uma qualidade que não é normal aos 17 anos. Fez um europeu sub-17 muito bom. Entra na primeira equipa do Sporting e mostra uma personalidade incrível. E agora mostrou que está preparado para a seleção. Boas notícias para o futebol português.

— Os adeptos querem sempre que a equipa jogue melhor e ganhe, acha que isso é possível?

— Nós queremos ganhar sempre. Isso é importante. Também acho que nos torneios – os europeus, os mundiais –, temos os melhores jogadores do mundo. Os jogos têm detalhes. Disse antes do europeu que havia seis, sete seleções que podiam ganhar e nós fazemos parte desse grupo. Mas o detalhe é um penálti onde a bola bate num posto e entra ou sai. Demos tudo, mostrámos personalidade. Controlámos o jogo contra a França, uma equipa muito boa. Crescemos durante o torneio, o nosso melhor jogo foi o quinto. O grupo estava preparado para fazer mais dois jogos. Gostei da personalidade e de muitos aspetos que fizemos bem. Agora, precisamos de melhorar. As críticas fazem parte. A exigência é máxima, mas a exigência interna é ainda maior que a exigência dos adeptos.

— Como é que vê o Pedro Gonçalves? Pediu desculpa por não ter convocado para o europeu?

— Pote merece estar na seleção. Ele sabe que há muita competitividade. Há muitos jogadores que pisam os mesmos terrenos. Gostei muito da sua atitude. Treinou-se muito bem. Faz parte de estar neste balneário, ter uma personalidade de chegar e mostrar que pode ajudar. Não há que desculpar, para um selecionador é importante trabalhar muito, ter muita informação, ser honesto e ter responsabilidade. Eu só posso chamar um número de jogadores. Preciso tomar decisões para o melhor da seleção. Não é uma questão de pedir desculpas. Pedir desculpas é quando não podes tomar uma decisão com honestidade.

— Em que posição pretende usar Pedro Gonçalves?

— Para a nossa estrutura tática, é um jogador para jogar entre linhas. É inteligente, pode executar o último passe, tem finalização. Mas é um jogador para jogar por dentro. Tem a capacidade de receber de costas, virar, tem um bom jogo de combinação e um bom jogo por dentro.

— Este ano vimos o João Neves juntar-se ao Vitinha no PSG. Também João Félix e o Pedro Neto começarem a jogar juntos no Chelsea. Pode aproveitar as dinâmicas que eles têm nos clubes?

— Penso que não. Normalmente, o jogador é uma peça individual. No clube jogam com uma estrutura tática diferente, um princípio de jogo diferente. Ter jogadores com ligações nos clubes não ajuda nem prejudica a seleção, não tem um significado para nós.

— Disse há uns dias que Raphael Guerreiro não foi convocado por estar lesionado, mas depois jogou 90 minutos pelo Bayern. Ficou surpreendido ou faz parte do plano com o jogador?

— A conversa com o Raphael era que ele precisa do período da seleção para poder trabalhar o seu corpo para evitar os problemas físicos que ele teve que o deixaram fora do europeu. É uma conversa que tivemos e concordamos nisso. Então, não é uma questão de o Raphael estar lesionado, não era isso. É o que o Raphael acha que precisa, agora, depois de uma pré-época muito exigente, utilizar o período da seleção para poder trabalhar no seu corpo.  Até ao fim da Liga das Nações não virá.

— Como viu a Croácia no Euro? Pode comparar o nível de pressão entre treinar Portugal e a Bélgica? O nível de pressão, o público e as expectativas, coisas assim.

— São os pequenos detalhes de que falamos em grandes torneios, eles jogaram muito bem contra a Espanha e perderam 3-0. Detalhes como conceder um golo contra a Itália no último segundo é o que os deixa de fora do torneio. Não acho que tenhamos visto uma Croácia diferente, tiveram uma mentalidade incrível, com uma grande habilidade técnica, como sempre. Uma equipa que, tecnicamente, está no nível mais alto, com jogadores que podem controlar o jogo, e controlar a bola contra qualquer adversário. Sobre a pressão, a pressão no futebol vem do interior. A pressão no futebol não vem do exterior. Do exterior, há pessoas que te apoiam e outras que querem que percas. A pressão vem da nossa exigência.