SAD do Benfica volta a ter lucro
Encarnados já enviaram Relatório e Contas à CMVM
A SAD do Benfica apresentou um lucro de €4,2 milhões no ano fiscal que terminou a 30 de junho, voltando assim a terreno positivo depois de dois anos marcados por prejuízos devido ao impacto da pandemia de Covid-19. O Relatório do Governo das Sociedades foi enviado esta noite para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Os encarnados somaram €284,7 milhões em receitas (+21,9%), dos quais €195,8 milhões sem transações de atletas, um valor que representa um recorde na sociedade encarnada.
Ainda assim só com a venda de passes de jogadores foi possível ter lucro. Sem os €88,9 milhões de transferências (a fatia maior vai para a saída de Enzo Fernández para o Chelsea, em janeiro), a SAD_apresentaria um prejuízo de €59,5 milhões.
As receitas sem vendas foram boas para as águias, evidenciando variações positivas em todos os indicadores, destacando-se os €74,3 milhões de prémios da UEFA (outro recorde na história do clube, aumento de 13,6% face ao ano anterior). A bilhética aumentou €5,8 milhões, os patrocínios renderam mais €3,7 milhões e a área corporate (venda de lugares exclusivos e camarotes de empresa) trouxe para os cofres mais €2,7 milhões.
Massa salarial baixa
No entanto tudo isto não supera os gastos operacionais (sem incluir contratações de jogadores), que se fixaram em €245,8 milhões (aumento de 1,3% face ao período homólogo). A SAD_reduziu a massa salarial graças à alienação de jogadores que estavam nos quadros (mas não do plantel), porém ficou tudo igual a 2022/2023 porque os ordenados da equipa técnica liderada por Roger Schmidt é maior que os de Jorge Jesus e do sucessor Nélson Veríssimo (a soma entrou nas contas do exercício passado). Isto é, o grupo que se sagrou campeão foi mais barato, mas Schmidt puxou as contas para cima.
60,1% das receitas vêm de fora
A maior parte da receita total é proveniente de capitais estrangeiros, concretamente 60,1 por cento, seja através dos contratos de patrocínio, prémios da UEFA e transferências de jogadores (saídas). Quer isto dizer que o mercado nacional continua a ter pouco peso, incluindo a fatia dedicada às receitas televisivas — em 2022/2023 o Benfica recebeu €48,8 milhões da NOS.
O aumento do valor a receber pelos direitos televisivos será, a médio e longo prazo, a única forma de combater a necessidade de vender jogadores, mas esse é um cenário ainda muito difuso. Outra fonte de receita pode passar pela venda do naming do Estádio da Luz, mas também neste capítulo ainda há um caminho a percorrer.
No resto, a margem de crescimento é limitada. O Benfica já aumentou os preços de bilhetes e do corporate (há fila de espera para os camarotes) e o arrendamento do estádio rendeu €3,6 milhões, mas só a venda de jogadores permite ter lucro e uma equipa competitiva.