Real Madrid: nem a chegada de Mbappé demoveu Kroos da reforma
A despedida de Toni Kroos do Real Madrid (IMAGO)

Real Madrid: nem a chegada de Mbappé demoveu Kroos da reforma

Alemão recorda momentos em que decidiu terminar carreira e como geriu o tema no clube

Toni Kroos está reformado do futebol há três meses, mas mostra uma vitalidade admirável, seguro de que tomou a decisão certa ao deixar a seleção alemã e o Real Madrid.

«Estou muito bem, para ser sincero, feliz, embora a vida seja diferente. Mas estou bem, feliz como antes. Tenho projetos interessantes e tenho uma vida muito boa», resume em entrevista ao jornal Marca, que sublinha, no entanto, que está envolvido em tantos projetos – uma escola de futebol, uma Fundação, um torneio - que parece trabalhar agora ainda mais:

«Se calhar, sim. A minha vida é diferente, mas acho que trabalho mais do que antes [risos]. É um trabalho diferente, mais de pensar, de iniciar projetos e de cuidar deles. Quero que as coisas corram bem e para isso é preciso trabalhar. Na escola de futebol, por exemplo, tenho muitos miúdos que quero melhorar. Antes, ia para o treino, jogava e pronto. Agora tenho de pensar. E depois há a Fundação, que já tem dez anos e onde tentamos ajudar as crianças que estão doentes ou muito doentes. Toda a família está envolvida nisto, porque há muitas pessoas que estão a passar um mau bocado. Eu tenho sorte, porque os meus filhos são saudáveis, estão de boa saúde», reflete.

A decisão de acabar carreira aos 34 anos foi amadurecida em família, mas mais difícil foi contar no clube, nomeadamente ao treinador Carlo Ancelotti: «Não foi fácil. Eu sabia que ele não ia ficar zangado, mas ia ficar um pouco triste. Também não foi um momento fácil para mim, porque era o fim de algo que tinha sido muito especial. Tentei escolher um bom momento. Tive a sorte de sermos campeões com uma margem e pensei ‘é agora!’, porque havia o momento perfeito entre a Liga e a final da Liga dos Campeões

E com os companheiros? Foram várias as conversas. «Falei com eles um a um, porque alguns deles estavam comigo há pouco tempo, outros há mais tempo, outros tinham uma relação muito próxima... E queria informar toda a gente pessoalmente. Fiz tudo num ou dois dias. Se me tentaram convencer a mudar de ideias? O bom é que, nestes dez anos, toda a gente me conhece muito bem. E sabem que se eu tomo uma decisão bem pensada, não há volta a dar. O treinador disse-me: ‘És alemão e não há nada a fazer, certo?’ Tentaram convencer-me, mas sabiam que isso não ia acontecer. Expliquei-lhes que já tinha tomado a decisão há alguns meses e que não a ia mudar. Foi uma conversa muito boa, mas não foi fácil.»

E nem a chegada de Mbappé o convenceu: « Não... Esta decisão não depende da ida ou vinda de um jogador, foi uma decisão minha. Eu sabia que o Mbappé vinha e estou contente por ele vir, porque vai ajudar a equipa. Podia ter sido há dois anos, mas agora está finalmente aqui. Mas Mbappé não influenciou a minha decisão.»