Em 2012, o avançado/médio, agora com 40 anos, viveu o melhor momento da sua carreira ao conquistar a Taça de Portugal ao serviço do emblema de Coimbra. O jogador recorda o vídeo motivacional que Pedro Emanuel mostrou antes do apito inicial dessa final, além da passagem pelo FC Porto
- Quais foram os momentos mais significativos da sua carreira? Podes partilhar uma memória específica que te tenha marcado?
- O momento da minha estreia na Liga é inesquecível. Foi aí que senti que realizei o sonho de ser jogador profissional, lançado pelo Boavista, por Jaime Pacheco. Mas o ponto alto da minha carreira foi a conquista da Taça de Portugal com a Académica [em 2012], sem dúvida.
- O único jogo realizado pelo FC Porto entra na galeria de momentos mais frustrantes? O que falhou?
- Não diria frustrante, mas sinto uma certa mágoa. Joguei apenas uma vez pelo FC Porto e, mesmo tendo sido campeão nacional nessa época [2006/07], não o senti da mesma forma que quando ganhei a Taça com a Académica. Não me senti parte do plantel. Houve uma série de fatores: fui uma contratação do técnico Co Adriaanse, que acabou por sair antes da época começar devido a desentendimentos com a direção. O novo treinador [Jesualdo Ferreira] não apostou em mim, e, em janeiro, decidi sair por falta de minutos.
A cumprir a quarta época no Salgueiros, no Campeonato de Portugal, Diogo Valente começa a planear a sua retirada do futebol. Aos 40 anos, e com passagens por Académica, FC Porto, Boavista, Gil Vicente, SC Braga, Beira-Mar, entre outros, analisa ainda a nova geração de jogadores de futebol
- Embora tenhas conquistado um troféu de campeão nacional com o FC Porto, como te sentes em relação a esse título, considerando que participaste em apenas um jogo?
- É um sentimento agridoce. Sempre fui um portista ferrenho e sonhei jogar no FC Porto. Tive outras opções, mas escolhi o FC Porto porque era o meu sonho de infância. Apesar de não ter tido o sucesso que desejava e ter sido emprestado várias vezes, representar esse clube foi importante. No entanto, a minha passagem não foi aquilo que esperava.
- Qual o clube que consideras mais especial?
- O Salgueiros é especial, porque nunca tinha ficado tanto tempo num clube como aqui. Vou sempre guardar este clube com um carinho enorme. Mas a Académica também ocupa um lugar muito especial por todas as conquistas que vivi lá.
- Tendo jogado na Turquia e na Roménia, qual desses clubes contribuiu mais para a tua formação como jogador?
- Foram duas experiências muito enriquecedoras. Durante a minha carreira, tive várias oportunidades para jogar no estrangeiro, mas optei por ficar em Portugal até ao momento em que surgiu a oportunidade de ir para a Roménia. Na altura, o campeonato não era muito conhecido, mas fui para um grande clube, o campeão romeno, com a perspetiva de jogar a Liga dos Campeões. Esse foi um dos grandes atrativos, juntamente com a vertente financeira, que também considerei importante para a fase em que estava. Olhando para trás, percebo que talvez pudesse ter aceitado algumas das outras ofertas que tive, de campeonatos mais fortes do que o romeno. Na altura, tive abordagens de clubes da Primeira Divisão espanhola, como o Celta de Vigo, e também do campeonato francês, mas acabei por ficar por cá, porque tinha ligações ao FC Porto e ao SC Braga, onde me sentia valorizado.
- Podes partilhar alguns dos momentos mais especiais da tua carreira? Alguma história em particular que gostarias de contar?
- A maior alegria da minha vida foi, sem dúvida, a conquista da Taça de Portugal. Há momentos que vão ficar para sempre na memória. E no final do jogo, com toda aquela alegria e emoção, os meus colegas a festejarem, e eu a ser o único a ficar fechado na sala de controlo antidoping… foi uma situação engraçada. Lembro-me que o meu colega da Académica despachou-se rápido, mas eu fiquei lá com outro colega do Sporting, que também demorou no teste. Tal como a palestra antes desse jogo, do Pedro Emanuel, com um vídeo motivacional que deixou tudo em lágrimas...
- Lembras-te bem desse momento, especialmente do vídeo motivacional? Ainda costumas vê-lo?
- Não o tenho comigo. Acho que posso partilhar... Hoje em dia, é comum ver esses vídeos em momentos decisivos, mas foi a primeira vez que vivi algo assim. Era um vídeo motivacional com as mensagens das nossas famílias. Ficámos todos em lágrimas, a energia do grupo foi imensa depois disso. A confiança era enorme, sabíamos que podíamos vencer o Sporting. Acho que isso, junto ao espírito de grupo incrível que tínhamos, foi um dos segredos da nossa vitória histórica.
O jogador português partilha as impressões das convivências com jogadores como Rúben Amorim e Hugo Viana, assim como a influência de treinadores como Sérgio Conceição, Pedro Emanuel e Jorge Costa