Entrevista A BOLA Parte 3 | Diogo Valente fala da «inteligência excecional» de Amorim e da «obsessão pela vitória» de Conceição
O jogador português partilha as impressões das convivências com jogadores como Rúben Amorim e Hugo Viana, assim como a influência de treinadores como Sérgio Conceição, Pedro Emanuel e Jorge Costa
- Partilhaste o balneário com Hugo Viana no SC Braga [2009/10]. Na altura, dava para perceber o potencial que ele tinha para ser o diretor desportivo que é hoje?
- Não, mas o Hugo sempre teve uma postura muito tranquila, com classe, sempre low profile. Hoje é um profissional reconhecido, esse ressurgimento do Sporting também passa muito pela sua personalidade, competência e humildade, qualidades notáveis, porém, naquela época eu não antevia que ele se tornaria o grande diretor desportivo que é agora.
- Também dividiste o balneário com o Rúben Amorim na seleção sub-20 em 2006. Achas que ele é melhor treinador do que jogador? Já nessa altura percebiam que ele tinha vocação para treinar?
- O Rúben era um jogador de uma inteligência excecional, o que o faz ser um grande treinador. Era uma pessoa divertida e mantinha sempre um ambiente positivo no balneário, o que imagino que ainda o faça. Ele é líder pelo exemplo, com a naturalidade que o caracteriza, mas, claro, com a exigência necessária.
- O que aprendeste com o Sérgio Conceição na Académica? Já naquela altura ele era tão exigente como é hoje?
- Sempre foi muito exigente, já na Académica o era. Ele tinha uma obsessão por vencer que o clube não estava habituado. Era rigoroso, mas isso ajudava a preparar-nos para o alto nível. A sua competência tática foi uma das coisas que mais me marcou. Se hoje tivesse sido treinado por ele mais jovem, acredito que teria alcançado outro patamar.
- Além do Sérgio, também foste treinado por Jorge Costa e Pedro Emanuel. Sentes que o ADN do FC Porto influenciou a tua formação como jogador?
- Sem dúvida. Todos eles tinham uma enorme fome de vencer, cada um com a sua forma de liderar, mas com a mesma vontade de sucesso. O Sérgio, contudo, destacou-se pela obsessão pela vitória, e é por isso que teve tanto sucesso.
- A Académica, agora na Liga 3, está afastada do futebol profissional. O que achas que falta para o clube voltar à elite?
- É complicado entender. A Académica mudou muito desde o meu tempo lá. Talvez falte maior ligação com a cidade ou mais ambição da direção. Lembro-me do apoio imenso que sentimos quando fomos à final, talvez seja esse tipo de envolvência que falta.
- Tens ligação ao Beira-Mar e agora ao Salgueiros. Estes clubes também viveram melhores dias. O que achas que os adeptos ou direções podem fazer para recuperar?
- Apoio não falta. As pessoas querem ver os clubes a voltar aos seus melhores dias. No caso do Salgueiros, estar fora do Vidal Pinheiro tira algo do clube. O regresso ao seu lugar de origem faria a diferença. Quanto ao Beira-Mar e à Académica, às vezes é uma questão de mentalidade ou ambição da direção.
- Houve alguém que teve um grande impacto na tua carreira?
- Jaime Pacheco foi crucial ao apostar em mim no início da minha carreira. Quanto a colegas, tenho uma grande amizade com o Bosingwa, que conheci no Boavista e no FC Porto. O Éder é uma figura especial, também acompanhei a sua ascensão. O Adrien Silva e o Rui Pedro, que se tornou padrinho do meu filho, são outros exemplos de relações marcantes que mantenho.