Os destaques do SC Braga: Zalazar, um ‘sniper’ à solta na Luz embalado pelo mestre da pausa
Exibição portentosa do uruguaio que defendeu como médio e atacou como avançado: autor de dois golos, um deles assombroso; Moutinho nunca joga mal, mesmo quando é impotente para travar correrias; Hornícek: meio ‘frango’
A figura do jogo: Zalazar (nota 8)
Futebolista de alta rotação, médio a defender e segundo avançado a atacar, o jogador do SC Braga com maior raio de abrangência e o mais imprevisível, porque nunca se deu à marcação. Antes dos golos já era o principal responsável por esticar o jogo dos bracarenses, queimando linhas com bom domínio de bola e velocidade em progressão. Autor do primeiro golo da partida, num canto de laboratório e beneficiando do desvio de João Mário e nenhumas dúvidas quanto à espetacularidade do segundo, pegando na bola com a força de um gladiador e a frieza de um sniper. Obrigou ainda Trubin a três defesas. Quem faz uma exibição assim não merece perder.
5 Hornicek - Fica marcado pelo golo de Arthur Cabral, um daqueles lances muito perto do frango, embora tendo como atenuante a imprevisibilidade e a força do remate do brasileiro. Esteve sempre ligado ao jogo e evitou outros golos das águias, com paradas importantes pelo ar e pelo chão.
7 Víctor Gómez - Início de grande andamento, autor do primeiro remate do jogo aos 7’, obrigando Trubin a defesa apertada e de cujo canto iria resultar o primeiro golo da equipa. Mesmo com Rafa pela frente nunca perdeu a orientação e o sentido prático, principalmente na hora de sair a jogar, ligando a equipa com passes longos com critério. O amarelo na segunda parte foi consequência da perda de rendimento.
5 Serdar - Deixou-se ludibriar pelo movimento de corpo de Arthur Cabral no 2-1. Sem erros de palmatória, não transmitiu, porém, a mesma segurança e sentido de posicionamento de Paulo Oliveira.
6 Paulo Oliveira - Partida de muita intensidade do central português, quase sempre apostando na antecipação. É certo que Arthur Cabral deu muito trabalho, mas é igualmente relevante dizer que o brasileiro saiu muitas vezes do raio de ação dos centrais. No golo de Rafa, ele e toda a defesa nada podiam fazer depois de aberta a brecha a meio-campo.
6 Borja - Deu o início à jogada combinada no canto do SC Braga que redundou no primeiro golo de Zalazar. Venceu a maior parte dos duelos com Di María e demonstrou sempre muita segurança nas saídas sob pressão.
5 Rony Lopes - Tem intervenção direta no 1-0, com o toque para trás onde surgiu Zalazar para o remate feliz. Tentou esticar o jogo usando a velocidade pelo corredor direito, mas passou a maior parte do encontro em apoios defensivos, vendo jogar. Saiu aos 56’, esgotado.
6 João Moutinho - Quem tem mil jogos na carreira joga de olhos fechados seja em que contexto for, sabendo disfarçar a falta de explosão com uma extraordinária leitura de jogo. João Moutinho nunca joga mal porque a rapidez mental está intacta e sabe sempre onde estar, o que fazer, a que colega colocar a bola. O internacional português é o mestre da pausa, mas num jogo como este, que em certos momentos foi marcado por constantes transições.
5 Vítor Carvalho - Muitas bolas divididas com João Neves, que não é propriamente o adversário mais agradável de defrontar porque nunca se sabe se o jovem benfiquista vai para a esquerda, para a direita, se vai travar ou acelerar. Autor do golo dos bracarenses no dérbi minhoto, desta vez andou muito longe da baliza.
5 Ricardo Horta - Tal como Moutinho, o capitão do SC Braga é daqueles que nunca joga mal porque tem um conhecimento tal do jogo que disfarça qualquer debilidade momentânea. Muito preso ao corredor esquerdo, principalmente em funções defensivas, pautando o seu jogo em função do que faziam Di María e Aursnes. Mais reação que proatividade. Equando se esqueceu do norueguês, este fugiu-lhe das costas e apareceu na área para assinar o 3-2.
5 Abel Ruiz - Está claramente a atravessar um mau momento. Alguns detalhes técnicos lembram que se trata de um avançado refinado (abertura para Djaló ficar perto do golo, aos 68’) e aguentou muito jogo de costas, na maior parte das vezes em desvantagem numérica. Uma partida de abnegação, mas ingrata.
5 Álvaro Djaló — Trouxe energia à faixa direita. Apareceu em boa posição para marcar (68’), mas o remate saiu ao lado.
5 Roger — Também exibiu sinais de inconformismo no pouco tempo de que dispôs para tentar fazer a diferença.
- Joe Mendes — Sem tempo nem impacto.
- Pizzi — Foi ovacionado quando entrou. Só por isso terá valido a pena entrar aos 88’.
- André Horta — Outro regresso à Luz. Mas também sem oportunidade de refrescar as ideias ou a capacidade física da equipa.