O que diz o acórdão: árbitro desmentiu Pepe na acusação de racismo a Colombatto
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O que diz o acórdão: árbitro desmentiu Pepe na acusação de racismo a Colombatto

FUTEBOL09.10.202309:00

A BOLA teve acesso ao acórdão do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol sobre o caso que marcou o FC Porto-Famalicão nas meias-finais da Taça de Portugal, na época passada

O médio argentino Santi Colombatto, que o ano passado jogava no Famalicão e esta época está no Oviedo, foi absolvido no caso da acusação de alegada ofensa racista a Pepe no jogo da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal da época passada, a 4 de maio.

A BOLA teve acesso ao acórdão do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), segundo o qual Pepe foi o único a dizer que Colombatto lhe chamou ‘mono’ (macaco), ao passo que o diretor-geral Luís Gonçalves, também do FC Porto, disse que nada ouviu e reconheceu que Jhonder Cádiz era o jogador mais próximo. Ora, Cádiz vincou que ouviu tudo e explicou claramente o que foi dito: «Me diste un patadon, boludo. [Deste-me uma patada, idiota].» Juntando a isto o facto de o árbitro Manuel Mota também ter defendido taxativamente que o árbitro não chamou ‘mono’ a Pepe, a prova produzida não ofereceu a mínima dúvida aos elementos do CD, de tal forma que a absolvição de Colombatto foi decidida por unanimidade.

«Aqui chegados, da materialidade dada como provada não resulta, por não se ter demonstrado, que após o minuto 87 de jogo, quando se encontrava caído no terreno de jogo, o jogador Santiago Colombatto tivesse olhado na direção do jogador Pepe e proferido, na sua direção, a palavra ‘mono’. Por tal razão, atenta a factualidade considerada provada, da mesma não emerge demonstrada a prática de qualquer infração disciplinar pelo jogador arguido, em virtude do que, não se mostrando preenchidos os elementos objetivos e subjetivos do ilícito disciplinar previsto e sancionado pelo artigo 159.º do RDLPFP, resta concluir pela improcedência da acusação, assim se impondo a absolvição do arguido Santiago Colombatto», lê-se.

«Luís Gonçalves, delegado ao jogo da Porto SAD, afirmou estar no banco de suplentes e não ter ouvido nada», está igualmente escrito no acórdão. O mesmo Luís Gonçalves, porém, admite que Jhonder Cádiz, também jogador do Famalicão, era o mais próximo, o que, segundo o CD da FPF, «reforçou a credibilidade do seu depoimento». Ora, Cádiz assegurou que Colombatto não chamou mono a Pepe, antes de dirigiu as seguintes palavras: «Me diste um patadon, boludo [Deste-me uma patada, idiota]».

Quanto ao árbitro Manuel Mota, foi «taxativo» ao garantir que Colombatto não chamou mono a Pepe. «O jogador arguido efetivamente proferiu uma palavra que o árbitro não conseguiu perceber, mas que não lhe chamara ‘macaco», lê-se também no acórdão.

Recorde-se que o FC Porto já reagiu à decisão, este domingo, através da newsletter ‘Dragões Diário’: «É falso que não tenha havido provas, foram ignoradas (…) O Conselho de Disciplina não se empenhou na descoberta da verdade», vincam os azuis e brancos durante a longa argumentação.