Espanha-Inglaterra: final inédita com coroação inédita?
Jogadores ingleses a festejar o golo de Watkins, em cima do minuto 90 e decisivo para o apuramento para a final do Euro 2024

ANTEVISÃO Espanha-Inglaterra: final inédita com coroação inédita?

INTERNACIONAL14.07.202408:00

Espanhóis podem-se sagrar campeões pela quarta vez, o que seria um recorde em Europeus, enquanto uma vitória para os ingleses seria a primeira da história

Um mês, 50 jogos e 114 golos depois, eis que chega o derradeiro jogo do Euro 2024: a final (inédita) entre a Espanha e a Inglaterra, que se disputa este domingo, a partir das 20 horas, no Estádio Olímpico de Berlim.

Uma destas duas seleções vai suceder a Itália como a nova campeã europeia, sendo que os ingleses nunca o conseguiram, enquanto os espanhóis já venceram este troféu por três vezes (1964, 2008 e 2012). Uma quarta vez seria um recorde.

François Letexier foi o eleito para apitar esta partida, o que o vai tornar no árbitro mais jovem de sempre a dirigir uma final do torneio, quebrando o recorde de Anders Frisk em 2000. O francês de 35 anos já esteve em ação no Dinamarca-Sérvia (0-0), no Croácia-Albânia (2-2) e também no Espanha-Geórgia (4-1).

Neste dia da coroação, os representantes de ambas as monarquias vão, naturalmente, marcar presença nas bancadas, tanto o rei Felipe VI como o príncipe William. O inglês é o presidente da federação inglesa desde 2006, cargo que costuma ser atribuído a alguém da casa real, e confesso adepto do Aston Villa, clube do mais recente herói nacional, Ollie Watkins, que apurou a Inglaterra para mais uma final.

O primeiro-ministro do país, Keir Starmer, até deixou em aberto a possibilidade de, caso a equipa orientada por Southgate vença mesmo a competição, tornar o dia 15 de julho como feriado nacional, a data seguinte a uma possível conquista.

Relativamente ao confronto direto, a seleção espanhola tem um registo ligeiramente negativo: 10 vitórias contra 13 derrotas e 4 empates.

Neste século, só se defrontaram por duas vezes em jogos oficiais, ambos para a fase de grupos da Liga das Nações, em 2018, competição que acabaria por ser ganha por Portugal. Na primeira partida, em território inglês, a Espanha venceu (2-1) e em solo espanhol foram os ingleses quem ganharam (3-2).

Espanha

Ao longo desta fase final do Europeu, os espanhóis têm um registo imaculado e nunca alcançado por ninguém em Europeus: seis vitórias em seis jogos, embora uma no prolongamento, e à procura de somarem a sétima…

A equipa orientada por Luis de la Fuente foi a vencedora do grupo B, com triunfos frente à Croácia (3-0), Itália (1-0) e Albânia (1-0), sendo que eliminou a Geórgia (4-1) com uma goleada nos oitavos de final, a anfitriã, a Alemanha (2-1), nos quartos de final e, por fim, a França (2-1) nas meias-finais, portanto o lado teoricamente mais complicado.

Com 13 golos marcados, a Espanha é a equipa mais goleadora da competição, com mais dois do que os alemães e mais seis (!) do que os ingleses, sendo que apenas sofreu três golos, um em cada um dos últimos três encontros.

Dani Olmo é o jogador com mais golos desta equipa, apesar de ter começado o torneio como suplente e só chegado à titularidade nos quartos de final, tendo marcado precisamente nos três jogos da fase a eliminar. Ele e Harry Kane disputam o troféu de melhor marcador, sendo que o espanhol está no topo da lista por ter feito duas assistências, contra zero do inglês.

Equipa provável: Unai Simón, Daniel Carvajal, Robin Le Normand, Aymeric Laporte, Marc Cucurella, Rodri, Fabián Ruiz, Dani Olmo, Nico Williams, Lamine Yamal e Álvaro Morata (C)

Lesionados: Ayoze Pérez e Pedri

A figura: Lamine Yamal

Fez 17 anos no último sábado e estreou-se a marcar numa fase final de um grande torneio, frente à França nas meias-finais, ainda com apenas 16 anos, quebrando o recorde de Pelé com o mais novo de sempre a fazê-lo. Só não foi titular numa partida pela Espanha e tem justificado essa decisão de Luis de la Fuente, contando ainda com duas assistências para os dois golos de Fábian Ruiz na competição.

O que disse Luis de la Fuente: «Favoritos? Estamos tranquilos. Nunca pedimos essa perspetiva, sabemos como são as imagens, mas nós estamos centrados naquilo que controlamos, não há favorito. Vai ser equilibradíssimo, como as eliminatórias anteriores. Isso dos favoritos deixamos para as casas de apostas. Sabemos o que temos de fazer para superar a Inglaterra. Sei que vamos dar tudo, com o máximo respeito pelo adversário. Se não formos Espanha não vamos ter hipóteses. Temos de ser melhores. Temos de ser reconhecidos e reconhecíveis pelas nossas forças. Vamos tentar impor as nossas. Se formos nós próprios, temos possibilidades de ganhar.»

Inglaterra

Tal como os espanhóis, os ingleses também não conhecem ainda o sabor da derrota neste Campeonato da Europa, apesar de terem estado muito perto por algumas vezes.

Na fase de grupos conseguiram terminar no topo, embora contabilizando apenas uma vitória pela margem mínima frente à Sérvia (1-0) e com dois empates com a Dinamarca (1-1) e a Eslovénia (0-0).

Já nos três jogos da fase a eliminar, começaram sempre a perder, mas conseguiram sempre dar a volta: nos oitavos de final com a Eslováquia (2-1) chegaram ao empate no tempo de compensação e a reviravolta aconteceu nos primeiros segundos do prolongamento.

Nos quartos de final conseguiram reagir ao golo da Suíça (1-1), perto do fim, e venceram nas grandes penalidades (5-3), enquanto nas meias-finais viraram o marcador com os Países Baixos (2-1) ainda no tempo regulamentar, com um golo em cima do minuto 90.

Esta é a segunda vez que a seleção inglesa chega a uma final de um Europeu (a segunda consecutiva) e ambas com Gareth Southgate no comando técnico. Há três anos, em Wembley, o segundo título de uma grande competição (o primeiro e único foi o Mundial 1966) fugiu, com os italianos a serem superiores nas grandes penalidades e, agora, os ingleses esperam redimir-se.

Equipa provável: Jordan Pickford, Kyle Walker, John Stones, Marc Guéhi, Kieran Trippier, Declan Rice, Kobbie Mainoo, Jude Bellingham, Phil Foden, Bukayo Saka e Harry Kane (C)

Sem lesionados.

A figura: Harry Kane

O inglês não tem feito um torneio por ali além, tendo sido até um pouco criticado pela falta de golos, mas a verdade é que o avançado de 30 anos é atualmente um dos seis melhores marcadores do torneio. Marcou à Dinamarca na segunda jornada da fase de grupos, marcou à Eslováquia o golo do apuramento para os quartos de final e fez, de grande penalidade, o primeiro aos Países Baixos nas meias-finais. O jogador do Bayern até quebrou o registo de melhor marcador de sempre em fases eliminares de Europeus.

O que disse Gareth Southgate: «Estamos entusiasmados pelo desafio. Claramente a equipa tem melhorado ao longo destas últimas semanas, mostraram tremendo carácter e resiliência. Tenho de dizer que tem sido um prazer enorme ter trabalhado com eles todos os dias no relvado. Amanhã temos uma oportunidade fabulosa de atingir aquilo que nos propusemos no momento em que saímos do Qatar ligeiramente mais cedo do que gostaríamos.»