Francisco Conceição brilhou com assistências, um penálti sofrido e, acima de tudo, naquela vontade de ganhar; Bruno Fernandes acompanhou-o
Quase meio continente vai jogar o Euro 2024 e a Finlândia não está lá, o que, convenhamos, diz muito do adversário de Portugal neste primeiro teste de preparação para o Campeonato da Europa. Esse era o ponto de partida para o duelo de Alvalade, que terminou como toda a gente esperava - portugueses, a maioria dos finlandeses provavelmente, e o mundo inteiro - com um triunfo nacional. Portanto, mais do que o resultado, o olhar deve ir para o como e porquê de a seleção ter fechado o primeiro teste com este 4-2.
Durante muito tempo, Portugal controlou e chegou a um resultado de 3-0, mas duas mudanças alteraram momentaneamente o estado de espírito e, sobretudo, o sabor de uma vitória anunciada. Foi preciso a Seleção voltar a lembrar-se de quem é para inverter sensações, numa noite em que Francisco Conceição jogou com toda a alma e os aplausos que recebeu do José Alvalade espalhou-os ele pelos colegas.
Pode dizer-se, já em jeito de conclusão, que a Seleção Nacional fez, assim, o que lhe competia e foi melhor em todos os aspetos do duelo: no plano tático ao técnico e até no físico. Nem esse a Finlândia pôde colocar em causa porque o futebol de Vitinha, João Neves e Francisco Conceição retirou essa possibilidade a uma equipa que mudou com o que pôs em campo aos 65 minutos, quando já havia 3-0.
Extremo do FC Porto brilhou em Alvalade, ao ganhar um penálti e a fazer duas assistências para os golos de Bruno Fernandes; tanto perfume de Vitinha e João Neves no meio-campo
Melhor até na bola parada
É preciso perceber então como se chegou até aí. Com muita posse de bola de Portugal, a agarrar e a controlar o jogo como melhor equipa que é perante a Finlândia que pretendia jogar em 4x3x3, mas que era forçada a meter-se num 4x5x1 pela seleção portuguesa, tal era a dinâmica nacional com bola, até à grande área rival. Aí, sobretudo no primeiro tempo, Portugal teve pouco acerto. Rafael Leão não conseguiu ser consequente e Francisco Conceição também teve um período em que tentou muito, mas nem sempre executou bem - já Vitinha e João Neves são filhos de um mesmo futebol e o médio do Benfica até jogou no lugar de Palhinha no segundo tempo.
Apesar de tudo isto, o golo chegou de uma bola parada: outro aspeto em que Portugal também foi melhor do que o adversário. O 1-0 aos 17 minutos podia ter aberto o jogo, mas a verdade é que ele continuou com a mesma tendência e o 2-0 em cima do intervalo, num penálti sobre Francisco Conceição permitiu a Diogo Jota aparecer no jogo com relevância.
Espanhol mostrou-se satisfeito com exibição da Equipa das Quinas; selecionador nacional deixou ainda elogios a Francisco Conceição, João Neves, Vitinha e Bruno Fernandes
Duas alterações
O segundo tempo trouxe substituições no onze português, mas enquanto o foco esteve no máximo, Portugal liderou com alegria: o 3-0 é, acima de tudo, um grande golo coletivo. Depois, sucederam duas mudanças quase em simultâneo: Pukki veio a jogo e Portugal perdeu o foco. O 10 finlandês tem qualidade que o resto da Finlândia não tem e isso, aliado à breve desconcentração portuguesa, serviu para o finlandês bisar e mudar o ambiente em Alvalade.
Portugal foi lembrado então de quem é no universo futebolístico por Francisco Conceição. O camisola 26 puxou pelo futebol que tem naquele pé esquerdo, Bruno Fernandes acompanhou-o e o 4-2 chegou com uma naturalidade que só pode colocar ênfase na ideia de que a equipa portuguesa é uma potência mundial no futebol de seleções.
Para se refutar esta ideia, é preciso retirar todo o talento que existe, tudo o que Roberto Martínez construiu até aqui. Verdade que se começou por dizer que a Finlândia não é deste campeonato, ou daquele que se vai jogar na Alemanha, mas também é preciso dizer que se a pressão de vencer no Euro2024 existe, ela é meramente fruto do que tem sucedido até aqui com estes jogadores e selecionador.
Portugal estreia-se no Euro 2024 a 18 de junho. Faltam muitos dias, vem lá a Croácia ainda para testar a seleção e, logo aí, o desafio será maior. Mas também é de recordar que a Seleção já nem precisa de meter todas as suas principais e maiores estrelas para vencer um jogo de futebol.