Carlos Carvalhal: «Vamos dar uma pincelada em termos de organização»

NACIONAL14.08.202413:28

Novo treinador dos guerreiros revelou que nos três dias de treino, procurou transmitir algumas ideias que pretende implementar; técnico explicou que aceitou o convite do presidente António Salvador no imediato

Carlos Carvalhal fez a antevisão da partida com o Servette, a contar para a 2.ª mão da 3.ª pré-eliminatória da Liga Europa, e antecipou uma partida em que o SC Braga tem de ir com tudo para garantir o triunfo, de forma a continuar nas provas da UEFA. Esta conferência de imprensa também serviu de apresentação, pois o técnico, depois da saída de Daniel Sousa, começou a trabalhar imediatamente na segunda-feira, sendo que António Salvador, presidente do SC Braga, marcou presença na sala de imprensa.

Como está a encarar este regresso e de que forma vai entrar em campo, com o Servette, para passar a eliminatória?

- Estou muito feliz por estar aqui, agradeço ao presidente por, mais uma vez, voltar a casa. Sinto-me como se nunca tivesse saído daqui, é o meu clube. Estou muito feliz por estar com estes jogadores, esta administração, estes adeptos e até jornalistas. Fui muito bem recebido e, desde que cheguei, e foi por isso que não houve apresentação, foi tempo de trabalhar e menos de conversa, foi tempo de arregaçar as mangas e ir treinar.É tempo de foco e disciplina, de honrar o SC Braga, quero que os jogadores tenham um bom espírito e uma vontade enorme de vencer. Vai ser com essa humildade, trabalho e união que vamos conseguir trazer a vitória da Suíça.

Não teve dúvidas para regressar e o que é que o motiva mais?

- Acordei na segunda-feira com uma mensagem do presidente que mandou na noite de domingo, já tarde, mas eu deito-me cedo e só vi de manhã, para me reunir com ele. Na segunda-feira, fez-me o convite, pôs-me as condições e eu aceitei em dois ou três minutos. A motivação é altíssima. O SC Braga é o meu clube, já o disse: ter ajudado a ganhar uma Taça de Portugal foi a minha ‘Champions’ e isso diz tudo. Ganhar aqui tem dez vezes mais valor que em outros clubes. O clube evoluiu de uma forma assustadora, tem instalações de nível mundial, conheço bastantes a nível mundial, vi um ou dois do mesmo nível, ou melhores. A grande diferença na motivação é que, nestes dois anos, tornei-me avô.

Apenas teve 72 horas para preparar este encontro com o Servette, acha que foi o suficiente?

- É altamente motivador e isso diz tudo. A equipa teve uma atitude boa, porque vi na televisão, não fez um jogo extraordinário, mas quis vencer. Depois, vamos dar uma pincelada em termos de organização. Respeitamos o adversário, tem pontos fortes, mas também fracos e agora vamos a jogo para que ele se desenrole a nosso favor. Foco no trabalho, ambição e humildade.

O plantel não foi desenhado por si. Pode, eventualmente, haver ainda alguns ajustes durante este período de transferências?

- O mercado está aberto, são as regras do futebol. Nunca podemos dizer que o plantel está fechado, mas temos plena confiança nos jogadores que temos. Vamos tentar melhorar, ir de encontro às nossas ideias e, se houver necessidade, vamos fazer reajustamentos. Queremos o melhor para o SC Braga que passar por sermos uma equipa competitiva.

Em 20 anos, pela primeira vez o presidente convida um treinador pela terceira vez, de que forma isso pode aumentar a pressão? Podemos esperar pelo sistema de jogo que costuma apresentar com três defesas?

- Jogamos poucas vezes com três defesas, pois foram mais situações híbridas. O importante é colocar os jogadores confortáveis dentro do campo. Perguntei, por exemplo, ao Rodrigo [Zalazar] se estava confortável com aquilo que lhe ia pedindo. Por vezes, nós treinadores,  pensamos em várias coisas e os jogadores podem não estar confortáveis Colocar isso em prática e depois vai-se à dinâmica, claro que apenas surge com o tempo, mas a qualidade dos jogadores vai permitir isso. Sem pressão nenhuma, a minha vida está estável. Vou mais pelo lado de criar raízes, fazer história e deixar a minha marca. A pressão do SC Braga é enorme, mas pelo sentido positivo, para descer divisão é bem pior, agora estar num clube que luta para ganhar todos os jogos é um tipo de pressão diferente.

Estreia há muito anos, mas agora chega na véspera de um desafio mais complicado, até pela falta de tempo. Algum receio?

- Se tivesse receio não vinha para aqui. Tenho é coragem, no futebol já vivemos situações difíceis, como falta de organização e dificuldades financeiras, em clubes que estavam obrigados a ganhar. Vivemos isso tudo e estamos prontos para tudo. No SC Braga, olho pelo lado positivo. O contrato é de dois anos e não de três dias. Importante é ganhar amanhã.

Falou em dar uma pinceladas na organização, foi esse o maior problema que encontrou? Conta com Banza e André Horta?

- Desde já e devia ter começado por aí, desejar felicidades ao Daniel e à sua equipa técnica para o futuro. De forma alguma queria dizer que a equipa não estava organizada. Falei em organização, em função da nossa maneira de jogar. A nossa equipa permite ter organizações pontualmente diferentes, uma maneira de pressionar e de defender distintas e foi isso que entendemos fazer. Há coisas a fazer e foi nisso que insistimos nestes dias. O André é um jogador que aprecio e gosto bastante, na segunda época jogou bastante, também tive oportunidade de o ter no Olympiacos. Agora ao regressar fico contente por estar no plantel. Vamos com certeza continuar nas competições europeias e vamos ter uma densidade de jogos enorme e por isso vamos precisar dele. O SC Braga tem de ter dois jogadores por posição. O Simon Banza tem contrato e está disponível. Foi isso que o presidente me disse. Infelizmente vem de uma lesão e ainda não está com os melhores índices físicos. Está convocado e se for necessário pode entrar no jogo.