A análise de Duarte Gomes à arbitragem do Portugal-França
Trabalho globalmente bem conseguido
Michael Oliver até Hamburgo para dirigir o Portugal-França. A liderar a equipa de videoarbitragem esteve o neerlandês Pol Van Boekel.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
16' Remate de Bruno Fernandes foi desviado para canto pelo ombro/braço esquerdo de Saliba, em contacto legal que ocorreu na área francesa. Antes o médio português sofreu toque de Kolo Muani (quando ensaiou o remate).
23' Cristiano Ronaldo foi tocado na cabeça pela cabeça de Theo Hernández, em ação de jogo involuntária. Bem o árbitro ao nada assinalar.
27' Mbappé ganhou em velocidade a Nuno Mendes, mas fê-lo puxando o braço direito do adversário. A infração não foi assinalada e a França criou ataque prometedor pela direita.
41' Kolo Muani rasteirou Vitinha perto da sua área. Esteve bem Oliver ao assinalar o respetivo pontapé-livre para Portugal.
49' Corte limpo (apenas na bola) de João Cancelo aos pés de Theo Hernández. A queda do lateral francês foi decorrente da abordagem legal.
50' Nuno Mendes conseguiu arrepender-se a tempo do esboço de simulação que pensou executar. O português acabou por não cair na área adversária, seguindo a jogar de forma correta. Não houve qualquer infração (ou sequer toque) de Upamecano.
54' Palhinha agarrou Griezmann, impedindo a progressão em velocidade do adversário. O árbitro interpretou que a ação foi legal, mas equivocou-se. Ficou por assinalar um pontapé-livre e por exibir cartão amarelo ao médio. Antes a bola desviou na cara (e não braço) de Mbappé. Lance legal na área gaulesa.
63' No momento de remate de Vitinha, Cristiano Ronaldo não estava em posição de fora de jogo, pelo que a ação posterior que executou (junto ao poste esquerdo da baliza de Maignan) foi regular. guarda-redes francês arriscou na abordagem em tesoura, mas não cometeu infração sobre o capitão de Portugal. O jogo devia ter recomeçado com pontapé de baliza e não de canto.
79' Apesar da consequência da decisão (estava em causa a suspensão caso Portugal passasse para as meias-finais), Palhinha - que antes escapara ao amarelo - foi bem advertido após infração sobre Mbappé. O médio tocou na bola, mas na sequência de entrada impetuosa e com alguma velocidade, acabou por atingir o adversário com contacto primeiro no pé, depois na perna. Bem Michael Oliver ao punir a negligência.
84' Amarelo bem mostrado a Saliba após impedir a progressão de Francisco Conceição de forma notoriamente antidesportiva (braço esquerdo na cara). A infração cortou ainda um ataque prometedor de Portugal. É justo referir no entanto que antes o avançado tinha ganho a posse de bola derrubando Theo Hernádez (zona do meio-campo), em infração não sancionada pela equipa de arbitragem.
110' Cristiano Ronaldo, que partiu de posição aparentemente irregular, tocou no pé de Theo Hernández, cometendo falta atacante (na área adversária) bem sancionada pelo inglês.
117' Upamecano e Cristiano Ronaldo estavam em marcação mútua (contacto de braços), mas foi ao ensaiar pontapé acrobático que o capitão de Portugal cometeu infração sobre o seu adversário. Bem o árbitro.
Nota pessoal: Esta foi a análise técnica mais difícil que fiz nestas funções. O coração não teve dificuldade em separar e interpretar as decisões que a arbitragem tomou ao longo dos 120 minutos, mas teve em dominar tanta emoção e adrenalina, sobretudo quando o resultado teve que ser decidido nos penáltis. Portugal fez, na minha opinião, um jogo muitíssimo competente perante um adversário fortíssimo, esvaziando o argumento dos tantos que desvalorizavam o percurso e mérito desportivo desta seleção. Muito orgulho nesta rapaziada e na forma como projetaram tão alto a nossa enorme alma lusitana. Obrigado!