Esquema tático, preparação, avançados: tudo o que disse Roberto Martínez

SELEÇÃO08.06.202421:00

Selecionador nacional satisfeito com «coisas positivas», pese embora o resultado

Roberto Martínez considerou, na conferência de imprensa após a derrota de Portugal contra a Croácia por 1-2, que o resultado não é o aspeto mais importante nesta fase e que o jogo teve «muitas coisas positivas». O selecionador abordou questões táticas, as valências de cada ponta de lança e ainda falou da derrota de Inglaterra contra a Islândia esta sexta-feira para ilustrar que «não há jogos fáceis».

Leia tudo o que disse Roberto Martínez:

— Perdeu contra uma seleção Top10 mundial e sofreu quatro golos nos últimos dois jogos. O que retira do encontro, que análise faz?

— Estamos na fase de preparação, o foco não é manter a baliza a zero, não é esse o máximo objetivo. Faz parte. Queremos ganhar, marcar muitos golos e manter a baliza a zero. O jogo de hoje teve um resultado negativo, certo, queremos ganhar, é a melhor forma para crescer, mas hoje também há notas positivas. O nosso desempenho foi muito importante, a Croácia tem posse de bola e uma qualidade técnica superlativa. Entrámos mal, tivemos um período de 20 minutos em que a Croácia teve o controlo do jogo, mas depois gostei muito de como reagimos e tivemos situações muito favoráveis na segunda parte. O golo foi fantástico, muito bem trabalhado, perdemos o foco ao sofrer o segundo, é a única nota negativa que vejo depois do resultado. 16 jogadores em campo, desempenho fantástico do Diogo Costa, 90 minutos de jogo e a seleção agora está ainda mais preparada.

— Nesta altura, há jogadores com rendimento alto e outros nem por isso. É um problema para o equilíbrio do coletivo? Sobretudo na primeira parte, viu-se uma seleção portuguesa com muita dificuldade na reação à perda de bola.

— Não é um problema, é um objetivo [encontrar equilíbrio]. Concordo que precisamos de dar minutos aos jogadores, todos têm caminhos diferentes durante a época, há uns que precisam de jogar 90 minutos. Foi bom ver o Gonçalo Inácio, Bernardo e Rúben a jogar 90 minutos, há objetivos que são mais importantes que o resultado. Há muito para melhorar e hoje foi um bom teste ter a Croácia pela frente, um adversário que precisamos de analisar bem. Penso que as notas positivas durante o jogo são muito mais positivas que o resultado.

— Há a ideia generalizada de que as equipas que Portugal encontrou ao longo da fase de qualificação e as que vai encontrar na fase de grupos estão num nível inferior e que esta Croácia será o adversário mais forte até agora. Sendo esse adversário mais forte e tendo este jogo corrido mal, está preocupado?

— Não. Gosto de ganhar todos os jogos, mas não há jogos fáceis. É um debate… ontem vimos Inglaterra contra Islândia, a Islândia ganhou em Wembley. Croácia é muito boa tecnicamente. Há equipas que têm outras valências. Jogo direto, jogo longo. Associação no meio-campo. Hoje tivemos 20 minutos que precisávamos de ter para melhorar como equipa. O foco durante o apuramento é diferente do que temos agora na fase de preparação. Queremos melhorar, penso que depois deste jogo e depois do jogo contra a Eslovénia [o outro jogo que Portugal perdeu] somos melhores, nunca tivemos 90 minutos onde precisávamos de virar o resultado. Faz parte. Mentalidade e personalidade da equipa, há muitas coisas que podemos analisar hoje, olhar em frente e preparar a equipa ainda melhor. É um amigável, ganhar contra a Croácia não dá o nível para ganhar o torneio, perder não dá o nível para não nos apurarmos para os oitavos.

— A perder, que seja agora. Não está preocupado com o desaire?

— Hoje, o objetivo não era o resultado. Queremos ganhar, mas o objetivo é a preparação. Fizemos quatro substituições ao intervalo. Um jogo amigável é de preparação. Agora somos mais fortes que antes do jogo. Mas temos de sincronizar, trabalhar ligações. Futebol internacional é isto. Perdemos, Croácia mereceu, mas para nós era um teste que precisávamos.

— Em relação ao estado físico dos jogadores, Nuno Mendes ficou caído no relvado, saiu ao intervalo. Como está? E como está Francisco Conceição?

— Era o plano, Nuno Mendes tinha 45 minutos de jogo como plano. Como sabem, o Rúben Neves e o Cristiano chegaram ontem. O plano para o Chico é preparar o próximo jogo na terça-feira. Hoje está a trabalhar individualmente, amanhã vai trabalhar com o grupo e depois teremos dois dias. O Chico é jogador jovem, jogou 90 minutos na estreia e precisamos de controlar a carga para que esteja perfeito para o torneio.

— Pode alterar o sistema tático, durante a qualificação optou por três centrais e agora parece ter assumido o 4x3x3 para o Euro. Podemos contar com um 4x3x3 ou tem em mente o 3x4x3?

— A nossa seleção jogou muitos jogos com estruturas táticas diferentes, com e sem bola. Três centrais, dois centrais e um trinco… hoje foi uma estrutura tática muito exigente, queríamos ganhar a bola em zonas altas, defender por dentro e com agressividade, e ganhámos quatro ou cinco vezes a bola no campo adversário, para criar perigo e marcar, era o objetivo. É uma fórmula arriscada, mas penso que a podemos aplicar. Temos flexibilidade tática em relação aos nossos jogadores e aos do adversário.

— Olhando para a frente de ataque, Portugal tem três jogadores disponíveis para ponta de lança, Gonçalo Ramos, Ronaldo e Diogo Jota. Ramos começou hoje e dá mais ao jogo sem bola, joga mais para a pressão, Ronaldo é um jogador mais de área, que até pode garantir mais golos. Diogo Jota uma espécie de combinar de tudo. Como vai preparar as dinâmicas na frente de ataque?

— É uma boa análise. Acho que tentamos ter uma escolha de jogadores diferentes. Pontas de lança que merecem estar na Seleção, com valências diferentes. Hoje o plano era o Diogo e o Gonçalo jogarem 45 minutos cada. Trabalharam bem sem bola e também tiveram bons movimentos com bola. Quanto ao Cristiano, sabemos que tem uma experiência única, é o único jogador que jogou cinco Euros, esta pode ser a sexta vez. O aspeto psicológico no balneário é importante, mas marcar também. Todos têm um papel, é bom ver o nossos pontas de lança fisicamente bem, a ganhar minutos e preparados para o primeiro jogo.