Treinador do Benfica dá o exemplo dos dois experientes argentinos do plantel
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Otamendi: a idade é só um número

OPINIÃO28.03.202509:30

Faz sentido pensar que o argentino pode ser para o Benfica o que Pepe representou para o FC Porto no final da carreira do central português. Reconhecer as próprias limitações é uma virtude

O mérito é fundamentalmente dele: foi a consistência que o levou de central questionado em determinado momento da época a nome consensual, indiscutível não só para o presente mas essencialmente para o futuro, a ponto de a sua renovação pelo Benfica, aos 37 anos, representar um ato tão natural como comer.

É do domínio do bom senso que Nicolás Otamendi prolongue a ligação às águias. Em primeiro lugar porque dificilmente ficarão os dois centrais com potencial de venda - Tomás Araújo e António Silva, um deles deve rumar a outras paragens porque o modelo de negócio continua a depender de saídas bem pagas; depois, a experiência continua a ser importante para o constante crescimento do elemento mais jovem de uma dupla; e em terceiro lugar (talvez a razão mais importante) porque não é fácil encontrar no mercado uma opção mais barata do que o custo dos salários do internacional argentino e com semelhante rendimento desportivo.

O antigo central da Seleção (provavelmente o melhor central português de todos os tempos) é e será sempre um caso à parte, mas começa a fazer sentido pensar que Otamendi poderá estar para o Benfica o que Pepe foi para o FC Porto na parte final da carreira – uma garantia de estabilidade num setor nevrálgico, voz de comando e exemplo do que deve ser um profissional de futebol ao nível dos cuidados com alimentação, descanso e restante treino invisível. E pensar, porventura, quantos mais anos (assim, no plural) poderá jogar de águia ao peito, tornando-se a Luz a casa onde ficará mais tempo (vai em cinco temporadas, tantas quantas as que esteve no Manchester City e mais uma que no FC Porto e no Vélez Sarsfield enquanto futebolista sénior).

Otamendi não é rápido, não é um ás na construção de jogo nem é particularmente assertivo nas bolas paradas ofensivas, mas também Pepe não era. No entanto tem consciência das suas limitações, um tipo de sabedoria que só se alcança no ponto mais alto da maturidade. Só dá o flanco quem pensa que pode ir a todas. E falha mais.

Basta ver o exemplo de Hummels: central de classe até aos 32/33 anos (foi, para muitos, o melhor da posição em certos períodos), perdeu protagonismo e impacto nas suas equipas (seleção alemã incluída). Dez meses mais velho, o argentino continua a ser capitão do Benfica e da seleção campeã do mundo. Há casos em que a idade parece ser mesmo apenas um número.

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