Avançado do Milan tem sido alvo de algumas críticas pela inconstância no rendimento
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Pedro Henriques Expulsão Montoia
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Não te percas, Leão

OPINIÃO26.03.202508:00

Aos 25 anos, extremo do Milan parece menos jogador do que aos 22, quando se sagrou campeão e foi eleito melhor futebolista de Itália. Algo terá de mudar – e não são os outros

Lento a reagir, alheado do jogo e sem um pingo de confiança. Uma sombra do extremo explosivo e com altíssima percentagem de sucesso nos duelos individuais. Mais do que discutir se Rafael Leão deveria ter sido titular por Portugal frente à Dinamarca ou substituído ao intervalo por não conseguir fintar um pino, importa perceber se não estaremos a ver mais um jogador híper talentoso ficar a meio caminho de uma corrida que se antevia radiosa.

Não é exagero. Aos 25 anos, Leão parece menos jogador do que quando tinha 22, ano do scudetto conquistado pelo Milan sob a batuta de Stefano Piolli e considerado futebolista do ano na Serie A. Deveria ser ao contrário. Afinal, o tempo ajuda a apurar aspetos como o timing de decisão, relação com a baliza, com o espaço, com os colegas, integração na estratégia adotada por cada treinador, enfim, componentes do jogo que não parecem ter conhecido qualquer evolução.

Esta temporada tem sido particularmente especial e infeliz quando tudo parecia indicar o contrário. Que me recorde, nenhum jogador português a atuar no estrangeiro teve dois treinadores compatriotas consecutivos (Paulo Fonseca e Sérgio Conceição) e curiosamente enfrentou problemas de afirmação com um e sucedendo o mesmo com o outro.

Mais estranha parece ser a atual ligação com Conceição, que entrou no clube a projetar Rafael Leão como um potencial Bola de Ouro, elogios imediatamente retribuídos na primeira semana sobre a «energia» que o campeão nacional pelo FC Porto trouxe ao clube. Um estado de graça, porém, que durou pouco – tal como Fonseca, Conceição também o pôs no banco.

Das duas uma: ou os treinadores estão errados e não entendem as especificidades de um futebolista requintado ou é mesmo inadaptabilidade de Rafael Leão às ideias de um futebol que requer mais do que a técnica, o drible, a corrida. O perigo de se tornar um ás das transições é grande – as transições eram a grande arma dos rossoneri de Piolli – e por consequência limitador porque esse não é o futebol das grandes equipas. E das grandes seleções.

Pensámos que a convivência com Sérgio Conceição poderia ser uma excelente notícia para Rafael Leão porque o técnico português tem no currículo uma série de obras de autor, mas já se percebeu que Milão não é o Porto (e isto é um elogio aos dragões), onde reina a instabilidade e as ideias vagueiam ao sabor do vento.

Só Rafael Leão saberá qual o melhor rumo a seguir, mas os sinais são por demais evidentes: a sua carreira ameaça cristalizar-se e a solução terá de passar por uma mudança, seja ela qual for – de clube, de campeonato ou simplesmente uma mudança de dentro de para fora. Irá sempre a tempo, porém, basta olhar para Dembelé: jogador de atributos únicos, andou anos perdido, sem explorar tudo o que tem para exibir, mas que aos 27 anos e após muita insistência de Luis Enrique finalmente apresenta uma alta regularidade no PSG, a ponto de se equacionar (só a hipótese é já uma vitória para ele) vê-lo no lote de elegíveis para a Bola de Ouro caso os parisienses vençam a UEFA Champions League.

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Pedro Henriques Expulsão Montoia
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O futebol não tem segredos: só chegam ao topo aqueles que têm uma atitude de Leão. Rafael tem pelo menos a vantagem de não precisar de pedir nada emprestado. Nem o nome.