Ler em caso de tristeza com a saída de Rúben Amorim

OPINIÃO07:15

Saída abrupta do treinador tem de ser gerida de forma racional, inteligente e cuidada por parte do Sporting e do próprio. Só não se pode pedir o mesmo aos adeptos…

Há muito tempo que não víamos um ambiente em Alvalade assim: o clube super-favorito ao bicampeonato, com uma equipa estável e melhor do que os rivais e uma estrutura a celebrar feitos desportivos e financeiros, de repente virou um velório. A notícia da saída de Rúben Amorim trouxe choque, desilusão, frustração, tristeza. Muita tristeza, sobretudo. Até houve pelo menos um senhor a chorar em frente às câmaras de televisão.

É normal que por estes dias - e até 10 de novembro - o ambiente seja este. Aos adeptos do Sporting não se pode pedir mais do que emoção, muitas emoções até, por não estarem à espera nem quererem perder agora o homem do leme. Também já foi assim, noutros tempos, com os jogadores, quando saíam para clubes maiores a troco de dinheiro (porque só o argumento financeiro poderia justificar tamanha traição...!). Agora já todos se habituaram a isto, os plantéis estão sempre a mudar, os ídolos duram pouco. Mas o treinador Rúben Amorim era (é) diferente e, entretanto, não conquistou só títulos: ganhou o coração dos adeptos. Daí que mesmo perante toda a lógica - o Man. United é um dos maiores clubes do mundo, o projeto será melhor do que outros que teriam mais pressão imediata de ganhar, Amorim só podia ter passado os últimos meses a unir o Sporting em torno do objetivo «bi» e isso não enganou ninguém, etc - sejam eles os que mais sofrem.

Nenhum adepto troca de clube por dinheiro, contrato, promessas ou carreira. É a sua missão: ficar sempre do mesmo lado, aconteça o que acontecer. É por isso que reside neles o maior segredo do futebol: mesmo quando tudo à volta é um negócio, ou a vida de profissionais, ou uma relação entre entidade empregadora e trabalhador, para eles isto é só sentimento. E que bonito isto é, até quando há más notícias.

Há um clube que vai pagar a cláusula de rescisão de um técnico e este sente que é uma boa oportunidade. E há outro clube que já tem a sucessão preparada e que irá continuar a ser muito forte em campo. É assim, é a vida, é o futebol. Daqui a uns tempos tudo parecerá mais sereno, sobretudo se a bola continuar a entrar (este é outro dos segredos disto). Rúben Amorim vai para o Man. United fazer o seu trabalho e tentar conquistar o coração de outros adeptos, Frederico Varandas irá tentar garantir que o seu projeto era mais do que um treinador, o plantel dos leões irá lutar pelo bicampeonato. Os adeptos podem continuar a sentir-se desiludidos, frustrados, tristes, traídos até. Mas não vão esquecer-se do que foi o Sporting de Amorim. Faz parte.