Sporting: João Pereira como Ruben Amorim
Augusto Inácio e Tiago Fernandes viram a partida da Taça com o Amarante e defendem que o novo treinador dos leões não mudou o sistema tático nem sequer as dinâmicas de jogo. As mexidas podem esperar...
Mudou o treinador, saiu Ruben Amorim e entrou João Pereira, mas perante o Amarante os resultados positivos mantiveram-se, com os leões a chegarem a uma vitória gorda, por 6-0, diante da equipa da Liga 3. E, contas feitas, já vão 13 triunfos consecutivos nas provas nacionais, pois após o amargo de boca da Supertaça Cândido de Oliveira, com uma derrota por 3-4, os leões venceram os 11 jogos disputados para a Liga e mais dois na Taça de Portugal.
O sistema foi o mesmo, no 3x4x3, mas será que a dinâmica de jogo se alterou? Tiago Fernandes, treinador interino dos leões em 2018/2019, diz que não. «Manteve-se tudo igual, até no processo de saída de bola foi o mesmo que a equipa já utilizava com Ruben Amorim», defende, numa opinião corroborada por Augusto Inácio, campeão nacional pelos leões em 1999/2000 e que se mostra convencido de que seria «um erro crasso» mexer em algo que está a correr tão bem.
«Comigo, Bragança jogava a 10», diz Tiago Fernandes
«Houve aquela alteração de jogar com dois extremos de pé esquerdo, enquanto Ruben escolhia dois extremos de pé contrário, mas isso tem a ver com as contingência do jogo e dos futebolistas que estavam mais disponíveis fisicamente para este encontro, pois houve a paragem para as seleções. Outra pequena mudança foi o Daniel Bragança jogar um pouco mais adiantado e ele comigo, quando o treinei nos juniores, jogava a 10. Pode fazer essa posição sem problema, mas não sei se será para continuar, pois no jogo da Champions com o Arsenal, na terça-feira, pode voltar a recorrer a Morita para jogar ali a meio-campo»
O tempo de trabalho de João Pereira com a equipa, uma vez que foi apresentado há duas semanas numa altura em que uma larga fatia do plantel leonino estava ao serviço das seleções, também teve influência nas ideias defendidas pelo novo treinador para o encontro com os amarantinos. «Não teve tempo para trabalhar com a maioria dos futebolistas. O melhor foi manter o que já estava do passado», diz o filho do mítico Manuel Fernandes.4
Uma nuance que se notou foi uma ligeira subida no terreno de jogo do médio Daniel Bragança, mas algo que, segundo dizem, pode ter sido circunstancial.
«Bragança ali deveu-se ao adversário», defende Augusto Inácio
«Realmente, no que diz respeito a pequenas alterações, houve o facto de Daniel Bragança jogar um pouco mais adiantado do que aquilo que acontecia com o Ruben Amorim. Porém, estou plenamente convicto de que essa nuance foi introduzida devido ao adversário, pois, com todo o respeito pelo Amarante, não tem capacidade para sair com a bola com qualidade na transição defesa-ataque e, por isso, não faria grande sentido colocar Daniel Bragança a par com Morten Hjulmand numa posição mais defensiva. Assim, libertou-se um deles, no caso o Daniel Bragança, que esteve muito bem neste jogo da Taça de Portugal»
«O melhor elogio que posso fazer a João Pereira neste momento é que o que estava bem continuou bem», adianta Augusto Inácio, que se mostra convicto de que as alterações serão feitas «aos poucos». «O próprio treinador adjunto, Tiago Teixeira, disse na conferência de imprensa que não fazia sentido alterar o estado de coisas nesta altura. Com o tempo podem ser feitas algumas mudanças, nomeadamente nas bolas paradas defensivas e ofensivas, pois cada treinador tem a sua ideia para este aspeto do jogo, que cada vez mais tem importância no futebol moderno, como se tem visto», junta Inácio.
Tiago Fernandes, por seu turno, pensa que tendo em conta que não há treinadores iguais, podem existir alterações nas escolhas de João Pereira para o onze. «Estou convencido de que vai manter o modelo de jogo e o sistema mas vai ter outras opções relativamente aos jogadores que vão entrar de início», afirma.
Mas, no que se refere a esta nuance, Inácio recorre aos dispositivos que hoje em dia estão à disposição das equipa técnicas e que, muitas vezes, ditam as opções dos técnicos. «Os dados que os treinadores recebem, uma vez que todos os jogadores treinam e jogam com o GPS nas costas, vão dando indicadores. Dizem que determinado futebolista pode ter 90 minutos, ou 45 ou até tem de sair aos 35 minutos. Isto em consonância com o trabalho que o departamento de performance dos clubes desenvolve e que estudam ao pormenor o desempenho de cada atleta, Tudo isto, como é óbvio, sempre com o pensamento naquilo que é melhor para o coletivo», alerta.
Há o sistema tático e as dinâmicas do onze, que se mantiveram, mas há outro vetor do qual Augusto Inácio gostou muito e que tem a ver com a atitude apresentada pelos leões mesmo perante um adversário claramente mais fraco, malgrado esteja a fazer uma campanha positiva na Liga 3 .«Apreciei muito a atitude dos jogadores, com um compromisso muito grande com a partida. Esse indicador é muito bom, pois, mesmo perante a mudança de treinador, demonstraram que querem continuar a trilhar o caminho do sucesso», conclui Augusto Inácio.