Jorge Jesus reinventado

OPINIÃO12.04.202107:00

Jorge Jesus teve de fazer concessões para voltar a ter os jogadores a acreditar no processo

NUNCA há apenas uma única explicação para uma crise, ainda mais num ecossistema tão particular como o futebol. Se o problema fosse exclusivamente o Covid-19 não haveria 3x4x3 ou talvez até Lucas Veríssimo de encarnado. Provou-se que o Benfica não tinha plantel para o que Jesus queria, tal como ficou visível que não se tratava de um problema de atitude ou compromisso. O técnico teve sim de fazer concessões para ter os jogadores do seu lado e para que voltassem a acreditar no processo. Reinventou-se e os resultados - além da maior especificidade no trabalho semanal - deram força à mensagem.
Há várias ideias que sustentam a melhoria. Ainda que Everton continue longe de mostrar evolução, registaram-se decisões mais duradouras sobre a posição 6 e no segundo avançado, com o técnico a acertar finalmente o passo com Weigl e Waldschmidt. Também Diogo Gonçalves se afirmou, o que acrescentou largura a uma equipa demasiado estreita (e previsível), e Seferovic, com tantos momentos não, voltou a parecer um goleador. Também Taarabt, hoje com mais critério na decisão, tem baixado o número de passes errados. Melhor na posse, o Benfica consegue manter a forma que lhe permite defender bem.
Jesus acrescentou depois menor tempo de reação no controlo da profundidade com a entrada de Veríssimo e também se tornou um pouco mais conservador na pressão alta, embora tenha mantido a reação à perda bem ativa, como se viu em Paços.
Depois, o 3x4x3, que não sendo inovação nem para o próprio Jesus e até segue uma tendência na Liga, tornou ainda mais sólido o momento defensivo e ganhou preponderância para o futuro, embora persista a dúvida sobre a eficácia perante blocos baixos. Além de não mudar o ponto de partida: o plantel continua muito desequilibrado.