Entre Neves e Brumas
«Lá, onde a coruja dorme», a opinião de Luís Mateus
Uma convocatória para a Seleção Nacional tem sempre muitos críticos e poucos apoiantes. Ou seja, por cada salva de palmas por João Neves haverá sempre dezenas, talvez centenas de coros de assobios a pensar em Bruma ou em Paulinho, entre outros. Não é fácil agradar a todos e, aqui entre nós, se tal existir, nunca será consensual, primeiro, um selecionador estrangeiro, e, depois, um espanhol. Ainda mais se o modelo não for conservador, esteja este disfarçado ou às claras, esparramado no 3x4x2x1. Não é grave, sobretudo se o próprio não se atrapalhar com isso.
Não sou fã devoto de Roberto Martínez. Entendo apenas que na Bélgica, com a ‘Geração de Ouro’, não desiludiu. Eliminou o Brasil, mas perdeu com a França e conquistou, por fim, o terceiro lugar no Mundial-2018; e foi eliminado nos quartos de final do Euro-2020 pela futura campeã Itália. No Catar, o grupo já estava velho de mais – culpa também sua, já o escrevi – pelo respeito quase até à exaustão pelos ‘seus’, e aí sim não passou da fase de grupos. No entanto, o balanço tem de ser positivo.
Bruma e Paulinho podiam estar na Seleção? Claro que sim. Mereciam-no? Óbvio. Até pelo perfil que têm fariam sentido: o primeiro pela irreverência e a capacidade no 1x1 – aqui Pedro Neto, pelo que mostrou já no contexto dos AA, e na Premier League deverá continuar ainda um pouco à frente –; e o segundo com o que acrescenta na ligação com os médios e na libertação de espaços para os companheiros. O_avançado do Sporting tem um problema-extra: na equipa não há ‘falsos 9’, há um bem verdadeiro e Martínez quer que seja Ronaldo. Façam-nos a todos um favor. Olhem para a lista e completem o exercício: quem tiravam? Mais do que clamar por justiça, deveríamos estar sim satisfeitos por a nossa riqueza já não caber numa lista de 26 jogadores. Essa é que é a grande notícia.