Sem Rafa e sem o argentino, Roger Schmidt perde quota individual no seu modelo
Roger Schmidt não encontrou soluções para uma equação difícil. Por um lado, equilibrar o que Di María desequilibrava atrás, por outro desequilibrar ofensivamente onde havia profundidade a menos com a saída de Grimaldo. O problema não terá sido gerir demasiados craques, apenas a soma desses dois problemas e de um outro: Fideo era demasiado impositivo, pela ligação a Rui Costa e pela qualidade de execução, para estar em segundo plano.
Se tivesse sido por essa inabilidade na gestão dos melhores, Neres não teria acabado a temporada a titular, ao contrário da anterior, durante a qual o alemão nunca teve receio em deixá-lo no banco. Schmidt montou então o trio de apoio a Gonçalo Ramos da seguinte forma: João Mário, Rafa e Aursnes. E correu bem.
Só que os tiros ao lado do Benfica sobretudo à esquerda, na demanda pelo sucessor de Grimaldo, mas também no direito, com Bah a reforçar a ideia de uma propensão para lesões que obrigaria a ter suplente à altura, forçaram o norueguês a pisar terrenos recuados, logo depois de se esgotar a tentativa Morato. Ainda que melhor solução, Aursnes foi apenas minimamente competente e assim tornou-se necessário acrescentar talento ao ataque. Daí Neres, mesmo com todas as dificuldades no momento sem bola, minimizadas com a recuperação de Florentino, que não chegaria para tudo e ainda não evitou, ele próprio, um ou outro momento de desnorte. Antes ainda, com João Mário à esquerda, mas sempre com Rafa e Di María, e um avançado menos voluntarioso do que aquele que hoje veste as cores do PSG, o castelo de cartas não podia apanhar uma mera brisa que se desmoronava.
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A confirmar-se agora a saída do argentino, logo depois da de Rafa, Schmidt contará com menor quota individual no modelo e terá forçosamente de recuperar dinâmicas coletivas. O que poderá ser bom, apesar de parecer paradoxal. Nem que seja por não ter conseguido esse equilíbrio com Di María em campo.
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Se conseguir de certa forma substituir a velocidade de Rafa e escolher bem o avançado, um definidor por excelência, que trabalhe do ponto de vista da pressão e também chegue veloz à baliza – as transições são fundamentais no processo Schmidt –, o ponto de embraiagem poderá ser mais facilmente encontrado. A equipa voltará a estar mais junta, confortável e confiante. Mas isso também implica ter os laterais certos. Ou seja, mais erros, mesmo com uma prospeção debilitada e aparentemente sem soluções à vista, não serão perdoáveis.
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Há ainda a incógnita João Neves. Se sair, e porque Aursnes dificilmente será médio centro de equipa de ataque posicional bem vincado, obrigará certamente a um outro Enzo. E não só está também de regresso Schjelderup, como há que aproveitar Rollheiser, Prestianni (a ficar) e Marcos Leonardo. Schmidt não pode passar ao lado do talento.
A derradeira missão é, todavia, tornar a primeira fase de construção resistente à pressão. Para isso, poderão ser necessárias apostas de risco e decisões corajosas, tal como na sua primeira temporada na Luz.