Aos sportinguistas que se lembraram de uma amnistia

OPINIÃO25.04.201904:00

Como afirmou Rogério Alves, presidente da AG do Sporting, na entrevista concedida à televisão do clube, há um tempo para julgar os erros e as virtudes desta direção. Mas este não é esse tempo. Estou muito à vontade para o afirmar porque não fui apoiante desta lista (nem de nenhuma) e contertar-me-ia com a vitória de qualquer candidato que invertesse a via auto destrutiva da anterior direção.
Outro aspeto em que concordo inteiramente com Rogério Alves é no facto de a qualidade de «ex-candidatos» não acrescentar nada ao sportinguismo de ninguém. Curiosamente, os três (Tavares Pereira, Ricciardi e Dias Ferreira) que assumiram essa qualidade para criticar a direção pela fuga de informação sobre a auditoria, concordarão que fariam melhor em se assumir como «candidatos derrotados», pois, na verdade, essa qualidade reflete melhor a sua condição. Os três são pessoas estimáveis e, com mais ou menos erros, têm o direito inalienável de se pronunciarem. Também não gostei da fuga de informação, mas nem acho que esse seja o principal problema do Sporting e menos ainda acho que essa seja a principal preocupação dos sportinguistas. Para os adeptos, o essencial é o modo como o futebol e nas outras modalidades nos comportamos. Como se movimenta o seu clube no meio do pântano que cada vez mais marca o futebol português. Aí, sim, deveríamos ser exemplares e ainda não tive motivos para dizer que esta direção me desiludiu.  

Exigências
de Bruno
de Carvalho
e dos seus ‘pacificadores’

Arespeito da fuga de informação sobre a auditoria, que se tornou muito importante, parece, depois de Varandas ter anunciado que tinha pedido uma investigação sobre essa mesma fuga, também o expulso presidente e alguns dos seus colegas, vieram pedir uma AG da SAD para avaliar a situação. Há pessoas que não têm vergonha, ou têm pouca, ou não sabem o que isso é. A SAD fará o que entender, no âmbito das suas competências e órgãos próprios, mas é preciso ter lata para aquele que foi demitido, suspenso e expulso (as duas primeiras decisões por cerca de 70% dos sócios) ainda querer merecer alguma respeitabilidade.
Curiosamente, ou não, pois seria demais ser apenas coincidência, um grupo de sócios veio pedir uma «amnistia». O presidente da AG do Sporting já explicou que seria necessário alterar os estatutos, pois essa figura não consta do documento. O mais ridículo (caso não fosse trágico) é que pedem a amnistia em nome da unidade do Sporting. E a amnistia recairia sobre quem provocou as maiores divisões no clube. Os «sportingados» não devem estar esquecidos, como eu e outros a quem ele chamou «terroristas que querem destruir o clube» não esqueci essa sua façanha de quando era ainda presidente e atiçava os seus fiéis ou leais (que mais parecem uma espécie de seita) contra os sócios que ousavam criticá-lo.
Ao mesmo tempo, e sempre por não mais - oh! não mais, por certo - do que mera coincidência, o seu número dois, Carlos Vieira, vem numa longa entrevista dizer que nunca houve fraude fiscal no Sporting. Ora aí está uma coisa que não sei e quero acreditar, até que não houve. Mas - e é necessário que isto fique bem explícito - nenhum ex-dirigente foi suspenso (como Carlos Vieira) ou expulso (como Bruno de Carvalho e Alexandre Godinho) por qualquer aspeto relacionado com gestão das contas do Sporting, fraudes fiscais ou desvio de verbas. Todos eles foram devidamente - e bem! - castigados por violarem de forma grosseira os estatutos na forma como se comportaram depois  das demissões que se seguiram nos Corpos Diretivos após o assalto a Alcochete. Foi isso, e nada mais. Digo sem dúvidas, porque tive a honra de presidir à Comissão de Fiscalização transitória que aplicou as primeiras suspensões e concorda (até recomendou) com as expulsões decididas por este Conselho Fiscal e Disciplinar democraticamente eleito.

Sinais positivos para o futuro

SE no domingo o Braga-Benfica vai dominar as atenções da próxima jornada, o Sporting tem no sábado, em Alvalade um jogo importante contra o Guimarães. A série de perder (10 em todas as competições) e  de sete vitórias na Liga, além  possibilidade do 100º golo na época, faltando-lhe apenas um, são incentivos para vingar a derrota sofrida no D. Afonso Henriques, em Dezembro do ano passado. Derrota que, aliás, pôs fim à entrada triunfal de Keizer (30 golos em 7 jogos com outras tantas vitórias. Dos três jogos que restarão para o fim do campeonato, serão um fora contra o chamado Belenenses, outro em casa contra o Tondela e, por fim, a 19 de maio, no Dragão contra o FC Porto. Nunca esquecer que no dia 25 seguinte (de hoje a um mês) voltará a encontrar o FC Porto na Final da Taça de Portugal. É curioso, embora sem desconsiderar que o grande troféu da época é o campeonato, que já não está ao alcance do Sporting, o clube pode ainda ficar com dois troféus este ano (as duas taças), o mesmo se passando com o Porto (campeonato e taça), ao passo que o Benfica ou ganha o campeonato ou não ganha nada.
Estou confiante que, para o ano - eu sei que este é um mantra dos sportinguistas - vai ser muito diferente para melhor. Apesar da possibilidade de venda de alguns jogadores que foram imprescindíveis no atual plantel (desde logo o inesquecível Bruno Fernandes) o facto de a época já estar a ser preparada com profissionalismo e a promessa de que os jogadores serão substituídos por outros de valia, permite que pensar que mesmo não encontrando (só por uma sorte impensável) alguém como Bruno Fernandes, podemos ter uma equipa mais equilibrada, mais motivada e muito mais bem preparada. E as surpresas não são algo que não conheçamos: no início desta época, quase toda a gente nos empurrava para quinto, sexto ou sétimo lugar e - afinal - acabará melhor do que a última, aquela em que mais investimento foi feito e - mais do que isso - mais se alardeou as virtudes e superior qualidades daquele que queria ser ‘querido líder’.