Três razões que levaram Adrian Newey a escolher a Aston Martin
Da esquerda para a direita: Fernando Alonso (piloto), Adrian Newey, Lawrence Stroll (CEO AM F1) e o filho, que também é piloto na AM, Lance Stroll (Fotografia: @AstonMartinF1)

Três razões que levaram Adrian Newey a escolher a Aston Martin

FÓRMULA 110.09.202420:00

Britânico de 65 anos foi apresentando esta terça-feira como novo «gerente técnico» da equipa de Fórmula 1, ao fim de meses de especulação, depois da saída da Red Bull, construtor que representou durante 19 anos; o inglês, em conferência de imprensa, refletiu sobre a importância de Lawrence Stroll neste novo capítulo, assim como as instalações da AM e os chorudos valores que vai auferir.

Adrian Newey foi finalmente apresentado na Aston Martin. O guru, visto como um dos melhores projetistas na história da disciplina, vai entrar em atividade com a equipa no próximo dia 1 de março, como novo «técnico gerente», porém, junta-se a uma escuderia que, historicamente, nunca chegou a ser candidata tanto aos títulos de construtores, como de pilotos.

Portanto, o que levou o britânico a escolher a Aston Martin, depois de uma carreira em que já tem no palmarés 12 Mundiais de Pilotos e outros 13 de construtores, sendo que foi uma peça-chave na hegemonia da Williams – que entre 1992 e 1996 arrecadou quatro Mundiais de construtores -, e depois de ter sido braço-direito do lendário chefe de equipa Ron Dennis, na McLaren (1997-2005)?

Um dono 'à antiga'!

Na terça-feira, na conferência de imprensa de apresentação, Adrian Newey não hesitou em apontar a principal razão. «Foi o Lawrence [Stoll]! Essa é fácil!», disse o engenheiro de 65 anos, referindo-se ao dono da Aston Martin, sublinhando a «paixão, compromisso e entusiasmo do mesmo».

«A verdade é que, se olharmos para a F1 há 20 anos, o que nós hoje chamamos de Chefes de Equipa eram na verdade os donos da mesma, tal como acontecia com o Frank Williams, o Ron Dennis e o Eddie Jordan. Nesta era moderna, o Lawrence está numa posição única, porque é o único proprietário de uma equipa realmente ativo, na F1. Portanto, é um sentimento diferente, que traz de volta o sistema da velha guarda», explicou.

A secreta visita à fábrica da AM

A contratação de Adrian Newey é apenas mais um dos passos de Lawrence Stroll que demonstra o desejo do mesmo em levar a Aston Martin (AM) aos títulos nos Mundiais da F1 – e o não tão bem guardado segredo de ver o filho, Lance Stroll, a levantar o troféu de pilotos. Para isso tem atraído alguns dos principais talentos das grandes equipas – mais recentemente roubou o antigo diretor técnico da Ferrari, Enrico Cardile -, e na construção de uma nova fábrica, em Silverstone.

Foi precisamente uma «visita privada» às instalações que convenceu o guru a acreditar que teria as ferramentas necessárias para concretizar os velhos desejos de Stroll.

Adrian Newey a ser apresentado à equipa da fábrica da Aston Martin, em Silverstone (Fotografia: @AstonMartinF1)

«Não é fácil construir uma fábrica totalmente nova num local sem qualquer tipo de construção e dar-lhe um ambiente agradável, acolhedor e criativo. Afinal, é para isso que cá estamos, para sermos criativos e encontrar boas soluções, sobretudo, com uma boa comunicação entre todos os que aqui trabalham», detalhou.

O verde é cor da Aston Martin... e do dinheiro

Se ainda não tinha ficado claro que Lawrence Stroll está disposto a gastar milhões e milhões de euros para levar a Aston Martin ao topo, pode ser que os números do contrato de Adrian Newey convença os mais céticos.

O inglês vai auferir cerca de 23 milhões de euros por ano, que pode chegar aos 30 M, dependendo do cumprimento de certos objetivos. Ou seja, vai receber mais do que a larga maioria (!) dos pilotos que competem na F1, salvo Lewis Hamilton (Mercedes), Max Verstappen (Red Bull) e Lando Norris.

Contudo, no esforço de convencer Newey a vestir as cores verdes da AM, o empresário canadiano esteve disposto a tornar o britânico acionista do departamento da equipa na F1.

«Ter a oportunidade de ser acionista e sócio é algo que nunca me foi proposto antes. Por isso, nesse aspeto, permite-me ver este desafio com uma perspetiva ligeiramente diferente. É algo que estou muito ansioso por fazer. Tornou-se uma escolha muito natural», argumentou Newey.

Adrian Newey (Aston Martin)

Apesar dos valores inéditos oferecidos ao veterano engenheiro, Lawrence Stroll acredita que o negócio «é uma pechincha».

«Acreditem no que vos digo. Adrian [Newey] é uma pechincha. Estou neste ramo de negócios há mais de 40 anos e nunca tive tanta certeza no que digo. Não é um investimento. Ele é sócio e acionista da AM F1 e é o melhor que posso trazer para a empresa. Queremos ficar aqui muito tempo juntos, por isso, é relativamente barato tendo em conta tudo o que o Adrian pode trazer», justificou Stroll.