Da dispensa dos Sacramento Kings ao título da NBA num ano; Neemias Queta já quer novo título
— No verão passado, quando os Sacramento Kings o libertaram, temeu que pudesse vir a ser difícil? Acabou por mudar para melhor e para ser campeão ao vir para Boston…
— Não cheguei a temer. Eu sempre tive potencial, sempre mostrei o meu valor e acho que com o passar do tempo consegui estabelecer-me na Liga e provar o meu valor para toda a gente que tinha dúvidas sobre o que eu podia estar a fazer neste lugar. Claramente podia ter ficado por lá [Sacramento], mas as coisas não acabaram dessa maneira. Estou muito feliz aqui, acho que terei um futuro muito risonho nesta equipa.
— Acabou de ser campeão da NBA há uma hora e meia. Isto dá ainda mais força para trabalhar?
— Claro que sim. Todos queremos ganhar campeonatos, mas quando ganhas um não te contentas só com um, queres mais. Já estou a pensar na próxima época [risos]. Podemos voltar a ser campeões, e agora é desfrutar porque temos um verão curto, para depois voltar ao trabalho porque para o ano há mais.
— Se tivesse de escolher, que colega o marcou mais esta época?
— Al Horford. Pela dedicação e entrega. A capacidade de trabalho com que ele vem todos os dias e leva o seu papel a sério. E a liderança que teve neste grupo não é algo que seja fácil. É alguém que tem bastante apreço da parte de todos nós na equipa. Ele tem vindo a ser um exemplo perfeito de quem é um campeão, de quem é um veterano na liga e acho que é alguém de que temos ainda de desfrutar da melhor maneira.
Instantes após sagrar-se campeão da NBA, o poste português sentou-se à conversa com A Bola para falar sobre aquilo que acabara de conseguir; A perda do pai três dias antes do jogo do título deu-lhe ainda mais força
— E em termos de companheirismo?
— Nesse aspeto, toda a equipa foi sempre excelente. Tivemos discussões entre nós, mas foi sempre com a intenção de nos ajudarmos uns aos outros, sermos melhores como equipa e estamos muito felizes com este troféu. Foi para isso que trabalhámos este ano. E agora todos esses desentendimentos e discussões, valeram a pena.
— Vocês sentiram, sobretudo nesta parte final, que os adversários tentaram dividir a equipa entre o Jaylen Brown e o Jason Tatum?
— Não, não acho isso. Só vendo de fora é que se veem as coisas dessa forma. Eu não vejo assim. Estamos todos juntos à procura do mesmo objetivo e isso foi o que nos fez mais fortes para podermos chegar a este ponto.
— Foi o primeiro português num draft, o primeiro português a jogar na NBA, a marcar pontos, a jogar no playoff, a jogar nas finais e agora a ser campeão…
— [sorri e hesita] Se eu consegui chegar aqui… Não quer dizer que eu seja muito bom. Mas todos tivemos dúvidas, todos fomos meninos do minibasquete, e sempre ouvimos dizer que nunca seria possível chegar a este nível. E eu estou aqui. Estou aqui a viver o melhor momento da minha carreira e com o passar do tempo vamos acreditando cada vez mais. E acho que essa é a mensagem mais importante: continuar a trabalhar e saber lidar com quem não acredita. Porque não são essas pessoas que estão a viver a tua vida. Então lida com a tua vida da melhor maneira possível, porque eventualmente vais querer superar-te.
— Quer enviar um «sou campeão da NBA?»
— [risos] O menino do Vale da Amoreira é campeão da NBA!