Judoca portuguesa afastada pela paraguaia Gabriela Narvaez na segunda ronda dos -48kg
Suspiro profundo e alguns segundos de cabeça baixa sentada na ponta do tatami.
O combate de Catarina Costa nos oitavos de final da categoria de -48 kg tinha terminado há poucos instantes e a judoca de Coimbra sentia todo o trabalho feito nos últimos quatro anos ir por água abaixo.
Era preciso respirar. Depois de ter tido um combate duro, decidido ao fim de 1m20 do ponto de ouro, numa técnica de sacrifício da paraguaia Gabriela Narvaez (60.ª do ranking), após bom movimento da portuguesa, aquela queda desamparada atirava-a para fora de Paris 2024.
Primeira dos sete judocas lusos que foram à capital francesa a entrar em ação e depois de ter ficado a uma vitória do bronze em Tóquio 2020, desta feita a atleta da Académica de Coimbra ficou-se pelos oitavos de final.
Depois do 5.º lugar em Tóquio 2020, a duas vezes vice-campeã europeia e sétima do ranking mundial viajou para a capital francesa com a expectativa de melhorar o resultado no Japão.
Contudo, o desconhecimento de uma adversária com quem nunca tinha combatido, e que poucas vezes surge nas competições do circuito principal, revelou-se fatal para enorme desilusão da atleta da Académica de Coimbra, que terminou a competição no 9.º lugar, a um do diploma olímpico.
A portuguesa terminou a sua participação na ronda de 16 da categoria de -48kg de Judo, ao ser derrotada pela paraguaia Gabriela Narvaez, durante o período de golden score.#EquipaPortugal#AllezPortugalpic.twitter.com/Qt23Mep8lb
— Comité Olímpico de Portugal (COP) (@COPPORTUGAL) July 27, 2024
«Fica um grande amargo»
Suspiro profundo, descarga emocional e as lágrimas a escorre-lhe no rosto.
Após falar com os detentores dos direitos de transmissão, a caminho dos balneários, Catarina Costa já não contava ter de voltar a falar sobre o que acabara de viver.
Mas ao ver os outros jornalistas portugueses, e apesar de ser notório que aquilo que mais queria era sair dali a judoca pediu só uns segundos para se recompor.
Virou costas para ter o seu momento, recebeu um abraço da antiga nadadora olímpica Diana Gomes, adida da Missão de Portugal, encheu o peito de ar e atacou mais um combate, agora contra as emoções.
«Defrontei uma adversária difícil, que não costuma aparecer no circuito. Apesar de a termos estudado, é sempre diferente lutar com ela. Fiz tudo o que havia para fazer e o combate até estava a pender ligeiramente para mim, pelos dois castigos que ela tinha», analisou.
Catarina Costa admitiu depois que o desconhecimento sobre uma atleta que este ano fez, sobretudo, competições em África, jogou contra si.
«Ela tem um bom ritmo de ataque e técnicas um bocadinho diferentes. Apesar de estar atenta a isso, quando vamos para ponto de ouro, o combate pode cair para qualquer uma. Eu até fiz um bom movimento, mas ela teve a felicidade de me projetar com uma técnica que não se pode treinar sem a defrontar e que ela nunca tinha feito noutras competições», lamentou.
E apesar de sair de cena cabisbaixa, com o peso da desilusão, a judoca de 27 anos garante que nada ficou por fazer.
«Claro que fica um grande amargo de boca porque trabalhei para voos maiores aqui, infelizmente não deu. Mas tenho a consciência tranquila de que fiz tudo o que precisava de ter feito até aqui. Fiz treinos muito duros, mesmo com os obstáculos que tive com as lesões deste ano e a pressão», sublinhou, antes de seguir, finalmente, o seu caminho.
«Agora, aquilo que quero mesmo é estar com a minha família, que veio aqui apoiar-me. Poder abraçá-los é aquilo que mais preciso neste momento», atirou na despedida de Paris.
De olho já em Los Angeles
Com o curso de Medicina quase concluído, e apesar da desilusão pela eliminação precoce em Paris, Catarina Costa já aponta para o ciclo de apuramento de Los Angeles 2028.
«Quero continuar com a alta competição, que é algo que me dá muito prazer. Vão ser quatro anos, vai ser muito duro, mas conto fazer pelo menos mais um ciclo», assegura.